Diz-se por aí que esta é a noite de Halloween ou Noite das Bruxas. A miudagem mascara-se com fatos alusivos a mortos, bruxas, fantasmas e andam a tocar às campainhas a pedir "doçura ou travessura" (Trick-or-treat se estivermos nos EUA). Já dei uma vista de olhos pelos blogues que falam deste tema e parece-se que sempre tive uma ideia errada. Pensava eu que o Halloween era uma invenção dos americanos mas, afinal, os costumes associados a esta data foram levados pelos emigrantes irlandeses. Esta comemoração teve origem em costumes celtas de culto dos mortos. Sendo este um costume pagão, a Igreja Católica aproveitou-o para lhe dar um sentido cristão definindo o dia 1 de Novembro como o Dia de Todos-Os-Santos e o dia 2 de Novembro como o dia de Fiéis Defuntos.
Em Portugal, a tradição foi, durante muitos anos, pedir o Pão por Deus mas fazia-se a 1 de Novembro em que as crianças também iam de porta em porta, principalmente nas aldeias, a pedir, obviamente, pão por Deus recebendo pão, bolinhos, nozes, castanhas e mais tarde rebuçados.
Hoje em dia, já nenhuma criança sabe o que é o Pão por Deus porque cresceram a ver os filmes e as séries americanas com o Halloween. Também o comércio, as escolas e outras organizações se associam a esta data. Esta noite até o Metropolitano de Lisboa tem uma carruagem especial alusiva ao tema.
Quando eu era miúda, e no sítio onde eu vivia, já não se pedia o Pão por Deus e ainda não tinha chegado o Halloween. No entanto, já era um dia especial. Os meus pais, que cresceram com o Pão por Deus, não deixavam passar a data em branco. Havia sempre um bolo ou outro doce especial e o meu pai comprava sempre estes rebuçados
que, para mim, serão sempre a imagem do dia 1 de Novembro.
Ontem foi-me dirigida uma frase que já não ouvia há algum tempo mas que é recorrente: "não compreende porque não tem filhos". Parece-me que quem tem filhos acha que os outros, os que não são pais, são desprovidos de sentimentos e que não podem ter opinião sobre a parentalidade porque não conhecem essa realidade. Não é por não ter filhos que não sou capaz de avaliar o que sente uma mãe que vê um filho partir para outro país (foi nesse contexto que aquele comentário foi feito). Quem tem filhos acha que faz parte de uma classe à parte. Não se pode expressar uma opinião diferente sobre filhos e lá aparece que a bendita frase. Enfim...
Ainda por cima, no próximo ano, a nossa sociedade vai ser dividida, em termos fiscais, entre os contribuintes com filhos dependentes e os contribuintes que não têm filhos. Este medida pretende ser um patético estímulo à natalidade. Ninguém acredita que os portugueses vão desatar a ter filhos para terem mais benefícios fiscais, pois não? Bom, tendo em conta, que há tanta gente a pedir facturas com NIF para se habilitarem ao sorteio do Audi, já acredito em tudo. Não sou contra estes benefícios mas não podemos esquecer que são os impostos de todos nós, pais ou não, que financiam os cuidados de saúde materno-infantis ou a escola pública. Isto para dizer que quem não têm filhos não pode ser prejudicado porque também contribuí para que as crianças tenham uma melhor qualidade de vida.
Em suma, somos todos necessários à sociedade. Seja para parir ou para pagar impostos.
Ontem, no Jornal da Noite da SIC, foi, como todos os sábados, transmitido mais um programa "Perdidos e Achados". Desta vez o tema tocou-me directamente e fez-me regressar quase 30 anos. "Recordar a Telescola" assim era o título da reportagem. A Telescola foi um projecto educativo que pretendia fazer chegar o ensino do ciclo preparatório aos locais distantes onde não havia esse nível de ensino. As aulas eram transmitidas, em directo, pela televisão e os alunos assistiam numa sala de aula acompanhados de um monitor/professor. Só havia 2 monitores/professores por cada turma, um para as letras e outro para as ciências. Os conteúdos eram difundidos pela televisão mas na aula eram esclarecidas as dúvidas e, também, se faziam exercícios. A Telescola foi criada em 1964 porque o Estado Novo aumentou a escolaridade obrigatória para 6 anos e não havia as condições logísticas necessárias para fazer face a esta alteração. As emissões começaram em 1965. A Telescola teve o seu apogeu nos anos 70 e início dos anos 80. A meados dos anos 80 as emissões começaram a deixar de ser em directo e passaram a ser em cassetes VHS. A Telescola, que foi sofrendo muitas alterações nomeadamente a nível da designação, só foi extinta no ano lectivo de 2003/2004 tendo durado quase 40 anos.
Eu, apesar de ter crescido a cerca 50 kms de Lisboa, também estudei no 5º e 6º ano através da Telescola. Só havia Ciclo Preparatório na sede do concelho o que implicava a deslocação de crianças de 10/11 anos. Muitos poderão considerar que o ensino da Telescola era um ensino menor e pode-se pensar que quem lá andou ficou menos bem preparado do que os miúdos do Ciclo. Não posso concordar de maneira nenhuma. Quando acabei o 6º ano prossegui os meus estudos normalmente, desta vez já na sede do concelho, e tive sempre excelentes notas. Nunca me achei menos preparada por ter estudado de maneira diferente no 5º e 6º ano. Hoje em dia sou licenciada e trabalho há 15 anos na área que escolhi. A influência da Telescola na minha vida só pode ser considerada benéfica. Uma das recordações mais divertidas que tenho é o primeiro teste de francês em que uma das perguntas, sobre os ditongos em francês, era respondida depois de ouvir os sons transmitidos pela professora que estava na televisão.
A Telescola foi precursora das plataformas de ensino à distância (elearning) que são tão utilizadas agora. Vale a pena recordar uma boa ideia educativa que teve o seu tempo, foi benéfica para as populações do interior ou das localidades mais pequenas mas que, felizmente, hoje em dia já não fazia sentido existir. A Educação apresenta muitas falhas mas, pelo menos, chega a todos embora nem todos saibam aproveitar essa oportunidade.
Eu não sou grande apreciadora de crochet mas não podia deixar de me sentir sensibilizada com esta simpática oferta de uma das minhas utentes. É preciso talento para fazer este cabaz. Eu tenho inveja de quem consegue fazer trabalhos manuais com esta perfeição. Eu faço ponto cruz e tricot mas sou um bocadinho trapalhona. Gostava muito de ter este talento mas cada qual é para o que nasce. Ainda por cima, o cabaz, para além de bonito, vinha recheado com umas deliciosas broas caseiras. Trabalhar com o público pode ser muito cansativo e desgastante mas também muito gratificante. Não digo isto por ter recebido as broas, naturalmente, mas pela simpatia do gesto desta senhora. É sinal que o meu trabalho e as minhas acções tocam as pessoas de alguma maneira.
Uma das notícias deste fim-de-semana foi a morte do actor Rodrigo Menezes. Em casa e sozinho.É uma história triste. Um homem que entrou nas casas de tanta gente durante tantos anos, através das novelas em que participou, morrer assim, sozinho, e, ao que tudo indica, por não conseguir ajuda.As redes sociais foram invadidas de mensagens de condolências de pessoas anónimas mas também de muitos amigos e colegas de profissão.
A ser verdade o que se diz, a morte de Rodrigo Menezes terá sido sequência de um ataque epilético. No entanto, a epilepsia é uma doença, normalmente, controlável através de medicação. O que terá levado a que a sua doença se tenha descontrolado com tão nefasta consequência? Será que ele não estava a tomar a medicação correctamente? Será que ele estava tão cansado e esgotado que a medicação não era suficiente para controlar a patologia? Qualquer doença crónica necessita de hábitos saudáveis seja a nível da alimentação,.do exercício ou a nível do descanso? Será que a família e os verdadeiros amigos algum dia saberão o que se passou? Quando ele deu sinais de desgaste através de uma mensagem dirigida a Deus escrita no Facebook, aonde estavam todos estes que aparecem agora nas redes sociais a chorarem a sua morte?
Este símbolo provoca-me sentimentos contraditórios. Por um lado, a aspirina fez muito bem aos sintomas da constipação. Por outro lado o Bayer Leverkusen provocou-me cá uma azia!!!