Todos os natais há uma praga terrível que ataca as varandas, telhados e chaminés, os bonecos vestidos de vermelho que pretendem representar o Pai Natal. Felizmente é uma praga que tem vindo a diminuir e ainda bem. Pobres bonecos que tantas vezes ali ficam, enforcadas durante todo o ano. Acredito que estes bonecos até traumatizam as crianças. Aqui há tempos apareceu uma nova praga a invadir as varandas e janelas, as imagens do Menino Jesus. Mal por mal sempre prefiro o Menino Jesus, pelo menos não está pendurado pelo pescoço. Um dia destes reparei que os meus vizinhos cobrem todas as frentes, o Menino Jesus lá está sorridente nas grades da varanda mas num cantinho mais discreto, lá está o pobre Pai Natal aflito a tentar subir à varanda. Vizinhos prevenidos.
Hoje celebra um feriado de cariz religioso. A maioria dos portugueses que tiveram um fim-de-semana prolongado nem faz ideia do seu significado (nem dos feriados civis quanto mais dos religiosos). Como eu escrevi no título, este dia apresenta 2 designações. Imaculada Conceição de Maria tem a ver com o dogma de fé (verdade absoluta) decretado pelo Vaticano em 1854, depois de muita polémica, que afirma que Maria, mãe de Jesus, foi imune ao pecado desde o momento da sua concepção, ao contrário de todos nós que nascemos marcados pela mancha do pecado original. No entanto, na Península Ibérica, já desde o século VII que se conhece cultos a Nossa Senhora da Conceição, ou Concepção, ou seja, celebra Maria como mãe, celebra a Maternidade tanto que, em Portugal até há poucos anos atrás, o dia da Mãe era no dia 8 de Dezembro. Para além destas razões mais que válidas para assinalar este dia, D. João IV, o tal da Restauração da Independência que deixou de ser feriado, decretou que Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa seria Padroeira e Rainha de Portugal tanto que desde o seu reinado nunca mais nenhum monarca português usou coroa na cabeça.
Seja com que título e motivo for, aproveitem bem o feriado.Sabe-se lá quando é que se lembram de nos tirar mais algum.
Este ano tenho sentido que o meu espírito natalício se escapou para o Pólo Norte. Não sei se é porque sinto que este ano passou ainda mais rapidamente do que o anterior ou se é porque, durante este ano, construí muitos castelos no ar que se desfizeram como fumaça. Podia estar a viver um Natal tão diferente de todos os que já vivi mas a vida é feita de bons e maus momentos, de ilusões e desilusões... enfim, é preciso saber aceitar tudo aquilo que a vda nos dá. No entanto, como manda a tradição cá de casa, hoje, primeiro dia de Dezembro, é dia de deixar sair o Natal das caixas e armários onde passa o resto do ano. E, assim, mesmo sem muito entusiasmo, lá montei a árvore e o presépio. Sempre é uma oportunidade de deixar o Natal entrar no meu coração...