A propósito desta história do ex-Ministro de Cultura, é bom pensarmos bem naquilo que escrevemos nas redes sociais, Tudo o que publicamos na internet fica aqui para sempre. Se eu, que só sou conhecida na minha rua, devo ter cuidado com aquilo que escrevo para que, um dia, não seja penalizada por isso, o que não dizer de um membro do governo. Obviamente que João Soares devia ter consciência de que, hoje em dia, tudo aquilo que diz ou escreve é escrutinado quase imediamente. Na minha opinião, este não é um caso de interferência na liberdade de expressão de João Soares. Ao ir para o governo, ele passa a ser um representante do Estado Português. Não pode expressar a sua opinião da mesma maneira que expressaria se não fosse ministro. Se se sente ofendido por aquilo que se publica na comunicação social, tem à sua disposição instrumentos legais para se defender. Já lá vai o tempo em que era lícito sair por aí a oferecer "salutares bofetadas". A maneira mais airosa de sair desta situação, só podia ser o pedido de demissão. Agora vamos ver quem é que o Primeiro-Ministro vai escolher para esta pasta. Não deve ser fácil lidar com todos os egos dos actores da cultura deste nosso cantinho.
Esta manhã ouvi, na TSF, falar do projecto "E se fosse eu? Fazer a mochila e partir." em que a ideia é levar a comunidade escolar a reflectir sobre o que levariam na mochila se tivessem que fugir tal como os refugiados.
Enquanto conduzia fui também pensando como seria a minha mochila de refugiada. Primeiro do que tudo, seria muito difícil de seleccionar os artigos a colocar na mochila. Tenho sempre muita dificuldade em fazer malas seja para 1 dia ou uma semana. No entanto vou tentar construir a minha mochila:
- alguma roupa em que não faltaria 1 calças de ganga e 1 par de ténis
- 1 saco cama para qualquer eventualidade
- fotografias das pessoas mais importantes da minha vida
- 3 aneis; o velhinho anel de ouro da minha bisavó, o anel de curso porque simboliza 1 das minhas conquistas e o primeiro anel que o A. me ofereceu
- 1 pequena bíblia para ler passagens que me dessem esperança no futuro
- "O Principezinho" de Antoine Saint-Exupery (porque é uma bela história e o livro não é muito pesado, seria um símbolo de todos os meus queridos livros que teria que deixar para trás)
- Os óculos e as lentes de contacto senão seria impossível ver o caminho
- Agulhas de tricô e 1 ou 2 novelos (teria que fazer e desmanchar mas sempre tinha as mãos e o espírito ocupados)
Pela mão, e porque não cabem na mochila, levava a minha mãe e o A. porque a vida não faz sentido sem eles.
Diz-nos o calendário que a Primavera já começou embora o tempo lá fora diga o contrário. Primavera é tempo de recomeço, de renascer. Mais uma vez vou tentar ressuscitar (como convém em tempo litúrgico de Páscoa) esta garça que vai voando por aí. Por acaso na semana passada, andei mesmo por aí. Voltei a uma cidade onde já tinha sido feliz, Nice. Uma das mais belas cidades francesas que conheço.
Desta vez Nice serviu só de ponto de partida e de chegada da aventura pelos Alpes Marítimos e por uma pequena parte da costa da Ligúria, na Itália. Mas isso fica para outro post. Hoje deixo-vos apenas com algumas imagens da Primavera por aquelas paragens
San Remo, Ligúria, Itália
Charneca em Flor (literalmente) em Sospel, pequena cidade nos Alpes Marítimos, França