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O Voo da Garça

Sonhos, desejos, opiniões, instantes da vida diária...

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17
Dez17

Blogmas 2017 - O Natal da minha infância

Charneca em flor

Já em posts anteriores aflorei um pouco das minhas memórias sobre os Natais da minha infância. Hoje vou mergulhar mais profundamente nessas recordações. Não é fácil por vários motivos. Primeiro porque houve um momento negro na minha vida que tornou todas as memórias anteriores mais difusas, a perda do meu pai. Para além disso também já me faltam também a minha avó e o meu avô, protagonistas dessas memórias. 

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As raízes da minha família estão no Alentejo mas eu cresci no Ribatejo. No Natal "íamos sempre à terra" passar a Consoada com a família da minha mãe. O meu pai era muito ligado à família da minha mãe, talvez por ter perdido a mãe dele muito cedo. Os meus avós adoravam-no. Os meus pais não tinham carro por isso lá iamos na "camionete da carreira" na véspera de Natal. Chegávamos perto da hora do jantar, habitualmente o típico bacalhau. A minha avó vivia numa casa pequena e humilde mas é desse espaço que guardo alguns dos melhores momentos da minha vida. A grande lareira/chaminé alentejana dominava a cozinha que era o centro da casa. No Inverno o lume acendia-se logo de manhã e alimentava-se o lume durante todo o dia. Na noite de Natal, como era o serão mais longo do ano, punha-se o maior madeiro que se encontrava para aguentar toda a noite.

Depois do jantar é que era divertido. A minha avó amassava as filhós (ou coscorões como se chamam noutras regiões) ou então já as tinha amassado antes. Chegava a altura de estender a massa e eu também gostava muito de participar. A cozinha da minha avó parecia uma linha de montagem, eu e a minha avó estendiamos (as minhas, invariavelmente, mais grossas) e a minha mãe fritava.  

O meu pai e o meu avô bebiam um bocadinho acima do normal. O efeito que lhes fazia é que era diferente. O meu avô sentava-se num mocho (o nome que se dá a uns bancos baixinhos que existem no Alentejo) na chaminé, encostava-se ao braço e dormitava de boca aberta. O meu pai dava-lhe para o disparate e convencia-me a fazer uma caricatura do meu avô com a massa das filhós. E a minha mãe lá fritava "o meu avô", coitado. 

Lembro-me mal dos presentes. Muitas vezes, roupa para estrear no dia seguinte, um cobertor, o livro da Abelha Maia ou um relógio, presente do meu padrinho que também morava nessa pequena casa. Não me lembro de ficar ansiosa com os presentes nem se pedia alguma coisa que nunca recebi. As coisas materiais não perduraram na minha memória. O que perdurou foram os momentos, os sorrisos, as gargalhadas, o amor que nos unia e o sabor das filhós da minha avó. Nunca mais comi outras iguais.

17
Dez17

Desafio #365 fotos 2017 - Semana 50

Charneca em flor

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Eu sei que é um lugar comum mas a verdade é que este ano tem passado a correr. Tenho-me divertido muito com este desafio. Arranjo sempre uma imagem para ilustrar o meu dia nem que seja quase à meia-noite. Tem sido uma oportunidade para reparar nos pequenos pormenores que nos rodeiam. Aqui ficam maia uma semana deste ano de 2017

1 - O A. gosta muito de agricultura. E a verdade é que a comida cultivada por nós (mais ele que eu só tiro fotografias) tem outro sabor. Infelizmente, 2017 não tem sido bom para a agricultura por isso parece que ainda não este Natal que temos couves cultivadas pelo A. na ceia de Natal.

2 - Assassinei o meu telemóvel. Mas rei morto, rei posto. Já recebi uma prenda de Natal antecipada, um Huawei.

3 - Uma cor ousada para mim mas aqui está a minha manicure natalícia.

4 - Tal como eu dizia, tenho aprendido a reparar nos pormenores. Esta vela faz parte da decoração de uma croissanteria/casa de chá que serve refeições leves e onde eu almocei na 4a feira.

5 - Festa de Natal no meu emprego. A magnífica Pavlova da S. em primeiro plano. Ela é uma pasteleira de mão cheia, que inveja. Também foi ela que me fez o tapa-orelhas. Tem jeito para tudo, a magana.

6 - No ano passado, estive no Mercado de Natal de Bolzano e trouxe este pequeno enfeite de madeira. Tão bonito quanto singelo.

7 - Todos os anos prometo comprar as prendas mais cedo mas nunca acontece. Ontem à tarde fui enfiar-me num centro comercial. Tão pouco inteligente.

 

16
Dez17

Blogmas 2017 - Família

Charneca em flor

O Natal deveria ser uma época de harmonia e felicidade. Muitas vezes é precisamente o contrário. Seja porque o facto de as famílias passarem mais tempo juntas intensifica os conflitos latentes durante o ano ou seja porque as famílias não se entendem sobre como ou onde passar a consoada.

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Por exemplo, quando os filhos são pequenos vão para onde os pais forem mas quando crescem e constituem as suas próprias famílias é preciso ceder para manter a harmonia. Há quase sempre famílias com tradições mais vincadas do que outras. Infelizmente, isso é tantas vezes motivo de zangas e amuos que se arrastam durante muitos anos. E não deveria ser assim de todo porque se celebra o nascimento de Jesus. Para quem acredita, Jesus Cristo pregou o amor incondicional portanto no Natal também se celebra o amor incondicional. Amar sem medida implica deixar ir e não prender com amarras. Seja no Natal ou em qualquer outro dia do ano.

15
Dez17

Blogmas 2017 - Natal dos Hospitais

Charneca em flor

 

Ontem foi mais um Natal dos Hospitais. Esta iniciativa do Diário de Notícias existe desde 1944 e começou a ser transmitida pela RTP em 1959, poucos anos depois do início das transmissões regulares de televisão em Portugal. É o programa de entretenimento mais antigo do país.  O Natal dos Hospitais realiza-se perto do Natal e tem como objectivo alegrar um pouco as pessoas que estão internadas nesta época festiva. Dura muitas horas e serão poucos os músicos portugueses que não passaram por esse palco. Antigamente eu não perdia o Natal dos Hospitais por nada e ficava em frente da TV durante toda a tarde. Era um acontecimento nesse tempo em que só havia 2 canais de televisão, não havia internet nem smartphones. Meu Deus, estou mesmo velha. Agora, todos os fins de semana,  há programas de música similiares mas nenhum tem o simbolismo do Natal dos Hospitais.

14
Dez17

Blogmas 2017 - Novas tradições

Charneca em flor

O Natal é, no meu entender, sinónimo de tradição. A maioria das pessoas festeja mais ou menos da mesma maneira todos os anos. No entanto, por circunstâncias da vida, vamos incorporando novas tradições. Como já tenho falado aqui, trabalho numa farmácia quase há 20 anos. É uma pequena empresa e somos quase uma família. Também aí vamos acrescentando hábitos e pequenas tradições para assinalarmos o Natal. Para além da troca de prendas, começamos a fazer uma espécie de «ceia» de Natal. Começou por ser um lanche e agora já é um almoço que estende para o lanche e às vezes para o dia seguinte. Cada uma mostra os seus dotes culinários e fazemos uma verdadeira festa. No ano passado foi assim

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 Este ano temos esta fartura à disposição

 

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E, por aí, festeja-se o Natal no trabalho ou nem se podem ver?

13
Dez17

Blogmas 2017 - Pai Natal ou Menino Jesus

Charneca em flor

Uma figura incontornável do Natal é aquela personagem de barba branca, barrigudo, vestido de vermelho, que vive no Pólo Norte e que transporta um saco de prendas.Pois, esse mesmo, o Pai Natal. Eu nunca acreditei no Pai Natal. Quando eu era miúda, nem se falava muito no Pai Natal. O responsável pelas prendas era o Menino Jesus. Se bem lembro, na minha família, nunca se alimentou nem a lenda do Pai Natal nem do Menino Jesus. Tenho ideia de que sempre percebi de que as prendas, que nunca foram muitas, vinham da família, dos meus pais, da minha avó, do meu padrinho ou da minha madrinha. A minha madrinha era a campeã das prendas úteis, no Natal ganhava quase sempre um pijama mas parece-me que me chegou a dar 1 ou 2 bonecas. Tenho a certeza de que foi ela que me deu uma boneca Nancy que foi muito estimada. Não encontrei nenhuma imagem igual à minha mas era parecida com esta

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Mas um dos presentes que recordo com mais carinho é este 

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que vinha com um peluche da Abelha Maia, um dos meus desenhos animados preferidos. Adorava este livro. O meu padrinho ofereceu-mo quando eu ainda não sabia ler. Eu não largava este livro e passava o dia a pedir à minha mãe para me ler a história. Ela nem sempre tinha paciência e então eu pegava no livro, olhava para os desenhos e inventava a história. Um presente inesquecível e nem foi preciso o Pai Natal para ser um presente especial.

 

 

12
Dez17

Blogmas 2017 - Doces típicos de Natal

Charneca em flor

No Natal há doces típicos que não podem faltar na mesa. Cada região e cada família tem as suas próprias receitas e até os seus próprios nomes para cada iguaria. Por exemplo, eu cresci no Ribatejo mas a minha família é do Alentejo. Nem sabem as confusões que isso podia gerar. Nesta época, a minha avó fazia isto:

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A minha avó chamava filhós a este tipo de frito. Aqui no Ribatejo chama-se coscorões. Já tive grandes discussões sobre este tema em que eu digo que se chama filhós e as pessoas do Ribatejo dizem que coscorões é que é o nome correcto. No fundo, temos ambas razão não acham?! Cada qual chama aquilo que lhe apetecer e que lhe saiba melhor.

Depois há estes:

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A estes, chama-se, no Alentejo, velhozes, belhozes ou fritos de abóbora. E no Ribatejo chama-se como? Filhós (!). Grande confusão, não acham?!

Vá lá que azevias são azevias em todo o lado. Em miúda, as azevias eram as minhas favoritas. Infelizmente, nunca mais me souberam tão bem como as azevias da minha avó.

Desde que comecei a trabalhar descobri outra iguaria que não sei se existe noutras regiões do país, broas de aniz. Quando se começa a aproximar o Natal, é um corropio de pessoas à procura de essência de aniz lá na farmácia. Gosto muito das broas feitas pela minha colega S. que é uma expert mas ainda gosto mais do aroma das broas. Uma delícia.

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E nas vossas casas, que doces se comem no Natal? O que é que vos faz cair em tentação?

11
Dez17

Blogmas 2017 - Mercados de Natal

Charneca em flor

Em Portugal já se começa a ouvir falar de Mercados de Natal ou outros eventos típicos de Natal mas no centro da Europa já se realizam há muito tempo.

Por cá já existe há muito tempo a Vila Natal de Óbidos e em Lisboa também se tem realizado a Wonderland nos últimos anos. Estes eventos pretendem trazer as pessoas para a rua apesar do tempo frio e proporcionar actividades divertidas para toda a família. A Wonderland não conheço mas já fui à Vila Natal há uns anos.

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Óbidos 2010

Como dizia no início já se começam a ver surgir Mercados de Natal em Portugal. Os moldes são um bocadinho diferentes dos Mercados de Natal do centro da Europa. A maioria realizam-se em ambientes interiores e têm uma duração mais limitada. Em Vila Real realizou-se este ano, pela primeira vez, um Mercado de Natal na Praça do Munícipio e que durou de 7 a 10 de Dezembro. Não consegui descobrir se havia mais algum Mercado deste tipo realizado ao ar livre.

Por estranho que pareça, em países com temperaturas menos convidativas para sair, estes eventos realizam-se ao ar livre. Esteja frio, caia neve ou esteja mais ameno, têm sempre movimento. Dependendo do país, duram todo o mês de Dezembro ou terminam na véspera de Natal. Como costumo viajar entre o Natal e o Ano Novo, tenho tido o prazer de ainda encontrar alguns em funcionamento. São locais mágicos, com bancas maravilhosas, com peças típicas desta altura bem como as iguarias típicas de cada região. Aqui ficam alguns exemplos

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Bolzano, 2016

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Trento 2016

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Glasgow 2015

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Bruxelas 2011

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Antuérpia 2011

 

Eu adoro Mercados de Natal. Só tenho pena que não seja, ainda, uma grande tradição em Portugal.

 

 

 

10
Dez17

Desafio #365 fotos 2017 - Semana 49

Charneca em flor

Faltam 3 semanas para acabar o ano e terminar este desafio. Será que vou continuar no próximo ano?!

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1 - No domingo foi dia de fazer a árvore de Natal e o Presépio

2 - Na 2a feira partilhei a iluminação de Natal da cidade onde trabalho. Bonita?!

3 - Na 3a feira acrescentei algumas fantasias de natal à minha árvore de Natal. Adoro estes chocolates.

4 - Tenho uma colega muito habilidosa e muito querida que me fez este tapa-orelhas nas suas férias.

5 - Na 5a feira arrisquei a comprar uma estrela de natal. Quanto tempo durará é sempre uma incógnita.

6 - O feriado foi dia de serviço. Este é um pormenor da nossa decoração de Natal

7 - Fui ao meu querido Alentejo à XXIII prova do vinho novo de Cabeção. Nesta terra existe a tradição de fazer o vinho em talhas de barro. A fermentação em talha de barro confere um sabor muito característico ao vinho. Existem em todas as adegas e algumas são muito antigas. Esta típica maneira de fazer o vinho é utilizada em vários concelhos alentejanos. Já se prepara uma candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade

 

10
Dez17

Blogmas 2017 - Músicas de Natal

Charneca em flor

A música de Natal, em conjunto com as luzes que iluminam as nossas casas e ruas, contribuí para que esta seja uma época mágica. Desde que trabalho, e como fico na Farmácia até às 17h na véspera de Natal, tenho a tradição de ouvir música de Natal no carro para entrar no espírito natalício enquanto me dirijo para o jantar de Natal em família. Fiz aqui o meu top 3 das músicas de Natal:

 

1 "White Christmas" Bing Crosby 

É uma música clássica que data de 1942 e fazia parte do filme Holiday Inn (15 dias de prazer na versão portuguesa) com Bing Crosby e Fred Astaire

 

2 "O Holy Night" 

Ainda mais antigo data de 1847 e foi composto por Adolphe Adam para musicar um poema francês "Minuit, Chrétiens" de 1843 de Placide Cappeau. Foi entoado pela primeira vez em Roquemaure por uma cantora lírica. Foi nessa cidade que o poema original foi escrito para comemorar o restauro do órgão da Igreja local. Em 1855, John Sullivan Dwight criou a versão em inglês que chegou aos nossos dias e que já foi cantado por inúmeras vozes.

 

 

3 "Do they know it's Christmas" Band Aid

Composta por Bob Geldof e Midge Ure em 1984. O tema foi gravado por inúmeros músicos de sucesso dos Anos 80 e o resultado da venda do disco destinava-se a ajudar as vítimas de fome na Etiópia. Uma música alegre mas que chama a atenção para um problema triste e que continua a existir.

 

Bom domingo com muita música

 

 

 

 

 

 

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