Hoje nem é dia de música mas o Youtube deu-me esta sugestão. Como adoro esta música do Matias Damásio apeteceu-me partilhá-la convosco. Se eu fosse realizadora talvez tivesse outra abordagem diferente a esta música mas enfim...
Aqui fica o "Teu olhar", integrante do disco "Augusta" de Matias Damásio
Por motivos profissionais, tive que ir a Lisboa esta noite. É um percurso que faço muitas vezes mas mesmo assim tenho pequenos percalços quase todas as vezes. Ou passo um traço contínuo porque me enganei na faixa ou sigo em frente quando é para virar. Hoje fui e vim sem problema algum por isso estou grata .
Desde o passado domingo que estava a pensar escrever-lhe. Segui com muito interesse, e atenção, a entrevista que deu à RTP. Algumas das suas declarações causaram-me imenso espanto. A Sra insinuou que os números relativos às faltas de medicamentos apresentados pelas farmácias são exagerados e que o sector do medicamento envolve muitos interesses. A instituição por si tutelada não reconhece que haja um problema de acesso ao medicamento porque, segundo diz, há poucas notificações. Acrescenta ainda que para a maioria dos medicamentos que possam estar em falta há uma alternativa e que, como a prescrição é feita por DCI, perante um medicamento em falta, a farmácia pode substituí-lo por uma alternativa.
Lamento desmenti-la mas não é essa a realidade que vejo todos os dias. É frequente passarem-me várias receitas pela mão que não consigo aviar na totalidade. Essa situação tem vindo a repetir-se desde há uns anos para cá. Afinal eu já trabalho há 20 anos e quando comecei a realidade era bem diferente. Não é verdade que a farmácia possa substituir o medicamento em falta com a facilidade que a senhora afirma. Tomemos como, por exemplo, o caso das insulinas, absolutamente essenciais para tantas pessoas. É verdade que há muitas insulinas no mercado mas todas elas têm as suas particularidades. A senhora acha que os farmacêuticos podem alterar a prescrição do médico?! Qualquer alteração tem que ser feita pelo médico e nem sempre é fácil chegar à fala com ele. Como se sentiria se fosse diabética e não soubesse se tinha insulina para tomar? Ou um medicamento para o glaucoma ou para a coagulação do sangue? Se por cada medicamento esgotado, os doentes tivessem que voltar ao médico o que é que isso faria aos serviços de saúde?
Também referiu que há poucas notificações ao Infarmed. Vou-lhe contar o que me aconteceu há uns anos precisamente com uma insulina esgotada. Tentei contactar o laboratório de várias formas e como não consegui, fiz uma notificação por email e recebi um email automático em que o Infarmed afirma que podia levar 15 dias a responder ao problema exposto. Não se pode esperar 15 dias por uma insulina. Aliás, não posso esperar 15 dias para resolver um medicamento em falta.
Durante a entrevista declarou que Infarmed tinha feito inspecções em 200 farmácias e só tinham detectado situações pontuais. Acredito até porque a farmácia onde trabalho já foi inspeccionada e no decorrer dessa acção foi-me perguntado se era habitual haver medicamentos esgotados. Eu, na minha boa fé, ia mostrar o ficheiro onde guardamos essa informação bem como as medidas que tomamos para tentar resolver o problema. Os inspectores disseram: "Não é preciso mostrar tudo. Dê só 2 ou 3 exemplos" . A senhora acha que é assim que se resolve o problema?! Com exemplos?!
A carta já vai longa e imagino que a senhora seja uma pessoa muito ocupada. Gostaria de terminar fazendo uma sugestão. Porque é que a Direcção do Infarmed não experimenta passar algumas horas numa farmácia. Talvez conseguisse perceber a verdadeira dimensão do problema. Iriam ouvir quantas vezes é que dizemos "está esgotado há x dias". Iriam ver que fazemos tudo o que está ao nosso alcance para obter os medicamentos para os nossos utentes. Iriam ver que a Via Verde do Medicamento não funciona. Talvez assim percebessem como é difícil dizer a um utente que não consigo obter o medicamento de que necessita em tempo útil. Experimente sair do seu gabinete, Sra Presidente e venha ver a realidade.
O ano ainda só vai no 2o mês e já se contam 9 mulheres assassinadas num contexto de violência doméstica. Ontem um homem matou a sogra e fugiu com a filha de 2 anos. Hoje foi encontrado o corpo da criança na mala do carro do agressor que se suicidou. Mesmo que só tivesse morrido uma única mulher já não era admissível, quanto mais nove em pouco mais de um mês. Infelizmente, ainda há muito por fazer neste âmbito. Quantas vezes as mulheres fazem queixa retirando-a depois porque os agressores mostram arrependimento? Quantas vezes as queixas demoram demasiado tempo a serem encaminhadas? Quantas famílias são sinalizadas mas depois os processos não têm seguimento? Para além dos casos em que as mulheres são assassinadas, há casos em que as mulheres não aguentam e se suicidam ou desenvolvem graves doenças psiquiátricas o que também constituí uma forma de morte. Há que mudar as mentalidades e isso tem que começar na infância e na adolescência. E, embora seja uma responsabilidade de toda a sociedade, as autoridades policiais, judiciais, os deputados e os membros dos governos têm responsabilidade acrescida. Deveriam fazer uma auto-análise e perceber se estão a fazer tudo o que é possível nesta área.
Hoje trago a canção original do filme RBG. A canção é interpretada por Jennifer Hudson e foi escrita, letra e música, por Diane Warren.
Esta semana veio a público a notícia de que a Academia pretendia que, ao contrário do que é habitual, apenas 2 das canções nomeadas fossem interpretadas na cerimónia. Seriam "Shallow" e "All the stars". Lady Gaga considerou que isso era injusto e pressionou a Academia para que voltasse atrás ameaçando não actuar. Felizmente a Academia deu o dito pelo não dito
A minha mãe tem 2 irmãos mais novos. Um tinha 20 anos e outro tinha 19 anos quando eu nasci. Quer um quer outro casaram tarde e viveram com a minha avó durante quase toda a vida. Foram uma presença constante na minha infância e na minha adolescência. Sou mais próxima do meu padrinho mas gosto muito de ambos. Tenho as mais doces recordações com eles. O meu tio J. chamava-me pirolito porque eu era a mais pequena da casa. Em miúda ansiava pela chegada deles ao fim da tarde porque adorava que me levassem a dar uma volta de mota. Sempre sem capacete porque nos anos 80 isso era um problema menor. Do meu padrinho herdei o gosto pela leitura. Este fim de semana estivemos todos juntos. Foi tão bom mas tive tantas saudades daqueles tempos. A vida trouxe-nos outras pessoas e novas memórias mas sinto tanto a falta dos que já não estão cá. Tenho saudades da minha infância e do vigor e da juventude que a minha mãe e os meus tios tinham nesse tempo.