Lucia Gil, uma cantora e actriz, inspirou-se na situação que se vive por todo o mundo para compôr esta belíssima, e emotiva, canção que depressa se transformou no hino da quarentena. Lucia Gil sente esta situação de maneira particular porque os pais são profissionais de saúde.
Vamos continuar a lutar contra este vírus. Não com armas mas com ciência, solidariedade e ficando em casa quando assim é possível.
O mundo está mesmo virado do avesso. Há bem pouco tempo, reclamava-se que as pessoas, principalmente as crianças e os jovens, tinham uma vida sedentária e passavam o tempo na internet nas mais variadíssimas redes sociais. Em certos países, as relações humanas já eram predominantemente à distância de um clique em vez de serem à distância de um abraço. Agora até se estimula que se sirvam das mesmas redes sociais diabolizadas para manterem o contacto com os outros, uma vez que o contacto físico de proximidade está contra indicado. Não dá para compreender.
Hoje quero aproveitar o dia que costumo dedicar à música para homenagear os músicos que, impedidos de fazer concertos, têm alegrado estes dias através das redes sociais tocando ao vivo. Há quem se junte no Festival #euficoemcasa, há quem o faça individualmente e ainda quem, todas as noites, cante uma canção de embalar para dormirmos melhor apesar das vicissitudes com que nos deparamos.
Todos fazemos falta. Agora fazem mais falta os profissionais de saúde, as forças da autoridade ou os trabalhadores dos supermercados, entre outros. Mas a cultura continua a ser preponderante para sermos uma civilização e para mantermos alguma sanidade mental apesar da loucura que nos rodeia e atinge.
O meu obrigada aos músicos porque continuam a fazer o que sabem fazer melhor.
Imagino que muitos se sentirão como eu, a viver numa realidade paralela. Quando vou no carro ou em casa, até me parece que está tudo normal, que é possível planear as próximas férias ou ir almoçar fora. Ou até fazer as compras que me apetecer quando me apetecer. Só que depois percebo que não vivemos dias normais. Dou por mim a lavar as mãos até à exaustão mesmo quando as acabei de lavar e ainda não toquei em mais nada. Ou a fugir das pessoas na rua. Chego ao trabalho e tenho que atender com uma protecção entre mim e o utente. E desato a chorar de alegria e emoção porque consegui comprar mais meia dúzia de embalagens de álcool. Não, nada disto é normal. Às vezes penso que é tudo ridículo porque, afinal, ninguém vê este inimigo e eu nem conheço nenhum doente com Covid19 (felizmente).
As pessoas que se cruzam comigo não parecem nada doentes. Porque é que tenho que ter medo delas?
Como a maioria de vocês deve saber, eu continuarei a trabalhar por inerência da minha profissão. Têm sido dias esgotantes embora a situação tenha melhorado.
As pessoas têm sido surpreendentes mas isso nem sempre é positivo. Como falávamos lá na farmácia, ontem, as situações limites fazem sobressair aquilo que o ser humano tem de melhor mas também tudo aquilo que tem de pior. Há exemplos de atitudes louváveis de pessoas que ajudam os vizinhos idosos para que eles não saiam de casa mas o medo também provoca atitudes egoístas e irreflectidas. E têm-se visto muitas atitudes deste tipo. Na farmácia há pessoas que insistem em comprar medicamentos para 2 anos e desinfectante em tal quantidade que chegará até à próxima pandemia. No supermercado compram tudo o que podem incluindo um carregamento de papel higiénico. A sociedade está cada vez mais estranha.
Há quem acredite que disto resultará uma sociedade melhor e mais solidária. O meu pragmatismo duvida.
P.S - Muita coragem para os meus colegas farmacêuticos, para todos os outros profissionais de saúde, forças de autoridade, bombeiros e operadores de supermercado que têm que continuar nesta luta diária
Eu bem queria falar de outra coisa mas é incontornável. Ontem tive o dia de trabalho mais estranho destes 20 anos que já levo de experiência. A minha postura sempre foi de proximidade com os utentes por isso a distância necessária é-me especialmente dolorosa. Comecei o dia com máscara mas felizmente, pela hora do almoço, foram instaladas protecções de acrílico nos balcões da farmácia. É melhor do que usar a máscara mas ainda assim é uma situação muito estranha. Entre cada atendimento, desinfectamos as mãos, os multibancos e as superfícies. A pele das minhas mãos está mais que seca.
Mesmo com tanta informação, ainda tive que chamar a atenção porque as pessoas não respeitava o distanciamento social, porque se encostavam ao balcão da farmácia, estavam de luvas e mexiam na cara ou na máscara. Ou porque são idosos e continuam a vir à farmácia, todos os dias, em vez de ficarem em casa.
Alguns dos estabelecimentos da minha rua estão fechados. Há muito menos trânsito e menos pessoas na rua. Quase que não se ouve outro assunto nas conversas com que nos cruzamos. O cenário é quase apocalíptico. E isto ainda é só o início. Sinto que tenho que fazer um maior esforço para não me ir abaixo. Toda esta situação dá-me uma sensação de tristeza que nunca tinha sentido. Nem quero pensar como se sentem os profissionais de saúde que estão nos hospitais na linha da frente. Que Deus, ou a Ciência, nos ajude a todos; tudo depende daquilo em que acreditam.
Não é tempo de assobiarmos para o lado mas sabe tão bem ouvir esta nova música do Carlão. Leve, alegre e divertida
Seja a trabalhar porque há áreas profissionais que não podem parar, seja em teletrabalho, em casa a acompanhar os filhos ou em isolamento social, que esta seja uma boa semana.
Como podem imaginar, esta semana não foram muitas as oportunidades de tirar fotos. Assim a foto com mais é a imagem do pão-de-ló que fiz a meio da semana.
É uma boa sugestão para quem está em casa com os filhos. Façam bolos, bolachas, bolachinhas. De certeza, que os miúdos vão gostar. O primeiro bolo que fiz foi aí aos 11 anos quando ficava sozinha em casa durante as férias escolares.