Apesar de esta semana ter sido rica em dias bonitos não cheguei a tirar muitas fotos. Nem sei porquê. Não calhou. Assim a minha foto da semana foi esta
As bonitas e suculentas ervilhas da nossa horta. Serviram para fazer jardineira de chocos para o meu almoço do dia seguinte.
Aqui há 2 semanas, instalaram sensores de movimento, na farmácia onde trabalho, para que a iluminação se acenda, e apague, quando estamos a passar. Parece uma coisa banal mas eu sinto que estou a desfilar numa passerele e as luzes vão-se acendendo à minha passagem.
Ora, na verdade, estes sensores não se destinam a alimentar a minha vaidade mas sim a poupar energia já que previnem que as luzes fiquem acesas sem necessidade.
O problema é que, agora, penso que todas as luzes se deveriam acender, apenas e só, pela minha presença. Já dei por mim, mais de uma vez, surprendida porque a iluminação não se acende quando eu desfilo caminho como uma diva. Fico até ofendida pela falta de consideração das lâmpadas.
Vejam lá que, para subir a escada do meu prédio, tenho que carregar no interruptor. Falta de respeito .
Hoje fui visitar a Fátima Bento no blogue Porque eu posso. O texto que publico aqui foi a minha participação no giveway que assinalou o aniversário do blogue e partiu da questão: 《O que é que fizeste na vida partindo da premissa “porque eu posso"?》.
Optei por contar uma situação que vivenciei há muitos, muitos anos. Foi numa outra vida que me parece tão distante que já nem sei se me aconteceu, se a imaginei ou se aconteceu a outra pessoa.
No Verão de 2006 fiz algo pela primeira vez e, pensando bem, foi a única vez que realizei tal feito. O mês de Julho chegou trazendo o meu aniversário e as minhas férias de Verão. Lembro-me que decorria o Campeonato Mundial de Futebol na Alemanha. Naquela altura estava, mais uma vez, separada daquele que, no ano seguinte, se tornaria no meu ex-marido. A minha mãe não podia tirar férias e não havia nenhuma amiga disponível para ir de férias comigo. Não me apetecia, de todo, ficar 15 dias sozinha em casa, a alimentar a mágoa de um casamento falhado. Se bem me recordo, a ideia surgira algumas semanas antes de as férias se iniciarem. Num domingo, bem cedo, fui dar um longo passeio com a minha mãe até uma pitoresca aldeia da Costa Vicentina. Não sei se chegámos a ir à praia mas lembro-me de termos almoçado num dos melhores restaurantes da zona. Eu conhecia bem o local e o mês de Julho ainda era relativamente pacato em termos de ocupação turística. Foi nesse dia que resolvi que voltaria lá para passar 1 semana de férias, sozinha. Se calhar, tinha a esperança de encontrar um amor de Verão que me fizesse esquecer o meu desgosto amoroso. Antes desse domingo acabar, reservei um bungalow num parque de campismo e comecei a contar os dias até ao início das férias.
No dia 1 de Julho, fiz as malas, enchi o porta-bagagens com tudo o que me podia fazer falta, incluindo um televisor, e fiz-me à estrada. Ia decidida a passar uma excelente semana de férias. No dia 5 de Julho eu celebraria o meu 32° aniversário e não me incomodava nada passá-lo de maneira bem diferente, completamente sozinha. E porque é que eu fiz isto? Porque podia, porque não devia satisfações a ninguém e porque era independente*. Nada me impedia de pegar no carro e ir até onde me apetecesse.
*Infelizmente, ainda estava muito dependente emocionalmente do meu ex-marido. Não sei o que me levou a contar-lhe onde ia, na véspera de partir. Ele surpreendeu-me, aparecendo por lá no dia do meu aniversário e fizemos as pazes. Mas isso… é outra história.
A Primavera começou ontem e encontram-se explosões da Natureza em todos os cantos. Eu continuo na minha tarefa de encher a minha vida de flores. Ontem chegou cá a casa, mais uma residente que conquistou os meus poucos, mas bons, seguidores do Instagram
Eu bem queria falar de outros temas mas é incontornável. Voltemos a falar de pandemia, desta feita a propósito da balbúrdia das vacinas AstraZeneca.
No meu quotidiano na farmácia tenho reparado que perguntar: "Então já foi vacinada?" se tornou no novo "Olá, tudo bem?". Ou sou eu que pergunto aos meus velhotes se já foram chamados para a vacinação ou então são os utentes que perguntam à equipa se já foi vacinada. Na verdade, tenho 3 colegas que já tomaram a 1a dose e tomarão a próxima no fim de Maio/início de Junho.
A semana foi marcada pela suspensão temporária, e já revertida, da vacinação com a vacina do laboratório AstraZeneca. Esta tomada de posição deveu-se à ocorrência de algumas situações de formação de coágulos sanguíneos em pessoas inoculadas com esta vacina. Embora a percentagem de ocorrências fosse muito baixa manda o princípio da precaução, como disse a nossa Directora Geral da Saúde, que se suspendesse este instrumento terapêutico enquanto se procedia à avaliação do risco.
Portugal, como é habitual, só tomou esta posição depois da maioria dos outros países o terem feito. Curioso é reparar que nalguns países foram os responsáveis políticos que o anunciaram mas em Portugal foram os responsáveis técnicos, bem como o coordenador da vacinação, que o fizeram. A conferência de imprensa em que tal aconteceu foi das mais trapalhonas que já se viu. Atenção que eu não critico por criticar e até defendo o mais possível aqueles que tiveram que tomar decisões impopulares e difíceis no último ano. Penso que não se devia ter sujeitado a Dra Graça Freitas nem o Dr. Rui Ivo, do INFARMED, àquele papel. Acredito que a decisão de suspensão foi mais política do que científica.
A Agência Europeia do Medicamento acabou por decidir pela segurança da vacina já que não se conseguiu provar a relação entre os coágulos e a vacina, embora se tenha alterado a informação relativa a potenciais efeitos secundários.
Quanto a mim, esta situação era desnecessária e só serviu para potenciar as posições negacionistas e anti-vacinas bem como a confiança do público em geral. Já há pessoas a dizerem que não querem ser vacinadas com esta opção mas não se pode escolher a vacina que queremos tomar. Se estão disponíveis é porque são, igualmente, seguras. Quem for chamado para a vacinação, e recusar por este motivo, passará para o fim da lista ou poderá, mesmo, ficar impedido de se imunizar.
No que diz respeito aos coágulos, corre-se um risco ao tomar a pílula contraceptiva e não é por isso que se deixa de a tomar.
Todas as ferramentas terapêuticas disponíveis têm riscos e benefícios que é preciso colocar na balança. Se os benefícios superam os riscos, só há uma opção. Vacinem-se assim que puderem.
Não tenho grande hábito de ver programas de talentos. Tenho algumas colegas que costumam acompanhar o The Voice e vêem o programa à hora de almoço. Assim acompanhei os últimos episódios da edição da penúltima temporada de adultos e toda a última temporada. Tenho também acompanhado o The Voice Kids. É preciso ter um coração muito emperdenido para não ficar comovida e encantada com aquelas crianças. Mas quando começo a pensar sobre o programa sinto-me incomodada. Será legítimo utilizar as crianças para um programa de entretenimento? Quando os mentores têm que eliminar um concorrente, a maioria das crianças acabam lavadas em lágrimas. Até nos dói a desilusão pela qual as crianças passam. Se isso acontece na versão dos adultos, normalmente, os participantes estão lá pela sua própria decisão. Será que os pais deveriam permitir que as crianças passassem por isto? Cantar será o sonho só das crianças ou será também um sonho dos pais? Ou as crianças estão a concretizar os sonhos que os pais nunca conseguiram concretizar?
Os fins-de-semana na aldeia* proporcionam imagens coloridas e bastante primaveris. Não tenho grande sucesso com plantas de bolbo. As tulipas só resultam noutro quintal, que não o da foto, porque estão semeados na terra e não num vaso. Nestes vasos já tentei ter tulipas mas nunca corre muito bem. Este ano comprei bolbos de narcisos e foi um sucesso.
Foto com mais do meu Instagram
Sempre gostei muito de narcisos . Aliás gosto de imensas flores. Desde que, no ano passado, me dediquei mais às plantas e à jardinagem que tenho descoberto um talento escondido . Claro que nem tudo corre bem mas quando corre bem é uma alegria.
Bom domingo
*atenção que eu mudo de concelho dentro da lei, não vão já denunciar-me . E mal saio de casa.
Depois de tomar posse no passado dia 9, o Presidente da República reconduziu 4 dos Conselheiros de Estadodos cinco que a ele cabe nomear. Um dos lugares encontrava-se vago desde o falecimento do intelectual/filósofo Eduardo Lourenço. Para o ocupar, o Presidente escolheu a escritora Lídia Jorge.
Considero uma excelente escolha mas continua a haver pouca representatividade da sociedade uma vez que só há 3 mulheres no Conselho de Estado. Para além da recém-nomeada, têm assento neste Conselho, a Provedora da Justiça, por inerência, e Leonor Beleza, também por nomeação do Presidente da República.
O Conselho de Ministro é o "Órgão consultivo de parecer obrigatório mas não vinculativo sobre algumas decisões do Presidente da República". Ou seja, as 19 pessoas que constituem o Conselho de Estado têm como função aconselhar o Presidente nalgumas das decisões que ele tem que tomar. A ideia é fornecer visões diversificadas sobre um determinado assunto. Sendo assim, como já disse, há um deficit de representatividade não só por as mulheres serem, apenas, 3 mas também porque seria interessante consultar várias gerações. Ora não há Conselheiros de idades mais jovens. O Conselheiro mais novo é o Presidente da Região Autónoma dos Açores, José Manuel Boieiro, que tem 55 anos e o mais velho é o antigo Presidente da República, General Ramalho Eanes.
Seja como fôr, é de louvar ter sido escolhida uma mulher, não só pelo seu género, mas também pelo seu talento literário mas também pelas suas qualidades intelectuais e pela sua intervenção cívica na sociedade sempre com o seu ar doce e sereno. Que seja uma excelente adição ao Conselho de Estado.
Todos os dias, se procurarmos bem, encontramos uma polémica a incendiar as redes sociais. No passado domingo, foi o romance de Eça de Queirós, "Os Maias", o mote para mais um fogacho. Bom, na verdade, foi a análise feita pela investigadora Vanusa Vera-Cruz no âmbito de doutoramento que está a tirar numa Universidade nos Estados Unidos. Esta investigadora sugere que se introduza uma nota pedagógica na obra do séc. XIX por causa de algumas passagens que considera racistas. A investigadora identifica "Os Maias" como uma das maiores obras de arte da cultura portuguesa mas aponta, para além das intervenções do narrador, João da Ega como uma personagem racista.
Dei por esta polémica no Twitter mas, antes de embarcar nesta onda, fui procurar algo mais palpável para perceber de onde vinha esta assunto. Vinha daqui.
Começo já por dizer que Vanusa Vera-Cruz nunca diz, em momento algum, que a obra devia ser proibida mas, apenas, ter uma nota pedagógica sobre este tema.
"Os Maias" fizeram parte do meu percurso escolar como aconteceu com a maioria de vós, presumo. A minha professora optou por dividir a obra por vários temas sobre os quais teríamos que fazer trabalhos de grupo. A minha turma empenhou-se muito nesta tarefa e na apresentação dos trabalhos. Houve vídeos, apresentação de slides* com imagens dos locais mais emblemáticos de Sintra e várias modalidades de apresentação. Guardo óptimas memórias desses dias. Acontece que comecei a ler o livro nessa altura mas o tempo foi escasseando e não o acabei de ler como um romance mas fui-me debruçando nas partes que tinham mais a ver com o meu tema. No entanto, algum tempo depois, voltei à obra e foi um dos melhores livros que li. Pelo que me lembro, este livro é um excelente documento de análise social da época. E, se pensarmos bem, alguns dos defeitos da sociedade do séc. XIX ainda andam por cá.
Como é óbvio, não podemos olhar para obras do séc. XIX, ou do início do séc. XX, com os olhos do séc. XXI. Mas também não se pode branquear (má escolha de palavras, não é?) o passado nem o pensamento social de outras épocas. Há situações e personagens em romances, filmes ou séries que existem, exactamente, para nos fazer pensar e tirar as nossas próprias conclusões. A literatura serve para nos fazer pensar, para nos tornar mais empáticos e mais esclarecidos. Não podemos chegar a um livro, seja qual fôr a nossa idade, e ter a papinha toda feita, ou seja, ter o livro todo muito bem explicadinho. Perderia toda a graça. O que não quer dizer que, em ambiente escolar, os professores não tenham que fazer um enquadramento histórico e social para que os jovens possam compreender melhor.
E, já agora, faz muita falta, a jovens e adultos, aprenderem a perceber ironia. O mundo seria muito mais divertido.
Agora fiquei com saudades de voltar a ler "Os Maias".
*slides mesmo que eu sou antiga. No meu tempo ainda não havia powerpoint .
Esta semana há 2 fotos da semana já que obtiveram igual número de .
Aqui estão elas
Um pormenor do meu cantinho das plantas em que se vê em 1o plano, o lírio da paz que comprei recentemente bem como um vislumbre das begónias e a Cordolyne que já cá está há quase um ano em pleno desenvolvimento. E claro o meu cortinado brilhantemente executado pela minha mãe porque eu só sei pregar botões .
O meu bolo mármore que ficou pouco marmoreado porque dividi mal as massas . Mas sabe bem. Desde que no Natal me ofereceram o livro "Um bolo por semana" da Rita Nascimento, mais conhecida pela La Dolce Rita, que tenho cumprido este "projecto". Tem sido uma dificuldade .