Ontem terminou mais um Giro d'Italia e o jovem português João Almeida deu provas de grande resiliência. Numa das primeiras etapas o ciclista perdeu muito tempo descendo muitas posições na geral. Nas etapas seguintes parecia que ia, apenas, trabalhar para a equipa e para o colega de equipa, o belga Remco Evenepoel. O colega acabou por desistir depois de uma queda aparatosa.
Os últimos dias de João Almeida foram sempre a subir. Embora não tenha ganho nenhuma etapa, chegou a ficar em 2o lugar num dos dias. O jovem mostrou que é um excelente desportista e um lutador nato. No contra-relógio da última etapa fez o 5o melhor tempo terminando a competição em 6o lugar. Relembro que chegou a estar em 29o lugar. É uma escalada apreciável.
Num país onde parece que só o futebol interessa, é bom prestarmos atenção a outros desportos onde os portugueses podem ser um grande motivo de orgulho para o país.
Desde há 2 dias que as redes sociais e os órgãos de comunicação social divulgam um video onde se percebe uma situação de bullying.
Um grupo de adolescentes regressa a casa a pé junto a uma estrada com algum movimento. A cena começa com uma adolescente a dar um murro no ombro de um rapaz. No início até parece uma brincadeira só que o jovem agredido começa a tentar afastar-se do grupo. A miúda, instigada pelo grupo começa a andar mais depressa para o apanhar. Os miúdos atravessam a estrada, uma primeira vez, sem incidentes e a cena continua. Ouve-se alguém dizer: "ele está a chorar". Uma única pessoa diz: "parem com isso". O miúdo, quando está a ser alcançado, foge para a estrada e é atropelado.
Pelo que se sabe, o adolescente está a recuperar. Aos pais só disse que a culpa tinha sido dele porque tinha atravessado sem olhar. Só quando o vídeo surgiu é que se percebeu o que se tinha passado já que, pelo que percebi, os outros miúdos desapareceram do local rapidamente.
O caso está a ser investigado e os pais já apresentaram queixa em tribunal. Como é habitual, as redes sociais incendiaram-se com comentários de ódio e violência contra a agressora e respectivos pais.
Bullying sempre existiu embora não se classificasse assim. Eu própria o sofri na pele. O que não havia era a partilha, quase imediata, destas cenas. Por um lado, ainda bem que estas situações vêm a público. É uma forma de acordar as consciências. Toda a sociedade, pais, professores, autoridades, governo e pessoas em geral, deveriam reflectir sobre que mundo estamos a construir. O que é que leva a que os jovens tenham necessidade de utilizar a violência como forma de afirmação? Já não estamos nos anos 80 quando eu, a "nerd" da turma, era agredida, gozada e humilhada por uma colega mais velha. Nesse tempo, éramos instigados a aprender a defendermo-nos. Comigo isso não resultou muito porque foram poucas as vezes em que consegui reagir à estupidez da minha colega.
Todos os jovens intervenientes deveriam ser analisados a nível psicológico e deveriam ter apoio para se chegar à raiz do problema. Serão os videojogos, os filmes, as séries, os youtubers? Será falta de acompanhamento familiar ou no ambiente escolar? E porque há jovens que são tão inseguros que não conseguem enfrentar os outros seja de que fôr?
Para além dos comentários de ódio que já li, também há quem desvalorize e diga que foi uma brincadeira entre miúdos que podia ter acabado muito mal. Para mim, nem a miúda é um monstro nem se trata, apenas, de uma brincadeira. Este caso, bem como outros idênticos, tem que ser valorizado e analisado pelo que é, violência gratuita. Alguma coisa tem que ser feita. Os pais e as escolas terão que trabalhar em conjunto para prevenir a escalada de violência que as interacções entre os adolescentes podem atingir.
Uma das notícias do dia de ontem foi o regresso, há muito esperado, dos turistas estrangeiros ao Algarve. O aeroporto de Faro recebeu 25 voos que transportaram 7000 passageiros, 5500 dos quais britânicos, mas muitos mais são esperados até ao final da semana. A Região de Turismo do Algarve organizou um "comité de boas-vindas" oferecendo, a cada passageiro, um kit com 2 máscaras, álcool gel e guias da região. Os jornalistas nacionais também "acamparam" no aeroporto de Faro para acompanhar a tão ansiada chegada dos turistas e aumentar a comitiva de recepção aos turistas.
As imagens televisivas, o som das reportagens da rádio e as notícias dos jornais online só me inspiraram este comentário, "Para que é este exagero?!". Atenção, eu compreendo que os empresários e trabalhadores do sector turístico estejam muito satisfeitos com o facto de Portugal estar na lista dos países para os quais é seguro viajar. Este sector estava estrangulado, como é óbvio, mas o ano que passou devia ter ensinado que a economia não devia estar só assente no turismo e, principalmente, devia-se estimular o turismo interno. Pelo que sei, os preços praticados pela hotelaria não estão muito apetecíveis para o bolso português. Já devíamos ter aprendido que não se pode estar sempre à espera do que vem de fora. E, quanto a mim, esta subserviência era desnecessária. É que só faltou a Banda Filarmónica!!!
Como tem sido frequente nos últimos meses, O Voo da Garça tem sido muito rasteiro. Não se voa entre as nuvens mas podemos passear e reparar nos pormenores que nos rodeiam e nos quais não reparamos, habitualmente.
No passado domingo choveu muito o que me deixou chateada como já disse por aqui. Por isso o passeio foi curto mas mesmo assim encontrei, no jardim dos vizinhos, a imagem com mais desta semana.
Este arbusto é uma lonicera japonica. Em Portugal também se chama, erroneamente, "madressilva", "madressilva-da-china" ou "madressilva-dos-jardins". A verdadeira madressilva é outra espécie. Seja como fôr, gosto muito deste arbusto. É uma pena que a imagem não transmita o aroma inebriante exalado por estas pequenas flores amarelas.
Bom domingo com muitos passeios. Reparem nos pormenores que vos rodeiam e talvez se surpreendam.
Esta semana andei mais afastada aqui da blogosfera porque estive ocupada com trabalhos domésticos. Na semana que passou estive de férias para executar 2 projectos mas as circunstâncias só me permitiram executar um deles.
Não sou grande artista mas gosto muito de pintar paredes. Acho mesmo um trabalho divertido. A cada maluco, a sua mania.
Primeiro planeava pintar um corredor e uma casa de banho da casa da aldeia que costumam ter um grande problema de humidade e, este ano, também sofreram um ataque fúngico sem precedentes. Infelizmente, a chuva que caiu no início da semana atrapalhou-me os planos uma vez que houve uma infiltração de água que terá que ser resolvida primeiro.
Assim, passei ao segundo projecto, arrumar e pintar o meu escritório/biblioteca. Acabei por ocupar toda a semana com esta actividade. Dei uma volta muito grande a todos os papéis, livros, pastas e todos os objectos que fui acumulando ao longo dos anos. Perdi a conta de quantas vezes fui ao ecoponto.
Encontrei várias coisas que me surpreenderam como, por exemplo, algumas fotografias de cuja existência já nem me lembrava. Nalgumas nem me reconheci. Quer dizer, fisicamente percebo que sou eu mas já não me identifico com a pessoa que eu era na altura que as imagens foram captadas. A minha maneira de ser, aquilo que penso e sinto evoluíram tanto que, às vezes, até me parece que aquela vida pertenceu a outra pessoa que não eu.
No meu percurso entre casa e trabalho passo por várias zonas mais rústicas onde encontro alguns animais, cavalos, maioritariamente, mas também cabras ou galinhas. Um dia destes encontrei este cavalinho que observava quem passava na estrada
A Alexandra do Blog de ALgo convidou-me, simpaticamente, a escolher uma música para animar este sábado. Passem por lá para descobrirem a minha opção musical.
Aqui há dias fui surpreendida por uma mensagem de whatsapp de uma das minhas amigas mais antigas. Tratava-se de uma foto cuja existência eu ignorava. A imagem tinha sido captada na festa do 17° aniversário dessa minha amiga, ou seja, tem quase 30 anos (!!!!).
Fiquei perplexa por vários motivos. Primeiro porque me custa a acreditar que já passaram 30 anos e depois porque dei por mim a achar-me gira naquela fotografia. Nas imagens mentais e difusas que guardo da minha adolescência, vejo-me sempre muito feia. Eram épicas, as cenas de choro em frente ao espelho em que eu me lamentava da minha fealdade. Na verdade, a natureza não me presenteou com traços de grande beleza física mas a maturidade tem a vantagem de nos ensinar a lidar com as nossas limitações. Hoje em dia, continuo a não ser uma beldade, estou mais gorda, tenho celulite e algumas rugas, mas já não choro em frente ao espelho. Na maioria dos dias, gosto da imagem que o espelho reflecte. E também me tornei uma pessoa mais confiante e segura embora a insegurança ainda apareça esporadicamente.
Passados 30 anos, olho para a minha imagem de adolescente com um olhar mais complacente e brando. Afinal, nem era assim tão feia e, na verdade, a nossa maneira de ser, o nosso eu interior, reflectem-se na nossa imagem exterior e transformam-nos numa pessoa interessante o que é muito mais importante do que ser uma pessoa muito bonita mas vazia. O tempo que eu perdi a ter pena de mim própria.