Ontem à noite fiquei muito impressionada com uma reportagem sobre as meninas afegãs que voltaram a estar impedidas de frequentar a escola. O actual regime talibã só autoriza o ensino feminino até ao 6° ano. Os talibãs vão manter a interdição do acesso de raparigas ao ensino secundário, apesar da promessa do regime afegão de que as escolas voltariam a permitir, na 4a feira passada, o regresso das adolescentes às aulas. As meninas chegaram a dirigir-se aos estabelecimentos de ensino mas foram impedidas de lá permanecer.
O compromisso de proporcionar educação a todos e em todos os níveis fez parte do acordo para que o regime talibã recebesse ajuda humanitária. A actual situação foi justificada com a falta de professores, que fugiram do país aquando do regresso dos talibãs ao poder, bem como com tempo insuficiente para adequar as escolas à separação entre rapazes e raparigas e aos princípios islâmicos.
Esta questão da educação faz parte de uma ampla restrição dos direitos das mulheres no Afeganistão.
Quantos jovens, de ambos os sexos, haverá no nosso país que, tendo fácil acesso à educação, não o sabem aproveitar não usufruindo do ensino em toda a sua plenitude? As meninas afegãs choram porque as impedem de estudar e por aqui há tantos miúdos e miúdas que não dão devida importância à escola. Dá que pensar.
A Primavera começou há uma semana e, embora chuvosa, já se encontram muitos sinais de renascimento e renovação da Natureza. Assim a foto com mais desta semana foi esta
Não sei se é uma abelha ou um zangão mas, seja como fôr, os insectos têm um papel importantíssimo na agricultura já que, ao voarem de flor em flor, transportam o pólen entre as várias plantas contribuindo para a fecundação das plantas bem como para a biodiversidade. O fenómeno da polinização é essencial e pensa-se que a produção de 2/3 da alimentação humana depende direta ou indiretamente da polinização por insetos.
Hoje assinala-se o dia em que a duração da democracia ultrapassa a duração da ditadura. O Estado Novo durou 17 499 dias e já estamos há 17 500 dias num regime democrático.
Esta efeméride, bem como os 50 anos da Revolução de Abril que se comemoram em 2024, deve fazer-nos reflectir sobre o estado da nossa democracia e do nosso papel na manutenção da Liberdade. Não podemos considerá-la como um dado adquirido. A democracia é frágil e, se não estivermos atentos, corremos o risco de a destruir. O facto de a abstenção eleitoral ultrapassar os 50% não nos pode deixar tranquilos. O acto eleitoral é o acto definidor de um regime democrático. Se há tanta gente que não se interessa por esta questão é um sinal de que a democracia não está assim tão saudável.
Esta pequena reflexão leva-me, também, ao elenco ministerial que foi conhecido ontem. Pela primeira vez há mais mulheres à frente dos ministérios e no Conselho de Ministros, que incluí o Primeiro-Ministro, estão empatados. Foi preciso chegar ao séc. XXI, e quase 50 anos de Revolução dos Cravos), para que a verdadeira paridade estivesse presente.
Só me resta desejar sorte a estes novos governantes. Se todos fizerem o seu trabalho com honestidade e rigor, ganhamos todos.
A publicação do Instagram do blogue que obteve mais foi aquela onde partilhei os postais que recebi da Ucrânia e que já publiquei aqui. Assim a imagem que ganha aqui lugar é esta:
O meu sogro tinha muito sucesso no cultivo das abóboras mas a nós não nos corre muito bem. O A. comentou isso com um senhor aqui da aldeia e ele ofereceu-nos estes exemplares para retirarmos as sementes. Não são fofinhas?!
Ontem, na farmácia, assisti a uma conversa familiar. Os pais tinham ido comprar antipiréticos porque o menino, de 2 ou 3 anos, estava adoentado. Enquanto esperavam pela vez, foram vendo os acessórios de puericultura que estavam num expositor. O menino estava mesmo muito prostado mas ia dizendo: "quero um copo com palhinha, quero um copo com palhinha." O único copo disponível era cor-de-rosa e o pai pergunta se era o único que tínhamos. Efectivamente, não havia outro e não quiseram comprar aquele.
No fim do atendimento, enquanto se dirigiam à saída, o menino continuava a repetir: "quero um copo com palhinha, quero um copo com palhinha." Qual não é a minha surpresa quando oiço a mãe responder: "aquele não é para ti, é cor-de-rosa, é para menina e tu és um menino".
A minha pergunta é só uma, porque é que se continua a propagar estas ideias e comportamentos? Qual é o problema em o menino beber água num copo cor-de-rosa? Não era já tempo de destruir estas ideias ultrapassadas.
Afinal aquele menino apenas queria um copo com palhinha.
Ontem os chefes do governo da Polónia, da República Checa e da Eslovénia deslocaram-se, de comboio, até Kiev para se reunirem com o Presidente Zelensky.
Apesar de estes 3 países pertencerem ao Conselho Europeu, o que os torna representantes da União Europeia em todas as ocasiões, não havia um mandato oficial do Conselho.
Eu considero que a União Europeia deve manter o apoio, principalmente humanitário, à Ucrânia e também não me choca que forneçam material que permita ao país defender-se desta invasão ilegal. No entanto, acho discutível que se esteja a analisar a possível adesão à União Europeia perante a situação actual da Ucrânia. Não é o momento porque é impossível que o país cumpra todos os requisitos necessários à adesão.
Por outro lado, o Presidente Zelensky já admitiu que a Ucrânia não poderá aderir à NATO. O facto de essa possibilidade estar inscrita na Constituição da Ucrânia constituiu uma das razões para Vladimir Putin "justificar" a invasão ao país.
Como ocidentais devíamos reflectir se a NATO não terá iludido o governo ucraniano acenando-lhe com essa hipótese. Provavelmente, a NATO nunca considerou, seriamente, aceitar a Ucrânia no seu seio. Afinal, se a Ucrânia já estivesse na NATO, já estaríamos num cenário de 3a Guerra Mundial, não é verdade?
Haverá quem diga que, se agora Zelensky já desistiu da NATO, porque é que não o fez antes de modo a evitar a invasão pela Rússia? Presumo que, agora, ele se sinta desiludido com a falta de apoio da NATO que se tem verificado. E, para mim, isso prova que, durante muito tempo, a Ucrânia foi iludida.
Como é que esta situação de guerra se pode resolver? Não faço ideia mas espero que alguém, dentro das equipas negociadoras e nos mediadores, tenha uma ideia brilhante. Ou que o Putin, que tem tanta vontade de ser czar, sofra um golpe palaciano*.
*não estou a desejar a morte do senhor, pode só cair da cadeira, bater com a cabeça e ficar impossibilitado de dirigir a ofensiva. O problema é se, cortando a cabeça da cobra, o corpo se continue a mexer.
Em 2012 aderi ao projecto Postcrossing. Criado por um português, este projecto tem como objectivo a troca de postais com pessoas de outros países. No início fui mais activa mas, actualmente, já envio postais com menos frequência. Cada vez que abro a caixa do correio e encontro um postal é uma festa. Já enviei e recebi mais de 300 postais. Este passatempo implica um gasto considerável quer na aquisição dos postais quer a nível dos selos que aumentam todos os anos.
Graças a este projecto, bem como às viagens que fiz durante alguns anos, o meu conhecimento geográfico melhorou bastante.
Aqui há dias lembrei-me de ir procurar os postais que recebi da Ucrânia. Foram 12 mas só encontrei 11, provavelmente o que falta está mal arquivado. Olhei para eles e questionei-me sobre o que terá acontecido a estas pessoas que, generosamente, tiraram uns minutos do seu tempo para escolher um postal e escrever algumas palavras para enviarem para este país tão distante.
Em jeito de homenagem aqui estão eles, com menção à cidade de onde vieram:
1 e 2 - Kyiv
3 - Sevastopol (no Mar Negro)
4 - Donestsk
5 e 6 - Kyiv
7 - Sumy
8 e 9 - Krarkiv
10 - Kyiv
11 - Krarkiv
Espero que estejam todos em segurança e que encontrem a paz o mais depressa possível.
Entre as mais variadíssimas questões que me causam preocupação, há uma que me estar a deixar genuinamente chocada.
Já é uma frase feita que diz que, na guerra, a primeira vítima é a verdade. Mesmo em Portugal, a mais de 4000 km de Kyiv, a Comunicação Social não está a desempenhar o seu papel da melhor maneira. Para além de se notar que as notícias da guerra nem sempre são confirmadas antes de serem divulgadas, as notícias sobre a escalada dos preços do combustível e dos alimentos estão a tornar-se sensacionalistas. E se certas manchestes são expectáveis de alguns órgãos noticiosos, há outros nos quais eu não esperava ler este alarmismo.
Temo que este tipo de notícias provoque uma corrida desenfreada aos supermercados, acontecimento já visto anteriormente, o que conduzirá, efectivamente, a falta de alimentos não perecíveis nas prateleiras das lojas. Até poderei concordar com o racionamento o quanto antes se isso significar que, quem tenha meios económicos, não possa comprar toneladas de farinha, massas e conservas que depois farão falta a outras pessoas menos abonadas. Com este tipo de primeiras páginas, não demorará muito até vermos a repetição de imagens de pessoas a correrem aos supermercados. E já sabemos que esse fenómeno é uma bola de neve porque tem o efeito de levar mais pessoas a fazerem o mesmo que vêem na televisão.
Por fim, quero só reiterar que tinha o Expresso na conta de jornal sério mas, de quando em vez, sofro uma dolorosa desilusão.