40 anos, e agora?!
Hoje entro nos "entas". Andei uns tempos a sentir o peso deste número 40. Este marco da vida tem-me feito olhar para trás, para os anos que já passaram. Percorri álbuns antigos de fotografias, vi-me a mim e a pessoas queridas que já não estão cá, lembrei dos momentos que vivia quando aquelas imagens foram captadas. Olhei para os altos e baixos da vida, para as pedras do caminho que consegui ultrapassar, para os amores e desamores, para as alegrias e para as desilusões e concluí que valeu a pena. Tudo o que passei tornou-me a mulher que sou hoje. Há coisas que me marcaram de modo indelével; a miopia, a morte do meu pai, a alegria da entrada na faculdade, o meu encontro com Deus que me ajudou a aceitar a morte do meu pai, o emprego que me realiza há 15 anos, o casamento e o divórcio, o ano em que vivi sozinha, o dia em que conheci a minha afilhada e o encontro inesperado com um homem maravilhoso que virou a minha vida do avesso e me fez nascer de novo.
Nestes 40 anos, mesmo quando achei que a vida já não tinha sentido, os acontecimentos mostraram-me que viver só vale a pena quando se vive intensamente.
A vida que sonhei aos 20 anos não chegou a existir mas a minha realidade é infinitamente melhor do que aquilo que eu poderia ter sonhado.
Quando era adolescente, chorava a minha fealdade em frente ao espelho. Agora aprendi a amar cada pequena ruga que aparece, cada cabelo branco (mesmo que os pinte), cada sinal, cada imperfeição porque todos estes pormenores contam a minha história.
Hoje estou feliz por ter chegado aqui, aos 40 anos. Se eu tivesse só 20 anos, não teria o coração tão cheio de memórias, de imagens felizes, de viagens e de aventuras. Que venham mais 40, pelo menos.