A passada semana trouxe um cenário trágico, embora expectável, em relação ao número de casos positivos de Covid-19 bem como ao número de mortos. Os hospitais estão no limite quer em relação aos doentes Covid quer em relação a outras patologias respiratórias. Ouvimos na Comunicação Social, e nas conversas do dia-a-dia, a atribuição de responsabilidades ao Governo neste agravamento da pandemia em Portugal. Há quem alegue que não se devia ter aliviado as medidas no Natal ou que deviam, mesmo, ter sido agravadas estabelecendo, por exemplo, um número máximo de pessoas, ou de agregados familiares, nas celebrações particulares desta quadra.
É bem verdade que os países que seguiram esse caminho apresentam uma curva descendente no número de casos enquanto por aqui se enfrenta uma terceira onda gigantesca.
Quanto a mim, acho que cada indivíduo tem a sua quota-parte de responsabilidade. Porque é que estamos sempre à espera de um Estado paternalista que nos diga o que podemos, ou não, fazer? Não temos cabeça para pensar? O bom senso está em vias de extinção? Já que não era proibido, vamos juntar a família toda na ceia de Natal como é habitual. Deve ter havido muitas pessoas a pensar isso, com certeza. Ou então a fazer testes que, ao darem negativo, podem ter dado uma falsa sensação de segurança. Há um período, após o contacto com alguém doente, durante o qual ainda não se tem carga viral detectável.
Tudo indica que caminhamos a passos largos para um confinamento geral. Aguardemos pelos próximos desenvolvimentos.
A pandemia é um tema incontornável neste Natal de 2020. Esta época é propícia aos convívios familiares que podem ser potenciais focos de infecção. Pela Europa fora, cada país criou as regras que considerou mais adequadas. Algumas até soam um pouco ridículas.
A maioria dos países impuseram um número limite de pessoas à mesa de Natal como, por exemplo, em Espanha ou na Alemanha que permitem 10 pessoas à mesa. Também são controladas as deslocações entre regiões nalgins países. Há países onde a restauração está completamente encerrada e noutros estes estabelecimentos trabalham com muitas restrições.
Na Bélgica, cada família só pode receber 1 pessoa. Se houver jardim, já podem receber 2 pessoas mas só uma é que pode ir à casa de banho.
Também há quem aconselhe isolamento antes e depois do Natal.
Se quiserem mais informação encontra-se neste artigo
Por cá têm surgido uma série de "conselhos", ou seja, confia-se no bom senso das pessoas. Assim permite-se a circulação entre concelhos, o recolher obrigatório é mais tardio e não foi imposto um limite ao número de pessoas à mes na ceia de Natal. No meu entendimento, as pessoas devem ser responsabilizadas pelo evoluir da situação pandémica e não podem ser tratadas como seres desprovidos de inteligência. No entanto, pelas conversas que tenho ouvido, começo a duvidar do discernimento dos portugueses. Será que as pessoas não são capazes de raciocinar e perceber que, este ano, não é seguro juntarem a família toda?!
Vamos usufruir do voto de confiança que recebemos enquanto sociedade mas cada um fazer a sua parte neste combate?!
Há uma série de dúvidas que me tem assaltado o espírito, ultimamente. Passo a elencar:
Os negacionistas da pandemia são as mesmas pessoas que acreditam que a Terra é plana e que a chegada do Homem à Lua foi uma encenação filmada algures nos Estados Unidos da América?
Também serão do clube anti-vacinas?
Surgiram agora ou sempre existiram?
Estariam escondidos debaixo de que pedra? Ou em que gruta?
Serão assim tantos que justifiquem a atenção da comunicação social, dos humoristas e a minha própria atenção?
Os "médicos pela verdade" tiraram o curso aonde? Na escola da vida ou na Farinha Amparo?
A existência dos "jornalistas pela verdade" implica que todos os outros são pela mentira? Acredito que até um adolescente que escreva para o jornal de parede da escola tem mais ética profissional do que estes pseudojornalistas.
Eu já desconfiava que havia muita gente descompensada à solta mas a pandemia, e tudo o que a rodeia, intensificou a loucura que anda por aí.
Ao que tudo indica, a vacina anti-covid da americana Pfizer e da alemã BioNtech apresenta uma eficácia de 90% e já está na fase final dos testes clínicos pouco faltando para iniciar o processo de pedido de autorização às autoridades de saúde americanas (FDA). Ora são excelentes notícias embora ainda haja um longo processo antes de as vacinas chegarem à população. Esta vacina é uma das que foram negociadas pelo governo português para virem para o nosso país. Não se pode dizer que seja a luz ao fundo do túnel mas já é uma boa promessa.
O engraçado da questão é que Donald Trump veio afirmar que a FDA e a Pfizer tinham adiado este anúncio propositadamente para que acontecesse depois das eleições presidenciais americanas. Mas esta criatura ainda não percebeu que não é o centro do Universo?!
Esta semana destaco a foto do meu almoço de domingo da semana passada.
Cozido à Portuguesa
Sou um bom garfo. Gosto muito de comer. Nem sempre fui assim. Quando era miúda, comia muito mal. Só gostava de doces. Hoje em dia, gosto de doces e salgados o que é um problema para manter a linha.
Cozido à Portuguesa é um prato que só costumo consumir no Outono e no Inverno. Não faço em casa porque a família é muito pequena e este prato faz mais sentido cozinhar para mais pessoas. Se calhar, é uma mania minha.
Na era pré-Covid, o meu sítio preferido para comer esta iguaria portuguesa era um pequeno restaurante familiar muito perto de casa. Tendo em conta que o restaurante teve que reduzir o número de mesas, pensámos em ir buscar para comer em casa.
Quando fui encomendar fiquei com pena da cozinheira. Ela perguntou-me porque é não comíamos no restaurante porque agora a frequência era muito menor. Fiquei triste. Antes o local estava sempre a abarrotar e era difícil conseguir mesa.
É desolador pensar o que os pequenos negócios familiares estão a sofrer com esta situação. Por trás dos números que vemos nas notícias, estão pessoas. Quem puder continuar a consumir, deve fazê-lo. A economia tem que continuar a girar senão sofreremos todos.
A pressão das pessoas por causa da vacina da gripe é tremenda. Não consigo lidar com o facto de que não há vacinas da gripe suficientes mas que isso não depende da nossa vontade nem do trabalho da farmácia. Não há nada que possamos fazer mas não deixa de ser frustante. Há pessoas que compreendem e outras nem tanto. Houve dias em que tive vontade de largar tudo e deixar de trabalhar com o público. Afinal, já lá vão mais de 20 anos
A covid19 atingiu pessoas próximas, familiares de uma colega, bem como outras pessoas relacionadas e que eu conheço bem. Nunca tinha "sentido" o vírus tão perto. Pela notícia do jornal Expresso, o concelho onde trabalho está acima dos 200 casos por 100 mil habitantes. É assustador sentirmos medo nos olhos dos outros bem como no nosso próprio olhar quando sentimos necessidade de nos desviarmos dos outros.
Estou a ficar cada vez mais assustada. Se, no princípio, pensava: "as autoridades de saúde estão a exagerar, nem conheço ninguém que esteja doente.", agora tal não se verifica. Até me custa a acreditar que cheguei a dizer que isto seria como a Gripe A, uns meses turbulentos e depois o vírus acalmava e voltava ao normal. Agora já percebi que o Sars-CoV 2 veio para ficar. Mais dia menos dia o "novo normal" será só "normal".
Sérgio Godinho faz, hoje, 75 anos mas está muito longe da reforma. Volta a surpreender com uma canção/poema brilhante, actual e muito realista, infelizmente.
Parabéns, Sérgio, pelo aniversário e pela nova música.
Há pouco fui beber um café a uma esplanada. Parece uma actividade sem grande história, não é verdade? Acontece que deve ter sido a segunda vez que tomei café fora de casa desde meados de Março (quando começou o estado de emergência). Cumpri todas as recomendações das autoridades de saúde mas mesmo assim, em vez de ter prazer em estar ali, fiquei em stress. Numa mesa próxima vi cerca de 7 pessoas a tomar o pequeno-almoço numa mesa com capacidade para 4 pessoas, numa situação normal. Não me pareceu que fizessem parte do mesmo agregado familiar. Afastei-me o mais possível de tal grupo.
Levei comigo uma revista e escolhi para ler um artigo sobre as sequelas, para a saúde futura, da covid-19. Isso também não ajudou à descontracção. Obviamente, que fiquei lá o mínimo tempo indispensável para beber o café.