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O Voo da Garça

Sonhos, desejos, opiniões, instantes da vida diária...

O Voo da Garça

Sonhos, desejos, opiniões, instantes da vida diária...

05
Out18

Desafio 52 semanas #40

Charneca em flor

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Adoro o tema desta semana. A memória olfactiva tem, para mim, uma grande importância. Há cheiros que, assim que os sinto, me transportam para momentos felizes. Infelizmente alguns aromas também me transportam para momentos infelizes mas desses não vamos falar agora. Assim aqui ficam os aromas da minha vida.

- Roupa acabada de lavar

- Relva acabada de cortar

- Terra molhada depois de um dia de chuva

- Alfazema - este aroma leva-me de volta ao sul de França, mais precisamente, a Marselha. Lá é impossível fugir deste aroma, sente-se a cada esquina.

- Coentros - lembra-me a minha avó que me mandava apanhar os coentros para a açorda e eu nunca conseguia distinguir entre os coentros e a salsa.

- Chocolate e café, os meus maiores vícios

- Maçãs mas as verdadeiras, as que se apanham das árvores e não as que se "apanham" nos supermercados. Lembra-me o Outono porque é a altura de as apanhar.

- Mercados de rua em que se sentem os aromas de todas as frutas e legumes ao mesmo tempo. Recordo um mercado onde vou muitas vezes, o Mercado da Fruta das Caldas da Rainha mas também os mercados de rua típicos das cidades francesas, principalmente.

- O coelho estufado da minha mãe. Delicioso.

- Limão. Este aroma leva-me para Itália e lembra-me Limoncello, uma bebida maravilhosa mas perigosa.

- O aroma que se liberta das dunas. Já tentámos investigar e parece-nos que o aroma a que me refiro vem de umas flores amarelas que, quando secas, libertam um aroma cativante.

- Maresia. Palavras para quê? É o aroma da indolência, das férias junto ao mar. E também me leva para o restaurante de La Coruña onde comi os melhores mexilhões da minha vida.

- Canela, o aroma do Natal em família,das filhozes da minha avó na infância ou das filhozes e rabanadas do A. nos últimos anos.

 

Muitos "cheiros" ficaram esquecidos mas já se percebe que a minha memória vive muito do olfacto. Hoje cheira-me a feriado, um feriado que estava mesmo a apetecer porque os últimos dias foram excepcionalmente cansativos a nível físico e mental. Bom feriado.

 

23
Set18

Foto da semana #38

Charneca em flor

IMG_20180921_140151.jpgUm dos meus outfits da passada semana foi a imagem mais votada do instagram do blogue. Sempre que visto uma saia comprida lembro-me do meu avô João. Era o meu avô paterno e faleceu quando eu tinha 9/10 anos. Chamava-me quase sempre "ciganita" mas esta alcunha tinha alguma razão de ser. A verdadeira responsável por esta alcunha foi a minha mãe. Uma das principais características da minha mãe sempre foi o seu jeito para a poupança, essencial nas décadas de 70/80. Durante muitos anos, o meu pai era o único a trabalhar lá em casa. Nunca senti falta de nada mas não havia espaço para luxos. Para além disso também não havia tanta possibilidade de comprar roupa mais barata como hoje em dia. As peças de roupa tinham que durar muito tempo. Como eu era muito magra (bons tempos) e, de ano para ano, crescia mas não engordava, a minha mãe arranjou uma estratégia infalível para as minhas saias durarem mais tempo. Quer fossem compradas ou feitas por ela, eram quase sempre compridas. Assim podia continuar a vesti-las durante mais tempo. Eu ia crescendo, a cintura era a mesma e a saia ia ficando ligeiramente mais  curta. Lembro-me de uma saia de pregas de que gostava muito que durou desde a 1ª à 4ª classe. 

Ora quando o meu avô me via com uma saia comprida, típica das mulheres de etnia cigana, dizia : - olha, lá vem a ciganita. E ciganita fiquei até ao fim da sua vida. Durante a adolescência tornei-me adepta das mini-saias já que era moda mas também como forma de contrariar a mania das saias compridas que a minha mãe tinha. Foi a minha forma de rebeldia mas, na verdade, sempre gostei de saias compridas. Adoro o aspecto imponente que me conferem e deliro com o movimento do tecido à volta das pernas. 

 

P.S. - Atenção que a palavra "ciganita" é usada neste post com muito carinho e sem sentido depreciativo. Nesta época do politicamente correcto é sempre bom fazer esta ressalva.

29
Jul18

Foto da semana #30

Charneca em flor

IMG_20180724_164216.jpg

Esta foi a imagem da semana. Por ter estado de serviço, estive de folga na 3a feira. Assim houve tempo para ir até à ilha do Baleal. A manhã não estava muito convidativa mas depois o tempo melhorou. Ainda dormi uma soneca na praia. 

Tenho boas memórias do Baleal. E, ao contrário do que se diz, é bom voltarmos onde já fomos felizes. E construir novas memórias.

16
Mar18

Desafio das 52 semanas - semana 11

Charneca em flor

20817683_bPD0p.jpeg

 

O tema da Tag 52 semanas transporta-nos ao passado. Vou tentar completar a frase "Os meus brinquedos favoritos na infância eram..."

Não tenho uma memória muito nítida da minha infância. Imagino que seja porque a  minha vida foi marcada pela morte do meu pai quando eu tinha 14 anos. Tudo o que aconteceu antes desse acontecimento ficou um pouco desfocado. 

Lembro-me de adorar brincar com uma boneca grande que nem era minha, era da minha mãe. Era uma boneca típica dos anos 70, tinha cerca de 40/50 cm e um vestido de renda. Ou seja, quando comecei a brincar com ela éramos quase do mesmo tamanho. A minha brincadeira preferida era fazer de conta que era médica e a boneca era a doente. Coitada, tinha sempre a cabeça preferida.

Outra brincadeira gira era pôr um cordel preso nas pernas das cadeiras da sala de jantar e "estender" a roupa das bonecas. A imaginação das crianças não tem limites e transforma pernas de cadeiras, cordéis e molas em brinquedos.

Tambem me recordo de, ainda bem pequena, adorar um puzzle daqueles com cubos de madeira. Brincava tanto com ele que os desenhos já quase não se viam.

Quando ia brincar para casa do meu primo, não tinha problema nenhum em me divertir com carrinhos dele. Uma das nossas brincadeiras era pôr os carrinhos todos em fila (e se eram muitos). Era um engarrafamento a caminho da Praia da Figueirinha em Setúbal o que acontecia com alguma frequência nos idos anos 70 e 80.

Ou o peluche da Abelha Maia que tinha asas e tudo. O que nós voavamos juntas.

E não posso esquecer os livros. Esses faziam mesmo muito, muito feliz.

Que saudades desse tempo em que eu via o mundo com lentes cor de rosa.

04
Out16

Com lentes cor de rosa

Charneca em flor

Aqui há dias um antigo colega da escola publicou 2 fotografias da nossa turma do 9º ano. Foi muito giro e emocionante descobrir aquelas imagens com quase 28 anos. Nem me lembrava que existiam nem tão pouco me recordava daquela ocasião ter acontecido. Alguns colegas já nem sei como se chamam e da professora também não me lembro do nome. Lembro-me bem dela já que foi minha professora em 2 anos seguidos, lembro-me da interacção com ela, lembro de que tipo de pessoa era, lembro de ir jantar à casa dela com outros colegas, lembro-me de tudo mas o nome está escondido nos recantos da minha memória. No entanto, a alcunha dela é inesquecível "A sargento". Impressionantes as partidas que a memória nos prega. O nono foi um ano lectivo muito particular. Foi o pior ano da minha vida porque perdi o meu pai logo na primeira semana (dia 9 completam-se 28 anos sobre esse acontecimento marcante e preponderante). A revolta que senti, a pergunta "porquê a mim?" repetida tantas vezes, somada à adolescência tornaram esse ano muito negro. Ainda por cima a turma era nova, tinha deixado as minhas melhores amigas dos anos anteriores. Valeu-me, apesar de tudo, o poder das novas amizades, principalmente a de uma outra rapariga que perdera a mãe uns anos antes. Essa pessoa faz parte da minha vida até hoje mesmo que, agora, nos encontremos muito pouco. Também foi no nono que eu aprendi a ser mais humilde. Até essa altura estava convencida que era muito boa aluna, a melhor. E fui nas turmas anteriores mas esta turma era muito mais equilibrada e havia outro aluno melhor do que eu. Foi o meu maior rival. Enquanto encarei os testes com esse sentimento de rivalidade, os resultados nem sempre foram os que eu queria. A dada altura aceitei a realidade e comecei a estudar para dar o meu melhor. Assim correu tudo de maneira diferente. Umas vezes o melhor era ele, outras vezes era eu.

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Aquela publicação trouxe-me inúmeras recordações. Fui ler o meu antigo diário, lembrei-me das paixões "assolapadas" e platónicas dessa altura, lembrei-me dos sonhos e da ingenuidade com que eu olhava a vida... com lentes cor de rosa. Porque, apesar da morte do meu pai, eu continuei a ter uma visão cor de rosa do mundo. A publicação do PF fez-me olhar para dentro e perguntar-me onde está essa miúda sonhadora e ingénua. Ainda faz parte de mim? Ainda a guardo cá dentro ou perdi-a pelo caminho?

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