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O Voo da Garça

Sonhos, desejos, opiniões, instantes da vida diária...

O Voo da Garça

Sonhos, desejos, opiniões, instantes da vida diária...

21
Fev19

Coisas que não entendo

Charneca em flor

Para quem não sabe, eu sou farmacêutica e trabalho numa farmácia quase há 20 anos. O  meu dia de trabalho é recheado de peripécias. Ontem ocorreu uma cena recorrente que eu nunca consigo entender. Vejam lá se percebem:

 

Utente - e dê-me também 1 caixa daquele medicamento para a diarreia que se dissolve na boca.

 

Eu coloco o medicamento em causa, Imodium Rapid, em cima do balcão.

 

Utente pegando na caixa e mostrando intenção de ver o blister - Posso ver?

 

Eu - Por enquanto, pode. De futuro os medicamentos vão passar a vir selados. 

 

Utente - É isto mesmo 

 

Eu, pensando - Obviamente que é esse. Não existe outro com essas características.

 

Utente - Quanto custa?

 

Eu - x,xx €.

 

Utente - Ah, é muito caro.

 

Eu - Existe a mesma substância mais barata porque é genérico, só que são cápsulas para engolir.

 

Utente - Ah, então mostre-me.

 

Lá fui buscar o genérico já com a paciência a diminuir.

 

Utente perante a caixa - Posso ver?

 

Abriu a caixa, olhou para o blister, virou-o de um lado para o outro.

 

Utente pegando no Imodium Rapid - Afinal levo este.

 

Nunca consigo entender porque é que as pessoas têm necessidade de ver o medicamento por dentro. Se eu já tinha explicado as características do 2o medicamento, qual é a necessidade de olhar para o medicamento? Será que a utente queria ver se gostava da cara das cápsulas? Será que só de olhar para ele percebe o efeito que faz? Juro que não entendo.

 

11
Jan19

Irritações #5

Charneca em flor

É verdade que este ano eu me queria dedicar à gratidão como se pode comprovar pela minha adesão ao desafio da Maria das Palavras. Mas ontem fui "contaminada" pela irritação. Aconteceu no meu trabalho. Julgo que a maioria dos meus leitores sabe que sou farmacêutica. A época das gripes e das constipações está em pleno. Para além da panóplia de medicamentos não sujeitos a receita médica que já existem, foram lançados 2 novas fórmulas que têm a particularidade de se poderem beber com água quente como se fossem um chá. Como a pessoa responsável pelas compras não considerou que esses medicamentos tivessem qualquer mais-valia em relação aos que já existiam resolveu não os comercializar. A composição é à base de paracetamol e um anti-histamínico, ou seja, idêntico a todos os outros. A única diferença é ser dissolvido em água quente ou fria. Qualquer um dos outros, se for tomado com um chá, faz exactamente o mesmo efeito. Só que já apareceram várias pessoas a pedir os tais medicamentos novos. Fiquei na dúvida: as pessoas já não sabem, ou não querem, fazer um chá de limão com mel ou o marketing é mesmo muito poderoso?!

cha-de-limao-mel-620x330.jpg

 

O que me irrita é a possibilidade de as pessoas, cada vez mais, quererem tudo instantâneo. Fazer um chá requerer algum tempo e a voragem dos dias já não se coaduna com este ritual. Será que é isto?

03
Jul18

Madonna, Medina e o estacionamento

Charneca em flor

645777.png

 

Esta história do estacionamento cedido pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) à Madonna é uma grande parolice, não é?

Primeiro, o acordo já existe desde Janeiro. Como é que só foi conhecido agora?

Segundo, a subserviência das instituições públicas perante famosos é gritante. Aqui há meses, a anterior Ministra da Administração Interna recebeu Madonna em privado, alegadamente, para discutir a possibilidade de acelerar o visto de permanência da senhora. Agora é a CML que cede um terreno para a Sôdona Madonna estacionar os carritos. Todos as 15 viaturas de que ela precisa para viver em Lisboa (!). À primeira vista podíamos pensar que era um excelente negócio para a CML mas, afinal, vai pagar só 750 €. Eu acho escandalosamente barato, até porque a localização é relativamente central (Rua das Janelas Verdes). Coitada, como está a ter muitas despesas nas obras de remodelação do Palacete Ramalhete, a CML achou por bem fazer um desconto à senhora.

palacio-ramalhete-lisboa-madonna-by-02-e1530460312

 

 

Terceiro, a comunicação social dá demasiada importância a estas personagens. Mas que importância tem a Madonna, hoje, no panorama musical? Quantas músicas conhecem da Madonna? Não vale dizer o Like a Virgin.

Quarto, há sempre pessoas, como eu, que vêem e lêem estas notícias. Também somos um bocadinho parolos, não é verdade?

 

P.S. - Continuem a estender a passadeira vermelha para todos os estrangeiros e a enxotar os que cá vivem, e pagam impostos desde sempre, que vão longe. Se Lisboa, e Portugal, não tiver qualidade de vida para os que cá vivem, também deixar de ter qualidade de vida para os que vêm de fora. Mais tarde ou mais cedo...

06
Mar18

Mais visitas, piores comentários

Charneca em flor

IMG_20180306_100228.jpgOntem fiz um post sobre a música que ganhou o Festival da Canção, não só porque sou fã do Festival mas também porque, por aqui, 2a feira é dia de música. A equipa do Sapo escolheu o meu post para destaque na página principal do Sapo. Ora isso significa um estrondoso aumento de visitas. A questão é que aparecem todo o tipo de pessoas. Geralmente a maior parte dos comentários não são simpáticos. As pessoas são livres de gostarem ou não deste formato assim como são livres de apreciar a música escolhida ou detestar. Até aí tudo bem. O que me espanta é o facto de as pessoas se darem ao trabalho de comentar só para dizerem mal por dizerem. Ao menos fizessem uma crítica construtiva. É um fenómeno que também se verifica nas caixas de comentários dos jornais. Não consigo entender. Eu quando leio um post ou uma notícia com a qual não concordo, passo à frente. Se não gosto de um programa, mudo de canal ou na próxima vez já não vejo. Agora perder tempo a ser desagradável com as outras pessoas é mesmo uma perda de tempo. 

03
Mar18

Mas que puritanos

Charneca em flor

Durante esta semana ficou a saber-se que o Facebook tinha censurado uma foto de uma pequena estatueta com mais de 25 mil anos, a Venus de Willendorf. Consideraram conteúdo pornográfico. Fiquei muito preocupada com a minha preparação académica. É que tenho ideia de ver esta mesma imagem no meu livro de História do 7º ou 8ºano. Será que nos anos 80, os livros escolares divulgavam imagens pornográficas?! 

(espero que o  não me retire a imagem)

Ao que parece, já vieram assumir o erro mas demoraram mais de 2 meses.  Já não é a primeira vez que acontecem este tipo de episódios com produções artísticas.

Dava jeito era bloquearem aquelas publicações lamechas com frases feitas e imagens do pôr-do-sol, autêntica poluição visual.

As redes sociais, ou melhor, as pessoas que as gerem estão empenhadas em formatar o nosso pensamento e o nosso conhecimento. Actualmente, no feed de notícias dão primazia às publicações dos nossos amigos e familiares. Tudo bem, tenho muito gosto em saber o que acontece com eles mas se eu sigo, voluntariamente, páginas informativas porque também quero saber o que acontece no resto do mundo, qual é a justificação para isso desaparecer do meu feed?

É por estas e por outras que o Facebook é cada vez menos a minha praia.

16
Jan18

Mórbido

Charneca em flor

No domingo houve um acidente com uma pessoa na linha de comboio perto do meu emprego. Um dos utentes da farmácia é que nos contou. Com pormenores mórbidos, muito mórbidos como se contasse uma cena de um filme de terror e não uma situação real, com uma pessoa real que existia mesmo.Ontem o assunto era tema de conversa. Com pormenores cada vez mais mórbidos e com imensas teorias sobre o que se teria passado para que o acidente tivesse acontecido.Qual é o prazer que as pessoas retiram destas conversas?!

16
Nov17

Há pessoas com muita lata

Charneca em flor

Há uns anos atrás, uma das minhas colegas despediu-se de maneira intempestiva para emigrar. Em tempo de férias, ficámos com menos uma funcionária (mais as ausências por férias) em meia dúzia de dias. Numa empresa pequena, faz alguma diferença. Eu senti na pele essa saída repentina.

A minha patroa ficou muito abalada porque a adorava e deu-lhe muitos privilégios em detrimento das outras funcionárias (pensando bem, se calhar foi merecido que ela se tivesse ido embora repentinamente mas enfim...).

Não satisfeita com ter saído assim sem a mínima consideração por ninguém, ainda pediu referências. Eu, cheia de boa vontade, acedi a preencher o questionário enviado. 3 meses depois mudou de emprego e lá veio outro questionário. Lá me esforcei para preencher outro questionário e ainda por cima em inglês. Desta vez, já com menos boa vontade.

Agora, 3 anos depois, mudou de emprego outra vez. Não falava comigo há que tempos. Hoje meteu conversa comigo no Messanger. E porquê, perguntam vocês?! Exacto, para pedir novas referências. Se ela continuar a mudar de emprego, durante quanto tempo, depois de deixar de trabalhar connosco, irá continuar a pedir-nos referências?! 10 anos, depois? 20?

06
Fev17

Irritações #3

Charneca em flor

Acabei de sair da minha noite de serviço. Não é um trabalho fácil mas é imprescindível. Se a população precisa, as farmácias devem estar disponíveis. Agora é preciso ver que atrás do vidro está uma pessoa que podia estar em casa a dormir confortavelmente mas está ali, disponível para ajudar. Não é uma máquina. Esta introdução serve para relatar o que me irritou esta noite (também acontece nos atendimentos diurnos mas à noite devo estar mais susceptível):

Passava das 5 da manhã e tocam à campainha. Estou acordada a ler e não levo muito tempo a atender. Mesmo durante a noite de serviço, esforço-me para saudar e cumprimentar as pessoas com a mesma simpatia com que o faço durante o dia. Entra uma senhora na casa dos 40/50. Digo "Boa noite", do outro lado silêncio absoluto. Estende-me a receita continuando a não dizer palavra. Pergunto se quer NIF na factura, estende-me o cartão do cidadão sempre em silêncio. Começo-me a interrogar: "Se calhar é muda". Digo o valor e a personagem dá-me o dinheiro. Finalmente antes de sair digna-se a falar (não era muda). "Boa noite e obrigada". Vá lá, redimiu-se no fim. 

É verdade que é o meu trabalho e que sou paga para o desempenhar da melhor maneira possível mas é assim tão difícil ser simpática para quem a atende?! 

Que tipo de sociedade estamos a construir?!

 

P.S. - Felizmente atendi uma senhora mais velha que até me pediu desculpa por incomodar. 

 

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