Blogmas 2017 - Fantasias de chocolate
Para quem foi criança nos anos 80, este anúncio não é novidade. Sempre fui gulosa e gosto muito destes chocolates de Natal. Adoro aquele "crunsh" que se sente ao mordê-los. Ao crescer fui deixando de colocá-las na árvore de Natal até porque, por estranho que pareça, as memórias que tenho das fantasias de Natal estão relacionadas com o meu pai.
Nos anos 80 do século passado, esse tempo longínquo, não havia tanta fartura de chocolates durante o ano como há agora. Para além disso, também não havia muito dinheiro para esbanjar. Assim que começavam a aparecer estes no supermercado, o meu pai ia comprando a pouco e pouco. Todos os sábados comprava 2 ou 3 e ia guardando num armário até fazer a Árvore de Natal. Nessa altura lá se colocava os chocolates entre as fitas e as bolas. Os chocolates só se podiam comer depois de se desmanchar a Árvore no Dia de Reis. Obviamente que também não tinha ordem para comer os chocolates todos de uma vez. Aquelas figuras, embrulhadas em papel brilhante e colorido, eram uma tentação.
Durante anos eu fui cumprindo as regras do meu pai com muita dificuldade. Até um dia em que a gulodice falou mais alto. Não consigo precisar quando foi que me rebelei. Presumo que devia ter 9 ou 10 anos porque até aí a minha mãe não trabalhava fora de casa por isso não dava para fazer disparates. A partir dessa idade, ficava algumas horas sozinha em casa. O que é que eu me fui lembrar de fazer? O meu pai começara já a comprar as desejadas fantasias de Natal. Como dizia atrás, a gulodice falou mais alto. Achei que podia abrir um bocadinho da prata, tirar um bocadinho de chocolate e voltar a embrulhar direitinho. E foi correndo tão bem que fui ficando mais afoita e comendo bocadinhos maiores. Quando o meu pai foi fazer a árvore de Natal e pegou nas ditas fantasias é que foram elas. Já estão a imaginar as figuras estavam muito desfalcadas. A fúria do meu pai foi épica. Levei umas boas palmadas (estavamos no anos 80, relembro) e nesse ano não houve mais chocolates para a menina atrevida e gulosa. Coitado do meu pai que ficou mesmo zangado. Ainda me interrogo como é que achei que era possível passar incólume. Doce ingenuidade.
Agora, como todos os chocolates que apetecem e quando me apetece. O pior é o aumento da cintura.
Este ano voltei a pôr chocolates na árvore de Natal e só vou "atacá-los" depois do Dia de Reis. É para me penitenciar por ter magoado o meu Pai, 30 anos depois. Palavra de Charneca.
Apesar deste Pai Natal me ter estado a chamar durante todo o serão de ontem