Cuidado com as parangonas
Entre as mais variadíssimas questões que me causam preocupação, há uma que me estar a deixar genuinamente chocada.
Já é uma frase feita que diz que, na guerra, a primeira vítima é a verdade. Mesmo em Portugal, a mais de 4000 km de Kyiv, a Comunicação Social não está a desempenhar o seu papel da melhor maneira. Para além de se notar que as notícias da guerra nem sempre são confirmadas antes de serem divulgadas, as notícias sobre a escalada dos preços do combustível e dos alimentos estão a tornar-se sensacionalistas. E se certas manchestes são expectáveis de alguns órgãos noticiosos, há outros nos quais eu não esperava ler este alarmismo.
Temo que este tipo de notícias provoque uma corrida desenfreada aos supermercados, acontecimento já visto anteriormente, o que conduzirá, efectivamente, a falta de alimentos não perecíveis nas prateleiras das lojas. Até poderei concordar com o racionamento o quanto antes se isso significar que, quem tenha meios económicos, não possa comprar toneladas de farinha, massas e conservas que depois farão falta a outras pessoas menos abonadas. Com este tipo de primeiras páginas, não demorará muito até vermos a repetição de imagens de pessoas a correrem aos supermercados. E já sabemos que esse fenómeno é uma bola de neve porque tem o efeito de levar mais pessoas a fazerem o mesmo que vêem na televisão.
Por fim, quero só reiterar que tinha o Expresso na conta de jornal sério mas, de quando em vez, sofro uma dolorosa desilusão.