Foto da semana #38
Um dos meus outfits da passada semana foi a imagem mais votada do instagram do blogue. Sempre que visto uma saia comprida lembro-me do meu avô João. Era o meu avô paterno e faleceu quando eu tinha 9/10 anos. Chamava-me quase sempre "ciganita" mas esta alcunha tinha alguma razão de ser. A verdadeira responsável por esta alcunha foi a minha mãe. Uma das principais características da minha mãe sempre foi o seu jeito para a poupança, essencial nas décadas de 70/80. Durante muitos anos, o meu pai era o único a trabalhar lá em casa. Nunca senti falta de nada mas não havia espaço para luxos. Para além disso também não havia tanta possibilidade de comprar roupa mais barata como hoje em dia. As peças de roupa tinham que durar muito tempo. Como eu era muito magra (bons tempos) e, de ano para ano, crescia mas não engordava, a minha mãe arranjou uma estratégia infalível para as minhas saias durarem mais tempo. Quer fossem compradas ou feitas por ela, eram quase sempre compridas. Assim podia continuar a vesti-las durante mais tempo. Eu ia crescendo, a cintura era a mesma e a saia ia ficando ligeiramente mais curta. Lembro-me de uma saia de pregas de que gostava muito que durou desde a 1ª à 4ª classe.
Ora quando o meu avô me via com uma saia comprida, típica das mulheres de etnia cigana, dizia : - olha, lá vem a ciganita. E ciganita fiquei até ao fim da sua vida. Durante a adolescência tornei-me adepta das mini-saias já que era moda mas também como forma de contrariar a mania das saias compridas que a minha mãe tinha. Foi a minha forma de rebeldia mas, na verdade, sempre gostei de saias compridas. Adoro o aspecto imponente que me conferem e deliro com o movimento do tecido à volta das pernas.
P.S. - Atenção que a palavra "ciganita" é usada neste post com muito carinho e sem sentido depreciativo. Nesta época do politicamente correcto é sempre bom fazer esta ressalva.