Já não há silly season
Habitualmente, esta altura do ano é designada por silly season, que é como quem diz uma época em que não se passa nada de importante. Os comentadores políticos e económicos interrompem as suas rubricas para irem de férias. As notícias resumem-se a falar de assuntos "menores" como o calor, ou a falta dele, os turistas, as praias, ou, quando há ondas de calor e incendiários, fala-se do martírio dos incêndios florestais (que não é, de todo, um assunto menor). Mas isso era dantes. Já no ano passado, a silly season portuguesa foi marcada pela crise na coligação devido à demissão do Ministro das Finanças e à "irrevogável" demissão de Paulo Portas a qual deu um novo significado à dita palavra. Este Verão também não está ser tão despreocupado como antigamente. A crise das várias empresas do universo Espírito Santo (banco incluído), a campanha para as inéditas eleições primárias do PS, os acordãos do Tribunal Constitucional e, a nível internacional, o vírus Ébola e os vários palcos de guerra fazem com que, este ano, não se possa de todo desligar o cérebro (e a televisão) sob pena de ficarmos completamente desactualizados. Já estou com saudades dos blocos noticiosos com 20 minutos de imagens de praia. Parece que a nossa silly season foi de férias para paragens mais agradáveis.