Jorrará leite e mel
Ontem assinalou-se o Dia Mundial da Abelha. Lembrei-me de fazer uma publicação no Instagram alusiva ao tema. E escolhi um frasco de mel para o efeito. Sempre tive fácil e abundante acesso a mel caseiro. Quando era miúda quase todos os homens da família eram apicultores nas horas vagas; o meu avô paterno, o meu avô materno, o meu pai e o meu tio. Nessa altura não ligava muito a mel. Até chegava a dizer que não gostava. Acontecia mais ou menos como as nêsperas de que falei há dias embora a aversão a estas frutas fosse maior do que ao mel.
Depois, um a um, fui perdendo o meu avô paterno, o meu pai e por fim o meu avô materno. Só sobrou o meu tio J., verdadeiro apaixonado da apicultura. O mel deixou de ser tão abundante com antes. E foi nessa altura que eu comecei a apreciar este laborioso trabalho das abelhas.
O meu tio está a ficar mais idoso e tem inúmeros problemas de saúde. Não sei durante quanto tempo ainda vou ter a possibilidade de me deliciar com um chá adoçado com mel ou um bolo de mel tipicamente alentejano. E já lhe estou a sentir a falta.
Mais uma prova de que não damos o real valor aquilo que temos em abundância. Só quando se torna mais escasso é que o apreciamos verdadeiramente.