Mário Alberto Nobre Lopes Soares, 1924-2017
Museu da Presidência
Para mim, morreu o Bochechas. Era por este nome carinhoso que Mário Soares era conhecido durante a minha infância. Uma figura incontornável da nossa História Contemporânea que marcou Portugal de modo indelével. Mário Soares lutou contra o regime salazarista, esteve preso, viveu no exílio. Lutou pela democracia nos conturbados tempos do PREC, foi Ministro, foi Primeiro-Ministro por 3 vezes, fez 2 mandatos como Presidente de República (com muita popularidade). Mesmo com idade já avançada foi deputado europeu e candidatou-se, pela terceira vez, à Presidência da República em 2006 com 81 anos. Um homem que nunca deixou de ter um papel activo na política nacional. Foi ele que negociou a adesão à CEE (hoje União Europeia).
Apesar de tudo, nunca deixou de ser uma figura controversa, amado por uns ou odiados por outros. O processo de descolonização não foi consensual. Esses sentimentos são visíveis mesmo hoje, no dia da sua morte, nas caixas de comentários das notícias da sua morte ou das redes sociais.
Recordo a inesquecível campanha presidencial de 1986, e o célebre slogan ”Soares é fixe", em que Mário Soares esteve em campanha na minha terra. Nessa campanha, Mário Soares partiu em desvantagem mas, contra todas as expectativas, conseguiu passar à 2a volta assim como o candidato de direita, Freitas do Amaral. Na 2a volta, o PCP, partido que na altura tinha relações muito tensas com o PS, apelou ao voto em Mário Soares para derrotar a direita. Segundo se conta, Álvaro Cunhal aconselhou os comunistas a tapar a fotografia de Mário Soares para conseguirem votar nele.