Marisco invulgar
O que vou relatar se passou há uns anos, mais de 10 anos. Era 25 de Dezembro. Nessa altura, o meu dia de Natal era passado no Alentejo, na casa da minha avó, regressando ao fim do dia. Naquele ano estava com a minha mãe e com o ex (adiante também mencionado por o "falecido"). Nenhum de nós estava com vontade de fazer jantar e resolvemos ir a um restaurante da nossa terra. Não era um dos meus favoritos mas também não havia muitos opções disponíveis.
Não me recordo do que eu e a minha mãe comemos. Só me lembro que o "falecido" escolheu açorda de marisco. É pitéu que eu não aprecio mas o "falecido" gostava muito.
Logo nas primeiras garfadas, o ex encontra algo no prato que parecia ser uma ameijoa. Quando tenta tirar o molusco, percebe que era outra coisa. A açorda tinha um marisco muito invulgar, uma carica. Isso mesmo, uma carica. E estava misturada com a açorda donde se depreende que tinha vindo da cozinha. O chef terá tido uma sede repentina, talvez?
Discretamente, chamámos o empregado de mesa para lhe mostrar o achado. Obviamente, ficou perturbado, desfez-se em desculpas e prontificou-se a trazer outro prato. É claro que o "falecido" já não arriscou na açorda. O caso podia ter ficado por aí.
O que torna ainda mais interessante é que o dono e gerente do estabelecimento estava presente. Ele percebeu o que se tinha passado.
O que é que vocês fariam no lugar dele? Eu digo o que faria. Dirigia-me aos clientes para reafirmar os pedidos de desculpas e oferecia qualquer tipo de compensação pelo incómodo, como por exemplo, oferecia os cafés ou uma garrafa de vinho por conta de casa. Pelo menos, assumia o erro perante os clientes e tentava, apesar de tudo, salvar a imagem do restaurante.
O dono do local fez o quê? Nada, nem se mexeu do sítio onde estava.
E, no fim, pagámos tudo excepto a açorda. Também era só o que faltava.
Esta é a minha participação no desafio do Blogs do Sapo. Ainda vão a tempo de participar.