O ano mais estranho das nossas vidas
Embora tenha sido identificado no dia anterior, faz hoje 1 ano que foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 em Portugal. Até agora já foram confirmados 804 686 casos e já faleceram, desta patologia, 16 351 pessoas. Ao longo destes 365 dias, fomos acompanhando, através da comunicação social, a evolução da doença no nosso país e no mundo.
O país foi sujeito a um primeiro confinamento cerca de 20 dias depois do primeiro caso identificado e durou perto de 1 mês e meio. Para quem se manteve sempre a trabalhar como eu, esses dias foram muitos estranhos com as ruas, efectivamente, vazias, a estrada sem carros, as filas para entrar no supermercado. Bem vistas as coisas, foi assustador porque estava-se perante o desconhecido.
No princípio da pandemia, o nosso país foi considerado um dos melhores a controlar a transmissão mas isso também se alterou. Já este ano, e durante várias semanas, fomos o país da União Europeia onde a doença esteve mais descontrolada.
Muito mudou e evoluiu ao longo destes 12 meses. No princípio, apenas algumas pessoas usavam máscara e, actualmente, o seu uso é obrigatório na maioria das situações. Às vezes dou por mim a olhar em volta, vejo todas as pessoas de máscara, penso que estamos a ser ridículos e que ficámos todos doidos. O que nos deu para andarmos de máscara? Mas, depois lembro-me que estamos a viver uma pandemia provocada por um vírus extremamente contagioso. A desinfecção das mãos entrou nas nossas rotinas.
A Covid-19 andou mais perto de uns do que de outros. Aliás, eu senti-o na pele, felizmente, de forma leve mas com grande preocupação no início.
No início deste ano entraram-nos imagens inacreditáveis pela casa dentro. Filas de ambulâncias durante horas à porta dos hospitais que estiveram muito perto da ruptura completa. Os funerais, de doentes covid e não covid, aconteciam muitos dias depois das pessoas falecerem prolongando o sofrimento das famílias. Foi duro, muito duro. Voltámos ao confinamento mas com aspecto completamente diferente do primeiro. As pessoas já não estão a levar o confinamento com muito rigor. Fala-se de cansaço pandémico. Seja como fôr, a situação parece quase controlada.
No entanto, acenderam-se várias luzes ao fundo do túnel. Poucos acreditavam ser possível mas, em tempo recorde, surgiram várias vacinas que já começaram a ser administradas. Infelizmente, as empresas farmacêuticas têm falhado nos prazos de entrega e, em Portugal, ainda há poucas pessoas inoculadas. A imunidade de grupo está muito distante.
Não sabemos o que o futuro, e as novas estirpes, nos reservam. Uma coisa parece certa, a própria OMS o afirmou, a pandemia não se vai resolver, na totalidade, em 2021.
Só nos resta aguardar e aprendermos a viver com este vírus. Eu tenho muito receio de que o novo normal passe a ser só normal.
E era assim que eu pensava em Janeiro de 2020