O homem do rosto sorridente
Nos últimos dias têm-se falado muito sobre suicídio, a reboque do falecimento do actor Pedro Lima. O suicídio sempre me fez muita confusão. E quando estas coisas acontecem, o meu primeiro pensamento é sempre o mesmo: " como é que ele/ela foi capazes de fazer isto aos filhos?".
Não sei de onde vem este meu pensamento. Não sei se tem a ver com o facto de ter perdido o meu pai muito cedo ou com o facto de ter lidado com o suicídio de uma pessoa próxima na infância. Perdi uma tia assim e nunca percebi como é que ela foi capaz de "abandonar" os filhos. Ou talvez seja por eu nunca ter tido filhos e achar que, quem teve a felicidade de os ter, tem a obrigação de lutar contra tudo e contra todos para os proteger.
Não sei se o suicídio é sinal de fraqueza ou, pelo contrário, de coragem. Nem vou entrar nessa discussão. Já passei por imensos problemas, por inúmeras angústias e nunca me deixei cair numa situação de desespero tal que me levasse, sequer a equacionar essa possibilidade.
No entanto, eu não sou ninguém para julgar os outros. Eu consegui sempre, até agora, dar a volta por cima mas há quem não consiga. Ninguém sabe o que é que vai encontrar ue se têm escrito por aí. O seu sofrimento já é suficiente.
Ao que tudo indica, o actor sofria de depressão e essa situação já se vinha a arrastar. Provavelmente não estaria a ser tratado. Quem o conhecia, diz que ele tinha sempre uma palavra para ajudar os outros. Mas não procurou ajuda.
A saúde mental em Portugal sempre foi descurada e agora mais do que nunca, infelizmente. Uma doença deste foro é tão, ou mais, grave que uma doença física. Só que não se vê, não se mede, só se sofre, muitas vezes em silêncio.
Estejamos mais atentos a nós próprios e aos outros.