O mar numa lata
A moda já não se restringe só à roupa, aos sapatos ou aos acessórios. Cada vez mais se estende a outras áreas como as bebidas, de que falarei noutra ocasião, e a comida. O interesse pela gastronomia é crescente como se pode ver pelos constantes programas e concursos de culinária como o Masterchef, por exemplo, de que eu sou fã, especialmente do australiano. Os chefes de cozinha tornaram-se verdadeiras estrelas no firmamento da nossa sociedade. Este interesse tem levado a que se redescubra sabores da nossa gastronomia que andavam esquecidos como sejam as conservas. A indústria conserveira foi muito importante para a nossa economia no passado principalmente na zona de Setúbal e no Algarve. Actualmente, já não existem tantas fábricas mas continuam a ter grande importância na nossa balança comercial até porque exportam 65 a 90% da sua produção. No estrangeiro, há muito que as nossas conservas, principlamente as de sardinha, são consideradas produto gourmet. Aqui, tenho a impressão, que o consumo de conservas foi sendo abandonado, à excepção do atum. Parece-me que, durante algum tempo, foram conotadas como "comida pobre" ou de "desenrascanço" quando não havia tempo, ou vontade, de cozinhar. No entanto, agora também já se vai considerando como comida gourmet muito graças ao aparecimento de restaurantes para isso vocacionados como este. Agora há pouco estive num supermercado que tinha uma secção de conservas verdadeiramente impressionante que ia muito para além das sardinhas, do atum ou da cavala. Encontrei conservas de peixes tão improváveis como a dourada, bacalhau, corvina ou a lampreia e a preços nada acessíveis (uma lata de dourada passava de 6 €). Conservas já não são só comida de pobre.
Agora virou moda consumir peixe em conserva e ainda bem. Há que apreciar aquilo que temos de melhor. Assim continue a haver matéria-prima para as indústrias continuarem a produzir estas delícias.