Porque eu podia
Ser livre e não sabia
Hoje fui visitar a Fátima Bento no blogue Porque eu posso. O texto que publico aqui foi a minha participação no giveway que assinalou o aniversário do blogue e partiu da questão: 《O que é que fizeste na vida partindo da premissa “porque eu posso"?》.
Optei por contar uma situação que vivenciei há muitos, muitos anos. Foi numa outra vida que me parece tão distante que já nem sei se me aconteceu, se a imaginei ou se aconteceu a outra pessoa.
No Verão de 2006 fiz algo pela primeira vez e, pensando bem, foi a única vez que realizei tal feito. O mês de Julho chegou trazendo o meu aniversário e as minhas férias de Verão. Lembro-me que decorria o Campeonato Mundial de Futebol na Alemanha. Naquela altura estava, mais uma vez, separada daquele que, no ano seguinte, se tornaria no meu ex-marido. A minha mãe não podia tirar férias e não havia nenhuma amiga disponível para ir de férias comigo. Não me apetecia, de todo, ficar 15 dias sozinha em casa, a alimentar a mágoa de um casamento falhado.
Se bem me recordo, a ideia surgira algumas semanas antes de as férias se iniciarem. Num domingo, bem cedo, fui dar um longo passeio com a minha mãe até uma pitoresca aldeia da Costa Vicentina. Não sei se chegámos a ir à praia mas lembro-me de termos almoçado num dos melhores restaurantes da zona. Eu conhecia bem o local e o mês de Julho ainda era relativamente pacato em termos de ocupação turística. Foi nesse dia que resolvi que voltaria lá para passar 1 semana de férias, sozinha. Se calhar, tinha a esperança de encontrar um amor de Verão que me fizesse esquecer o meu desgosto amoroso. Antes desse domingo acabar, reservei um bungalow num parque de campismo e comecei a contar os dias até ao início das férias.
No dia 1 de Julho, fiz as malas, enchi o porta-bagagens com tudo o que me podia fazer falta, incluindo um televisor, e fiz-me à estrada. Ia decidida a passar uma excelente semana de férias. No dia 5 de Julho eu celebraria o meu 32° aniversário e não me incomodava nada passá-lo de maneira bem diferente, completamente sozinha.
E porque é que eu fiz isto? Porque podia, porque não devia satisfações a ninguém e porque era independente*. Nada me impedia de pegar no carro e ir até onde me apetecesse.
Imagem daqui
*Infelizmente, ainda estava muito dependente emocionalmente do meu ex-marido. Não sei o que me levou a contar-lhe onde ia, na véspera de partir. Ele surpreendeu-me, aparecendo por lá no dia do meu aniversário e fizemos as pazes. Mas isso… é outra história.