Presente de Natal envenenado
A passada semana trouxe um cenário trágico, embora expectável, em relação ao número de casos positivos de Covid-19 bem como ao número de mortos. Os hospitais estão no limite quer em relação aos doentes Covid quer em relação a outras patologias respiratórias. Ouvimos na Comunicação Social, e nas conversas do dia-a-dia, a atribuição de responsabilidades ao Governo neste agravamento da pandemia em Portugal. Há quem alegue que não se devia ter aliviado as medidas no Natal ou que deviam, mesmo, ter sido agravadas estabelecendo, por exemplo, um número máximo de pessoas, ou de agregados familiares, nas celebrações particulares desta quadra.
É bem verdade que os países que seguiram esse caminho apresentam uma curva descendente no número de casos enquanto por aqui se enfrenta uma terceira onda gigantesca.
Quanto a mim, acho que cada indivíduo tem a sua quota-parte de responsabilidade. Porque é que estamos sempre à espera de um Estado paternalista que nos diga o que podemos, ou não, fazer? Não temos cabeça para pensar? O bom senso está em vias de extinção? Já que não era proibido, vamos juntar a família toda na ceia de Natal como é habitual. Deve ter havido muitas pessoas a pensar isso, com certeza. Ou então a fazer testes que, ao darem negativo, podem ter dado uma falsa sensação de segurança. Há um período, após o contacto com alguém doente, durante o qual ainda não se tem carga viral detectável.
Tudo indica que caminhamos a passos largos para um confinamento geral. Aguardemos pelos próximos desenvolvimentos.