Quem denunciou Anne Frank?
Anne Frank foi uma jovem alemã de origem judaica. A família da jovem mudou-se para Amsterdão numa tentativa de escapar às perseguições perpetradas pelo regime nazi aos judeus. No entanto, os Países Baixos foram também invadidos pelos alemães em 1940 estendendo a perseguição a este país. Em 1942, a família de Anne Frank acaba por se esconder numas pequenas divisões secretas que existiam no edifício da empresa de Otto Frank, pai da jovem.
Durante cerca de 2 anos, e ajudados por antigos funcionários da empresa de Otto Frank, sobreviveram num espaço exíguo. A família de Anne Frank era constituída pelos pais, Otto e Edith, e pelas jovens Margot e Anne. Posteriormente juntaram-se a eles mais uma família de 4 pessoas, seus amigos, bem como um dentista, amigo de ambas as famílias. Os funcionários que os ajudaram foram verdadeiros heróis porque arriscavam ser presos e executados por auxiliarem judeus o que era considerado um crime muito grave.
Apesar de se terem avançado com várias hipóteses ao longo dos anos, nunca se soube de onde partiu a denúncia que levou a Gestapo a descobrir o anexo secreto, em 1944. Até agora. Uma investigação liderada por um ex-agente do FBI avança com a hipótese de o denunciante ter sido um notário judeu colaboracionista. Tudo indica que este homem o fez para salvar a sua própria família entregando à Gestapo uma lista de endereços onde, supostamente, se escondiam judeus e essa lista incluía o edifício onde se encontrava o anexo secreto. Esta investigação deu origem a um livro, "The Betrayal of Anne Frank", da canadiana Rosemary Sullivan.
Casa-Museu Anne Frank
A Casa-Museu Anne Frank já se pronunciou sobre a investigação considerando-a fascinante mas afirmando que serão necessárias mais investigações.
Há vários anos tive o privilégio de visitar a Casa-Museu Anne Frank e essa experiência marcou-me profundamente. Na loja do Museu comprei "O Diário de Anne Frank" que li já adulta como descrevo aqui.
Não vejo grande necessidade, ou mesmo sentido, nesta investigação. Qual é o interesse de se saber quem foi o denunciante passados 77 anos sobre a morte desta jovem tão especial? Para percebermos a natureza humana e entendermos o que leva alguém a ser denunciante e contribuir para o sofrimento alheio? A única vantagem desta notícia é divulgar uma vez mais a figura de Anne Frank e o seu diário. Mais jovens, ou mesmo adultos, deveriam ler "O Diário de Anne Frank". Seria preciso ter um coração de pedra para ficar indiferente àquele relato enternecedor. A lição que se pode tirar da história da vida de Anne Frank é que não faz qualquer sentido perseguir alguém seja por que motivo fôr. Infelizmente, esta lição ainda está longe de ser apreendida de forma universal.
Fonte deste post aqui.
Nota: Anne Frank, a sua mãe e a sua irmã morreram num campo de concentração. O pai, Otto Frank, foi separado da família indo para um campo de concentração diferente sendo o único sobrevivente. No final da Guerra voltou a Amsterdão onde procurou informações sobre a família. Depois de se saber que todas haviam perecido, uma das pessoas que os tinha ajudado entregou-lhe o diário que encontrara no anexo depois de terem sido presos. Otto Frank dedicou a sua vida à divulgação do diário e à criação da Fundação Anne Frank bem como da Casa-Museu Anne Frank de modo a perpetuar o legado impressionante da sua filha.