Recordações da adolescência
Aqui há dias fui surpreendida por uma mensagem de whatsapp de uma das minhas amigas mais antigas. Tratava-se de uma foto cuja existência eu ignorava. A imagem tinha sido captada na festa do 17° aniversário dessa minha amiga, ou seja, tem quase 30 anos (!!!!).
Fiquei perplexa por vários motivos. Primeiro porque me custa a acreditar que já passaram 30 anos e depois porque dei por mim a achar-me gira naquela fotografia. Nas imagens mentais e difusas que guardo da minha adolescência, vejo-me sempre muito feia. Eram épicas, as cenas de choro em frente ao espelho em que eu me lamentava da minha fealdade. Na verdade, a natureza não me presenteou com traços de grande beleza física mas a maturidade tem a vantagem de nos ensinar a lidar com as nossas limitações. Hoje em dia, continuo a não ser uma beldade, estou mais gorda, tenho celulite e algumas rugas, mas já não choro em frente ao espelho. Na maioria dos dias, gosto da imagem que o espelho reflecte. E também me tornei uma pessoa mais confiante e segura embora a insegurança ainda apareça esporadicamente.
Passados 30 anos, olho para a minha imagem de adolescente com um olhar mais complacente e brando. Afinal, nem era assim tão feia e, na verdade, a nossa maneira de ser, o nosso eu interior, reflectem-se na nossa imagem exterior e transformam-nos numa pessoa interessante o que é muito mais importante do que ser uma pessoa muito bonita mas vazia. O tempo que eu perdi a ter pena de mim própria.