O Natal será sempre a festa da família. Sejamos mais ou menos religiosos, sempre arranjamos maneira de assinalar esta data. A minha família é pequena mas, mesmo assim, fazemos a festa.
Este ano, à volta das mesas, reuniram-se menos pessoas por causa da pandemia. Muitas famílias partilharam a consoada através do Zoom ou de outras aplicações. Aqui em casa até recebemos uma videochamada de Brasília. As novas tecnologias tanto podem servir para afastaram as pessoas mas também podem ser um instrumento para reduzir as distâncias.
Que este Natal, mesmo que diferente, possa continuar a ser uma época de partilha e amor.
Feliz Natal a todos vocês que me fazem companhia virtual neste humilde espaço.
Hoje à tarde tive que ir a um supermercado. Como estou sempre a trabalhar nesta altura, não sou eu que faço as compras nestes dias. Fiquei abismada.
Porque é que o Natal estimula tanto o consumismo?
Será mesmo preciso comprar tanto?
O espírito do Natal é ter a mesa tão cheia que nem somos capazes de comer tudo?
Parece um contrassenso. Afinal o Natal pretende celebrar o nascimento de uma criança especial (divina para os crentes) de forma humilde.
Mercado de Natal de Bolzano, Itália
Dezembro de 2016
Não seria mais lógico assinalar o Natal com mais humilde?
Neste ano de 2020, em que nos vimos confrontados com o poder arrasador de um ser microscópico, não deveríamos dar mais valor aos momentos e menos valor às coisas?
.Como trabalho com o público, e vejo muitas pessoas ao longo do dia, surge-me sempre uma dúvida nesta época.
Quando fecho o atendimento, nunca sei como me devo despedir dos utentes. Tenho várias fórmulas:
Um Santo Natal
Feliz Natal
Boas Festas
A primeira hipótese reservo para os utentes que passam por algum problema. Se estiverem doentes ou se algum familiar esteja doente ou mesmo quando perderam algum familiar recentemente.
A segunda hipótese é a que utilizo com mais frequência e a terceira hipótese utilizo para as pessoas que não conheço tão bem. "Boas Festas" têm a vantagem de abranger o Natal e o Ano Novo.
Mas fico sempre na dúvida. E se as pessoas forem de outra religião e se sentirem ofendidas?
Não se deixem enganar pelo título. Hoje não vou apresentar nenhuma música. Até porque hoje é domingo e, por aqui, música é só à 2a feira .
Gostaria que reflectissem comigo sobre o seguinte?
Porque é que as músicas de Natal soam melhor em inglês? Pensem em quantas músicas de Natal em português.
Pouco mais que 1, não é?
E em inglês? Pois, têm razão. Imensas. Fazem parte do nosso imaginário comum. Será, mais uma vez, a hegemonia da cultura anglo-saxónica que absorve todas as outras culturas?
Provavelmente, vou causar muitas desilusões com o que vou escrever hoje.
O Menino Jesus, provavelmente, não nasceu a 25 de Dezembro. Pronto, já disse.
Bérgamo, 31 de Dezembro de 2017
Primeiro que tudo, na Bíblia, livro sagrado dos cristãos, não é mencionado quando é que Jesus Cristo nasceu embora se descreva as circunstâncias do seu nascimento. Não há nenhuma fonte documental que afirme o momento exacto em que esse acontecimento se deu.
Há quem afirme que seria impossível haver um censo, que obrigasse a deslocações, nesta altura do ano devido às condições atmosféricas, típicas do Inverno, na região da Galileia*.
Nos primeiros anos do Cristianismo, não se assinalava esta data mas o assunto era motivo de discussão. Aliás, as grandes cabeças pensantes da época consideravam a celebração dos aniversários como fenómenos pagãos. Aliás, em relação a Jesus Cristo, a morte e a ressurreição são muito mais importantes do que o nascimento.
Mesmo assim, a partir do séc. III/séc IV, começou-se a assinalar o nascimento de Jesus Cristo a 25 de Dezembro. Acredita-se que esta festa cristã se deveu à reacção da Igreja contra várias festividades pagãs que convergiam no final do mês de Dezembro. Falo da festa que ocorria por ocasião do Solstício de Inverno em honra do Deus Saturno bem como da festa ao Sol Invencível. Os cristãos deram um novo significado às comemorações que já existiam.
Muitas das tradições associadas ao Natal, ao longo dos séculos, nasceram dessas festividades pagãs.
P. S. - O que aqui escrevi parte do pressuposto de que Jesus Cristo existiu mesmo. Se acreditamos ou não, é tudo uma questão de fé. Pode ser tudo mentira ou não. Fica ao critério de cada um.
Actualmente, há um hábito natalício que não existia na minha infância ou adolescência. Refiro às decorações luminosas nas varandas, janelas ou jardins das casas particulares. Bem vistas as coisas, a iluminação de Natal das ruas também não era um hábito tão enraízado como é hoje.
Porque será que as pessoas começaram a usar luzinhas no exterior em vez de só as usarem na Árvore de Natal? Será que se deve ao imaginário cinéfilo? Afinal, crescemos com os filmes de Natal de Hollywood. Quem é que não adora aquelas casas super iluminadas no Natal dos filmes?!
Ou será que a proliferação de lojas onde se podem comprar vários tipos de decorações luminosas a baixo preço contribuíu para a difusão desta prática?
Este ano também coloquei luzes numa das janelas da casa da aldeia. Assim também posso entrar na competição das casas enfeitadas para o Natal.
A pandemia é um tema incontornável neste Natal de 2020. Esta época é propícia aos convívios familiares que podem ser potenciais focos de infecção. Pela Europa fora, cada país criou as regras que considerou mais adequadas. Algumas até soam um pouco ridículas.
A maioria dos países impuseram um número limite de pessoas à mesa de Natal como, por exemplo, em Espanha ou na Alemanha que permitem 10 pessoas à mesa. Também são controladas as deslocações entre regiões nalgins países. Há países onde a restauração está completamente encerrada e noutros estes estabelecimentos trabalham com muitas restrições.
Na Bélgica, cada família só pode receber 1 pessoa. Se houver jardim, já podem receber 2 pessoas mas só uma é que pode ir à casa de banho.
Também há quem aconselhe isolamento antes e depois do Natal.
Se quiserem mais informação encontra-se neste artigo
Por cá têm surgido uma série de "conselhos", ou seja, confia-se no bom senso das pessoas. Assim permite-se a circulação entre concelhos, o recolher obrigatório é mais tardio e não foi imposto um limite ao número de pessoas à mes na ceia de Natal. No meu entendimento, as pessoas devem ser responsabilizadas pelo evoluir da situação pandémica e não podem ser tratadas como seres desprovidos de inteligência. No entanto, pelas conversas que tenho ouvido, começo a duvidar do discernimento dos portugueses. Será que as pessoas não são capazes de raciocinar e perceber que, este ano, não é seguro juntarem a família toda?!
Vamos usufruir do voto de confiança que recebemos enquanto sociedade mas cada um fazer a sua parte neste combate?!
Apesar da proximidade geográfica, o nosso país vizinho celebra o Natal de maneira muito diferente do Natal português. Algumas tradições são muito estranhas, pelo menos no meu entender.
Uma delas é o Caga Tió. Esta tradição existe na zona de Aragão mas principalmente na Catalunha. Também é conhecido por Tió de Natal, Tió ou Tronca. Esta figura consiste num tronco com braços e pernas, um rosto risonho e um barrete catalão. Aparece no dia 8 de Dezembro e as crianças são responsáveis por ele até à Noite de Natal. Por exemplo, tapam-no com um cobertor para que não apanhe frio e "alimentam-no".
No Dia de Natal ou na Noite de Natal, as crianças têm que se munir de um pau para bater no Caga Tió enquanto cantam esta "bela" canção:
“Caga Tió avellanes I torró Si no vols cagar Et donanem un cop de pal."
Não é preciso traduzir, pois não?
Seguidamente levantam o cobertor e encontram pequenos brinquedos e doces como o torrão, por exemplo.
Li, há algum tempo, sobre esta tradição nórdica, mais concretamente islandesa. Jólabókaflóđ significa, mais ou menos, "inundação de Natal de Livros". Assim sendo, na Islândia é habitual oferecer livros a todas as pessoas. A tradição remonta à época da Segunda Guerra Mundial:
"A história da tradição remonta à Segunda Guerra Mundial, altura em que a Islândia lutava pela sua independência frente à Dinamarca. Nessa altura, e por haver um restrito racionamento de todos os produtos, menos do papel, os livros tornaram-se a prenda possível na tradição de Natal, perdurando até ao estatuto de hábito cultural."
O que é certo é que a Islândia é um país com uma elevada taxa de leitura. Em 2013 foi feito um estudo no qual se concluiu que metade da população do país lê cerca de 8 livros por ano.
Para quem gosta muito de livros como eu, parece-me uma excelente tradição.
Hoje o Blogmas do "O Voo da Garça" deslocou-se até outra casa aqui deste bairro. A simpática Nala do Crónicas da Cidade dos Leões convidou-me para participar no seu Calendário do Advento. E foi com todo o gosto que aceitei participar neste desafio de escrever algo relacionado com o Natal. Por isso, visitem a Nala e descubram o que escrevi sobre o Presépio.