É muito triste voltar a ver imagens de incêndios na zona centro do país. Gosto muito daquela zona e, infelizmente, a zona centro tem sido muito fustigada por este flagelo. Já fui várias vezes àquela região e fico muito triste com as imagens que nos chegam através da comunicação social. Aliás, por estes dias, faz 2 anos que estive nos concelhos de Mação, Vila de Rei e Proença-a-Nova. Quando voltava do fim-de-semana que lá passei, depois de ter estado na Praia Fluvial de Fernandaires (Ferreira do Zêzere), "vi" o início do tal fogo que afectou Mação em 2017.
Incêndio em Julho de 2017. Começou no concelho da Sertã e avançou até ao concelho de Mação
Continuo a ter que perguntar "Como é possível que estes incêndios continuem a acontecer e a progredir com tanta rapidez?!" Até quando é que vamos continuar a ver o que temos de melhor a arder? Quantos mais portugueses terão que sofrer com estas situações? Quantos mais terão que perder o que construiram com esforço?
E para quando penas pesadas para os incendiários?
De ano para ano, fazem-se estudos, relatórios e promessas mas parece que continuamos a não aprender nada com o passado.
Desde há 5 anos que festejo o meu aniversário com uma viagem em modo "vá para fora cá dentro". Foi assim que descobri a zona de centro de Portugal, essa zona tristemente conhecida pela tragédia do incêndio de 17 de Junho de 2017 e pelas suspeitas de corrupção na reconstrução das casas destruídas. No fim-de-semana que passou voltei a essa zona. Desta feita passei pelo concelho de Proença-a-Nova, por Oleiros e acabei a almoçar na aldeia de Mosteiro, concelho de Pedrógão Grande. Como já disse aqui e aqui, a verdadeira solidariedade para com estas populações é visitá-las, passar lá bons momentos, em suma, fazer circular a economia.
As temperaturas não estavam convidativas a um mergulho nas frias frescas águas das praias fluviais mas vimos bonitas paisagens e descansámos. Infelizmente os sinais dos incêndios ainda são visíveis mas ainda há encostas de um verde impossível de reproduzir.
No sábado estivemos na Praia Fluvial da Fróia e na Praia Fluvial do Alvito da Beira, ambas no Concelho de Proença-a-Nova. Almoçamos em Oleiros e depois fomos até ao Alojamento Turístico de São Torcato Moradal. Como o nome indica, localiza-se na aldeia de São Torcato na Serra do Moradal, concelho de Oleiros.
Depois de descansámos um pouco e aproveitámos a piscina. Não sei de onde vinha mas a zona da piscina tinha um agradável aroma a fruta madura.
No domingo, depois de um agradável pequeno-almoço, de um passeio pela aldeia de São Torcato e depois de conversarmos com a actual proprietária do alojamento, fomos à procura da Cascata da Fraga da Água d' Alta. Foi uma aventura porque a cascata não está muito bem assinalada. Tem uma placa na estrada mas depois não tem mais indicações. Chega-se a 2 caminhos possíveis, um para a direita e outro para a esquerda. Escolhemos, precisamente, o caminho errado e foi um sarilho para a encontrar. Mas valeu a pena
Estava a chegar a hora de regressarmos à realidade. Ainda era preciso almoçar. Eu gostava de ter ido almoçar ao Restaurante Lago Verde na Barragem do Cabril, em Pedrógão Grande. Quando chegámos, estava a abarrotar o que foi uma grande desilusão . Acabámos por voltar a uma aldeia onde já tínhamos ido em 2014, Mosteiro e comemos um belo cozido à portuguesa muito bem regado. O dia estava cinzento e o cozido à portuguesa soube mesmo bem. É claro que tivemos que ir "dormir a sesta" para a Praia Fluvial de Mosteiro. Afinal não há mal nenhum em voltar a um sítio onde já fomos felizes...
As imagens dos fogos são incontornáveis. Não dá para fugir delas já que estão por todo o lado. Todos os anos estas imagens se repetem e me impressionam e emocionam. Pobres pessoas que perdem tudo o que construíram ao longo da vida. Algumas perdem mesmo a vida. Este ano tem doído mais do que nunca. Para além da tragédia do mês passado, os fogos desta semana tocam-me de maneira especial. Foi por poucas horas que não tive contacto directo com este inferno. Custa muito perceber que as paisagens verdejantes e maravilhosas, que conheci há poucos dias, estão completamente destruídas, pintadas de negro e cinza. Será mesmo inevitável ver o país a arder todos os anos?!
Ao que parece a situação já começa a ficar controlada. Espero mesmo que assim seja.
De há uns anos para cá, começou a ser tradição fazer um passeio no mês de Julho para comemorar o meu aniversário. O "vai para fora cá dentro" deste ano foi no passado fim-de-semana. Como disse aqui, fui até ao centro do país. Andei pelos concelhos de Mação, Vila de Rei e Proença-a-Nova. Foi muito agradável, conheci mais umas praias fluviais e vi paisagens florestais magníficas. Infelizmente, estas paisagens podem já nem existir. O centro do país está a ser fustigado pelo fogo, outra vez. Mas vamos recordar os bons momentos. As pessoas que sofrem com os incêndios merecem que se mostre o lado bonito daqueles concelhos e não apenas as imagens dos fogos, não é verdade?!
Acho fantástico o trabalho que as autarquias fazem no sentido de criar as condições mais adequadas para que os locais ou os visitantes possam usufruir das praias fluviais. É uma experiência muito diferente das praias de mar. A maioria das praias por onde passei têm nadadores-salvadores e bons apoios para passar um excelente dia em segurança.
O local onde ficámos alojados era um quinta no meio do nada. Só se ouviam as cigarras... ou o cão. À noite foi possível ver um magnífico céu estrelado que não conseguimos ver no meio das cidades. O lugar ideal para descansar a cabeça. Chama-se Quinta do Eco mas o único eco que se ouve é o eco do silêncio. A quinta pertence a um simpático casal belga que vive em Portugal há mais de 15 anos.
Depois de uma tragédia há que enterrar os mortos e cuidar dos vivos. Na lamentável tragédia do centro do país ainda não se conseguiram enterrar os mortos mas também não se está a cuidar muito bem dos vivos. Como se não bastasse já o que as pessoas sofreram. As polémicas vão surgindo entre os partidos políticos sobre o apuramento das responsabilidades. O governo cria um fundo, para o qual conta com os donativos dos portugueses, mas não abrange todos os concelhos afectados limitando o acesso a esse fundo aos 3 primeiros concelhos atingidos, Pedrogão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos. Claro que os autarcas dos outros concelhos já vieram reclamar a sua fatia.
Para juntar a isto tudo, surgem alertas de falsos técnicos da Segurança Social que andam pelas aldeias a aproveitarem-se dos idosos com logros e assaltos, roubos nas casas vazias das aldeias evacuadas e falsas contas solidárias. Há sempre engenho mesmo na desgraça.
Para não falar dos operadores turísticos, restauração e comerciantes da região que já se vêem com cancelamentos de reservas já que os potenciais turistas vão evitar visitar a região. Manter os planis de visita a estes concelhos também é uma boa forma de os ajudar.
É mesmo caso para dizer uma desgraça nunca vem só.