Perguntas inoportunas
digo eu
Marta Temido, a Ministra da Saúde portuguesa, é um dos rostos do combate que o país trava contra a pandemia de Covid-19. Contestada por uns e elogiada por outros, é grande a responsabilidade que transporta aos ombros. Não era grande fã da Ministra antes mas devo dizer que a sua atitude me inspira respeito e compaixão. Eu não queria estar no lugar dela ou da Directora Geral de Saúde, constantemente sujeitas ao escrutínio público e com a certeza de que, se derem um passo em falso, poderão influenciar negativamente a vida de muitas pessoas. É certo que os profissionais de saúde que estão nos hospitais a cuidar destes doentes têm uma tarefa muito mais difícil e dura. No entanto, uma das coisas que podemos aprender com esta situação é que o papel de cada um, seja ele qual fôr, é essencial para fazer a sociedade funcionar.
Posto isto, quero chamar a vossa atenção para a curta entrevista que Marta Temido deu ao Expresso. O título da entrevista era "Os dias longos da Ministra da Saúde". Há muitas perguntas, e consequentes respostas, interessantes e que nos permitem perceber a intensidade que se vive neste combate. Só não compreendo é a relevância desta pergunta:
"Como gere a rotina em casa? Cozinha?
Não há rotina. Cozinhar é completamente impossível, porque nos ‘dias bons’ chego pelas 22h. Tenho muito apoio do meu marido e estou totalmente dispensada de tarefas domésticas até ao fim do surto."
Se me fizessem esta pergunta, não sei se responderia. Sempre gostaria de saber se faziam a mesma pergunta a um responsável político do sexo masculino. E ainda compreendo menos que a dita pergunta tenha sido feita por uma mulher.