Voltaram as cercas sanitárias
Ontem ficámos a saber que o país passa a estar em estado de calamidade a partir de dia 1 de Maio. Esta alteração significa uma maior abertura da economia nomeadamente a nível do alargamento dos horários de funcionamento da restauração e dos centros comerciais.
Ao mesmo tempo foram anunciadas cercas sanitárias a duas freguesias do concelho de Odemira. A situação neste município está caótica devido à multiplicação de casos entre a população migrante que trabalha nas inúmeras explorações agrícolas existentes na região. Ao que parece estas pessoas vivem em condições precárias que não respeitam os direitos humanos.
Extraordinário. O governo descobriu agora aquilo que já toda a gente sabe. Quer as pessoas que lá vivem, assim como as pessoas que visitam a região e os jornalistas que já fizeram inúmeras reportagens sobre o assunto, já sabem há muito desta situação. Possivelmente só a Autoridade para as Condições no Trabalho e o Ministério que a tutela é que não tinham dado por nada.
Ainda há dias vi uma reportagem sobre as reacções xenófobas a estes migrantes que se verificam no concelho de Odemira. Embora não seja aceitável até é compreensível que as pessoas tenham estas atitudes perante o medo da pandemia. Mas, na verdade, os empresários agrícolas que potenciam estas situações é que deviam sofrer represálias por sujeitarem as pessoas a estas condições de vida e deviam ser responsabilizados, de alguma forma, pela progressão da doença naquela região. Por agora serão obrigados a testar os trabalhadores das suas explorações.
Veremos quanto tempo durarão estas cercas sanitárias.