Como sabem, os portugueses serão chamados às urnas no fim do mês. A esta distância consigo prever que a eterna vencedora abstenção irá bater todos os recordes.
Por um lado, o desencanto com a política abrange uma parte significativa da população.
Por outro lado, os debates em modelo "speed dating", como já li em qualquer lado, são tudo menos esclarecedores. Para os comentadores, o vencedor é, sempre, o que grita mais como num reality show.
E, por último, prevê-se um elevado número de pessoas isoladas devido à Covid-19 que poderão estar impedidas de exercer o seu direito de voto. O voto no domicílio só pode ser solicitado até dia 23, 1 semana antes das eleições, o que não faz sentido porque o isolamento foi reduzido para 7 dias, na maioria das situações. Os constitucionalistas defendem que as pessoas em quarentena se deveriam poder dirigir às mesas de voto mediante certas condições. Se forem reunidas as condições de segurança, isso não me choca. Veremos que condições serão criadas. O que eu temo é que esta possibilidade leve a que as outras pessoas, que não estejam em isolamento, tenham receio de ir votar por se sentirem em risco de contágio. A minha mãe seria uma dessas pessoas. Parece que já a estou a ouvir, "Nem penses que eu vou votar."
Por tudo isto, temo que a constituição da próxima Assembleia da República, e consequentemente o próximo governo, seja escolhida por meia dúzia de pessoas.
No passado domingo, dia de eleições, fomos almoçar a este restaurante à beira Tejo. Como eu e o A. continuamos a votar em concelhos distintos, já é a 2a vez que fazemos este programa em dia eleitoral. De manhã, votei eu. Fomos almoçar uma excelente cataplana de tamboril. A minha sobremesa foi as farófias da imagem e o A. comeu panna cotta de frutos vermelhos. Da parte da tarde, foi a vez de ele exercer o seu direito de voto. Ou seja, é sempre possível organizar a nossa vida de modo a evitarmos a abstenção.
Depois de uma série de debates mornos, o debate entre António Costa e Rui Rio foi bastante aceso e animado. A maioria dos comentadores consideraram que Rui Rio esteve melhor no debate. Na verdade, o líder do PSD tinha que se esforçar mais já que tem andado sempre atrás de Costa nas sondagens para além da oposição interna que tem enfrentado. António Costa não me pareceu tão combativo. Será que ele pensa que isto já está ganho e que não tem que se esforçar? Vamos ver se o debate tem algum impacto nas próximas sondagens.
Mas o que é importante é que, no dia 6 de Outubro, os portugueses levantem os glúteos do sofá e vão votar. Seja num destes partidos, seja em qualquer outro porque o que se escolhe nas eleições legislativas é a constituição do Parlamento. O nosso voto é preponderante para determinar se o partido vencedor terá maioria absoluta (sempre perigoso, no meu entender), maioria relativa ou se, não dominando a maioria parlamentar, terá que fazer acordos com outros partidos para governar. A democracia dá-nos oportunidade de escolha. Sim, a abstenção também é uma escolha mas é uma opção que põe as decisões nas mãos dos outros. Vais deixar que decidam por ti?!
Hoje Maria de Belém Roseira anunciou a sua candidatura às Eleições Presidenciais de 2016. No meio político dominado pelos homens, é uma novidade refrescante. 30 anos depois vamos voltar a ter uma mulher na corrida a Belém. Em 1986, Maria de Lourdes Pintassilgo candidatou-se sem o apoio de qualquer partido. Esta engenheira química foi, também, a primeira mulher a desempenhar as funções de chefe do governo indigitada pelo Presidente da República para preparar as eleições legislativas de Dezembro de 1979. O prestígio que adquiriu nessas funções parecia poder-lhe dar um bom resultado mas tal não aconteceu já que obteve apenas 7,4%. Maria de Belém trabalhou com Maria de Lourdes Pintassilgo quando esta era Secretária de Estado da Segurança Social. Maria de Belém Roseira desempenhou inúmeras funções de governação nomeadamente Ministra da Saúde e da Igualdade nos governos de António Guterres. Ultimamente foi Presidente do PS com António José Seguro como secretário-geral. Para já o PS ainda não expressou o seu apoio o que até é compreensível tendo em conta o rebuliço em que António Costa anda metido com reuniões atrás de reuniões. As eleições legislativas ainda não estâo resolvidas e já caminhamos a passos largos para as eleições presidenciais. Gostaria muito de ver uma mulher na Presidência da República mas tendo em conta que concorre, entre 14 candidatos, com Marcelo Rebelo de Sousa será difícil vencer. Terá que batalhar muito. Eu estou indecisa mas tenho 3 meses para decidir. De qualquer modo, muita sorte para Maria de Belém Roseira neste caminho sinuoso até ao palácio cor-de-rosa.
O país político anda agitado desde domingo. Os resultados reais foram tão confusos e divididos como já tinham sido as sondagens. O PàF (PSD/CDS) ficou à frente com mais votos e mais deputados mas por pouco. A esquerda mais radical, Bloco de Esquerda e CDU, está entusiasmada porque a esquerda está mais representada no Parlamento do que estava antes. O PS, aparentemente, é o grande derrotado. No entanto, em política nem tudo o que parece é. O PR apressou-se a reunir com Passos Coelho para o convidar a formar um governo estável. Já o PS, o tal derrotado, vai piscando o olho à direita e à esquerda e, apesar de tudo, será determinante para o equilíbrio de forças políticas dos próximos meses. António Costa anda atarefadissimo; primeiro reuniu com o partido, hoje encontrou-se com a CDU, amanhã é a vez do Bloco de Esquerda (já vai atrasado porque a Catarina Martins tinha-o desafiado para dia 5) e termina a semana com o derradeiro encontro com os partidos do PàF. Qual será a ideia dele? Ser Primeiro-Ministro coligado com os partidos de esquerda? Ou viabilizar um governo minoritário? Na minha opinião, os encontros com a esquerda são bluff como se o futuro do país fosse um jogo de Póker. O que ele pretende é impor um acordo com cedências da parte de PSD e CDS para ficar bem visto. Assim que for possível, faz cair o governo e provoca eleições antecipadas que ele acredita que lhe vão ser favoráveis. É tão boa teoria como a possibilidade de António Costa ser o Primeiro-Ministro de um super-governo de esquerda.
Dirigi-me à escola onde funcionam as mesas de voto da minha freguesia pelas 11h. O trânsito estava caótico. Muitos eleitores também, como eu, se dirigiam às urnas. Quando cheguei à minha mesa de voto havia fila. Nunca tal me tinha acontecido. Só consegui votar 15 minutos depois. Todas as mesas próximas da minha tinham várias pessoas à espera. Fiquei muito feliz por ver tanta gente por ali. É bom sinal. Tenho sempre esperança que a abstenção diminua. Eu faço a minha parte, tento convencer as pessoas que me são próximas a irem votar. Nem sempre consigo. Tenho dúvidas que outro método eleitoral, como ovoto electrónico, resolvesse o problema. Quem tiver mesmo vontade de votar, faz tudo para cumprir o seu dever. Ainda têm tempo, faltam 3h. Aqui, a sul do Tejo, a meteorologia parece estar a ajudar.
Faltam 2 horas para terminar a campanha eleitoral. Nos últimos anos, os portugueses estão cada vez mais desencantados com a política e os seus actores. Cada eleição que se realiza em Portugal, há sempre uma nítida vencedora, a abstenção. Eu percebo o desencanto, as pessoas sentem-se enganadas pelos políticos, seja qual for a sua cor. Só não percebo como é que as pessoas podem desperdiçar a única hipótese que têm de intervenção no futuro de todos. O nosso voto pode parece uma insignificância mas, para a maioria de nós, é a única coisa que podemos fazer para ajudar a construir um país melhor, o país que sonhamos. Nos 23 anos que levo como eleitora (19 eleições, 3 referendos, 1 eleição intercalar para a Assembleia de Freguesia) só falhei 2 vezes; uma vez estava com febre e não conseguia mesmo sair de casa, a outra vez não fui votar pelo mesmo motivo que maioria dos absentencionistas, simplesmente não me apeteceu. Se for comparar com as pessoas da minha geração e das gerações mais novas, até acho que a minha perfomance como eleitora até é muito boa. Não fico bem com a minha consciência se não for votar. Se deixarmos de usufruir dos nossos direitos, quem garante que não os vamos perder?! Possivelmente esta minha consciencialização de que votar é determinante para o meu futuro, nasceu na minha infância. Nessa altura, o domingo de eleições era um dia diferente. O meu pai saía muito cedo e chegava muito tarde porque era, sempre, elemento das mesas de voto. Depois do almoço era a altura preferida da minha mãe para ir votar e eu ia sempre com ela. A minha mãe vota sempre na mesa n° 1 porque o meu pai foi das primeiras pessoas a recensear-se lá na terra e fez uma grande campanha de recenceamento na nossa rua. Eu achava muita piada por ir às eleições. Quando o dever da minha mãe estava cumprido, dávamos um passeio pela vila que tinha que passar pela mesa onde o meu pai estava para lhe dar um beijinho. Domingo de eleições era, para mim, domingo de festa. O exemplo dos meus pais incutiu-me, de tal maneira, este sentido de dever que, às vezes, me leva a fazer uns quantos quilómetros para não faltar à festa das eleições.
Dia 5 é dia de eleições. Não te esqueças de ir votar. Portugal espera o teu voto.
Sondagem RTP/Universidade Católica de 26 de Setembro
Sondagem TVI/Público/TSF/Intercampus
De hoje a uma semana será o dia das eleições legislativas em Portugal. Nesta campanha eleitoral,para além dos panfletos e dos cartazes que ninguém lê, das arruadas, dos comícios, das feiras ;e respectivas reportagens televisivas; temos uma novidade, sondagens diárias. A RTP, a TVI e a CMTV apresentam sondagens diárias nos seus blocos noticiosos da noite. O curioso é que cada sondagem tem um resultado diferente. Agora pergunto, qual é o interesse de sondagens diárias? A quem serve, a quem beneficia, a quem prejudica? Serão os resultados das sondagens fidedignos? As pessoas podem não responder com verdade. Para além de as sondagens serem feitas apenas por entrevista telefónica através telefone fixo e isso excluir as muitas casas onde já não existe esse objecto obsoleto (por acaso, eu tenho telefone fixo e nunca ninguém me perguntou em quem é que eu voto).
A meu ver, esta história das sondagens diárias é uma maneira de a comunicação social influenciar os resultados eleitorais. Ora vejamos, se a sondagem dá vitória à coligação PAF, por exemplo, pode fazer aumentar a abstenção dos seus eleitores que podem ser levados a pensar que não é preciso ir votar porque a PAF vai à frente. Por outro lado, pode delapidar os votos dos pequenos partidos à esquerda porque pode levar a que as pessoas que pensam votar CDU ou BE sejam levadas ao voto útil no PS para derrotar a coligação de direita que tem desgovernado o país. Se, no entanto, as sondagens dessem a vitória do PS podiam levar a que os eleitores mais à direita mas abstencionistas fossem todos votar para eleger a coligação PAF. Ou seja, a minha teoria é que as sondagens podem alterar por completo o sentido de voto dos portugueses. Para mim, era menos sondagens e mais discussões de ideias. E mais apelo ao voto seja qual for o seu sentido.
Se calhar, só quem ganha mesmo com as sondagens são as empresas que as fazem.