É como andar de bicicleta
Fiquei espantada com as notícias que davam conta de que o Governo pretende que as crianças aprendam a andar de bicicleta nas escolas. Esta medida faz parte da "Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa". Procurei várias notícias sobre este tema e encontrei várias como, por exemplo, no Público, Observador, ou no DN. Nesta última notícia, o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, vem esclarecer este tema dizendo: 《"não tem que entrar no currículo das escolas", nem faz "sentido criar uma disciplina para a bicicleta". O objetivo, explica, "é levar as bicicletas às escolas, com algo em torno das atividades circunsculares ou outras - há uma série de formatos possíveis".》.
Não fiquei muito convencida porque, do documento em questão, faz parte este ponto:
7.1.2. Incluir o ciclismo como matéria nuclear do currículo de educação física Sendo uma competência básica com múltiplas vantagens para o indivíduo e para a sociedade, todos os alunos terão a oportunidade de aprender a pedalar, num processo de formação faseado ao longo dos vários níveis de escolaridade, em perímetro delimitado e seguro (escola – 1º ciclo), mas também em espaço público (rodovia – 2º ciclo, 3º ciclo e secundário).
A mim parece-me que a intenção é mesmo ensinar, nas escolas, as crianças e os jovens a andar de bicicleta. Mas desde quando é que essa tarefa deixou de ser desempenhada pelos pais? Que modelo de família é que estamos a construir? Um modelo em que as famílias delegam na escola todas as suas funções?
Eu guardo com carinho, a memória das horas que o meu pai passou a ensinar a andar de bicicleta. Não foi uma tarefa fácil já que eu sempre fui desajeitada e tenha uma grande pontaria para o lancil do passeio. Mas, mesmo com alguma impaciência, não acredito que o meu pai tivesse preferido delegar essa tarefa noutra pessoa.