25 de Abril de 2020, uma Liberdade diferente
Este ano dá-se a circunstância particular de se assinalar o 46° aniversário do Dia da Liberdade em Estado de Emergência. Esta situação retira-nos alguns direitos para salvaguardar o direito supremo à saúde. Como eu continuo a trabalhar, não me sinto assim tão tolhida nos meus movimentos embora haja muitas coisas que não posso fazer. Prefiro deixar de passear, de viajar, de ir a espectáculos ou a restaurantes durante algum tempo para poder preservar a saúde de todos os que se cruzam comigo.
Acredito que muitos dos portugueses, com menos de 46 anos, que se sentem "presos" em casa nunca deram verdadeiro valor à liberdade de que sempre usufruíram. Devem ser os mesmos que, agora, condenam a cerimónia que decorre, neste momento, na Assembleia da República. Lamento mas não se podem comparar funerais, casamentos, almoços familiares ou celebrações religiosas com a dita cerimónia que assinala a Revolução dos Cravos . O nível de proximidade nunca seria o mesmo. Aliás, neste momento delicado da nossa História faz mais sentido do que nunca assinalar o 25 de Abril. Nunca a liberdade e os direitos conquistados foram tão frágeis.
Eu também não me lembro da ditadura. Afinal, nasci já num país livre. No entanto, o meu pai, durante os poucos anos em que estivemos juntos, transmitiu-me os valores de Abril. Eu acompanhava-o sempre nos desfiles que aconteciam na minha terra neste dia. Cresci a sentir que o dia 25 de Abril era um dia de festa. Que assim continue a ser.