O feed do meu Instagram pessoal é muito diversificado. Tanto sigo páginas de comida, livros, viagens, plantas, música ou humor. Imprensa Falsa é uma das páginas que mais me faz rir. Uma das publicações desta semana foi esta
O texto que acompanhava a imagem era este:
《Numa altura em que muito se fala do aumento dos preços, pelo menos o Halloween está mais barato este ano. Para sustos, basta ler as notícias do dia.
"Não há nenhuma máscara, membro decepado, caveira ou bicho de plástico que possa meter mais medo do que uma qualquer parangona", reconhece Simplício, que tinha uma loja de fantasias mas agora vende jornais.
"Inflaçao já ultrapassou os 10%", gritava uma criança, esta tarde. O adulto desmaiou》
Realmente, cada vez que se vê os jornais ou se vê os espaços noticiosos da televisão, não podemos deixar de nos assustar com o panorama económico que o nosso país enfrenta. Outro sítio assustador é o supermercado. Quando vou às compras até perco a fome ao ver o preço da comida. Não sei onde isto vai parar. Na farmácia são cada vez os medicamentos esgotados o que também é um reflexo de toda a situação que se vive. Habitualmente, sou uma pessoa muito positiva e acredito sempre que, por mais negro que pareça o cenário, o dia seguinte será melhor. Actualmente, o futuro preocupa-me muito e a luz ao fundo do túnel parece-me cada vez menos luminosa.
Tendo em conta que eu, enquanto indivíduo, nada posso fazer só me resta aliviar a negritude da vida actual com algum humor.
Esta situação de quase invasão da Ucrânia pela Rússia, acompanhada pelos órgãos de comunicação social, fez-me lembrar este sketch do saudoso Raul Solnado
Então Vladimir Putin ia invadir a Ucrânia quando está tanta gente a olhar? Faz algum sentido? Será que Putin não estará a fazer bluff com os países ocidentais? Ou a querer ridicularizar os serviço secretos americanos?
Não se pense que são só os meus utentes que dizem disparates como ficou patente neste post recente. Também a mim, e às minhas colegas, me saem disparates pela boca fora. Umas vezes são armadilhas de linguagem, outras vezes são sintomas de falta de filtro em aquilo que pensamos e aquilo que dizemos.
Senão vejamos este exemplo:
Aqui há dias entrou um delegado comercial de um laboratório que produz e comercializa contraceptivos hormonais nas apresentações orais e na forma de anel vaginal. Quando se dirigiu a mim, comentou que já não nos visitava há algum tempo porque tinha sido pai e tinha estado a usufruir da licença de paternidade. E qual foi a primeira coisa que eu disse? Não, não foi dar-lhe os parabéns. Saiu-me este disparate"
- Olha, afinal os contraceptivos não resultaram.
Claro que o resultado foi uma grande risota. Onde é que tinha a cabeça?
O meu dia-a-dia na farmácia é muito pouco rotineiro. Ontem apesar de ser domingo, estive a trabalhar porque a farmácia estava de serviço. Logo pela manhã, no momento de pagar com o cartão multibanco, uma senhora pergunta-me:
- Tem topless? ()
Não sei como me controlei mas disse rapidamente:
- Não temos contactless, não. Tem que colocar o código.
A minha mãe é que tem razão, porque que é que se usam nomes estrangeiros se estamos em Portugal?!
Os últimos dias têm sido agitados pela possibilidade de o Juiz Neto de Moura processar cerca de 20 cidadãos entre humoristas, políticos e jornalistas. O excelentíssimo Juiz sentiu-se ofendido com aquilo que essas pessoas disseram quando o "acórdão da mulher adúltera" foi divulgado.
A pergunta que se impõe é a seguinte: - O senhor só encontrou 20 pessoas que o ofenderam?!". Procure melhor. Se calhar encontra muito mais ofensas. De certeza que a maioria dos portugueses também se sentiram ofendidos com as suas argumentações. Se o senhor é livre de tomar as decisões judiciais que tem tomado, as pessoas também têm o direito de mostrar o repúdio por estas decisões. Se o senhor não tem poder de encaixe para as piadas feitas às suas custas, tenha mais atenção ao que escreve. Utilizar só as partes que lhe interessam da Bíblia e legislação do séc XIX em acordãos do séc XXI é a melhor maneira do seu trabalho ser ridicularizado.
Este suposto processo pode não dar em nada mas o Juiz não tem nada a perder. A legislação isenta de custas os juízes do Conselho Superior da Magistratura, do Conselho Superior do Ministério Público ou do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais nas acções de que façam parte no exercício das suas funções. Já as pessoas processadas não estão isentas dessas custas bem como todos os contribuintes que vão arcar com estas despesas. Obviamente que serão os nossos impostos a pagar este disparate.
Os humoristas, como seria de esperar, reagiram intensificando as piadas. Ricardo Araújo Pereira reagiu no Governo Sombra e no "Isto é gente que não sabe estar". Bruno Nogueira e João Quadros fizeram um Tubo de Ensaio sobre o tema e Diogo Batáguas levou uma tshirt com a #netodemouraécorno ao "Levanta-te e Ri" da SIC.
Este país não deixa de me surpreender. Afinal, a culpa não é só do Juiz Neto de Moura. Ainda há muito que fazer no que diz respeito à legislação sobre a violência doméstica.
Ao que parece, Neto de Moura pediu para ser afastado dos processos que tenham a ver com violência doméstica mas foi recusado. Isso é que foi uma pena.
Aqui há dias dei-me ao trabalho de assistir ao Prós e Contras sobre o humor, os humoristas modernos e os limites do humor. Para mim, tudo pode ser alvo de uma boa piada até porque o humor, quanto ridiculariza determinada atitude ou situação, leva-nos a olhar para dentro de nós quer enquanto indivíduo quer enquanto sociedade.
Também foi notícia a proposta da Peta, logo seguida pelo "nosso" PAN, de se deixarem de dizer os provérbios com animais como, por exemplo, "Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar" ou "Matar 2 coelhos de uma só cajadada" ou aquela que usei no título para vos espicaçar. Como se utilizar estas expressões fosse ligação directa ao acto de agarrar o pássaro ou de matar um coelho. Eu utilizo este tipo de provérbios e nunca fiz tal coisa. E também nunca atirei o pau ao gato apesar de ter cantado essa canção infantil muitas vezes. Estas pequenas questões distraem-nos da verdadeira luta contra a violência sobre os animais.
Nas redes sociais quando aparece uma opinião diferente da imensa maioria, há verdadeiras revoltas virtuais.
É natural que a sociedade vá evoluindo mas esta mania do "politicamente correcto" incomoda-me. Não sei se gosto desta sociedade que, mais dia menos dia, é tão asséptica, tão asséptica que as pessoas que têm uma opinião diferente da maioria são eliminadas da sociedade como medida de higienização da sociedade. Já se viu ditaduras e genocídios começar por menos.
Ninguém é obrigado a ter a mesma opinião que eu mas acredito na defesa da liberdade de expressão. Desde que não incite à violência, naturalmente.
Se pensássemos todos da mesma maneira, tinha alguma graça?!
Já não é novidade mas parece que concorreram mais jovens à nova edição da Casa dos Segredos do que aqueles que concorreram ao Ensino Superior. Dá que pensar...