Ainda gostava de saber porque é que os governantes, quando visitam os concelhos que tiveram incêndios, aparecem com o colete da Protecção Civil.
Eduardo Cabrita, Ministro da Administração Interna
Alguém acredita que vão fazer trabalho de campo?! Felizmente que, devido às conclusões sobre os fogos de 2017, já só vão às zonas afectadas quando se chega à fase de rescaldo. Na verdade, se Presidente da República, Primeiro-Ministro e Ministros forem a correr para as zonas de incêndios logo no primeiro minuto, atrapalham mais do que ajudam. Isso só serviria para aparecerem nos meios de comunicação social. Sempre era mais um motivo de reportagem.
É muito triste voltar a ver imagens de incêndios na zona centro do país. Gosto muito daquela zona e, infelizmente, a zona centro tem sido muito fustigada por este flagelo. Já fui várias vezes àquela região e fico muito triste com as imagens que nos chegam através da comunicação social. Aliás, por estes dias, faz 2 anos que estive nos concelhos de Mação, Vila de Rei e Proença-a-Nova. Quando voltava do fim-de-semana que lá passei, depois de ter estado na Praia Fluvial de Fernandaires (Ferreira do Zêzere), "vi" o início do tal fogo que afectou Mação em 2017.
Incêndio em Julho de 2017. Começou no concelho da Sertã e avançou até ao concelho de Mação
Continuo a ter que perguntar "Como é possível que estes incêndios continuem a acontecer e a progredir com tanta rapidez?!" Até quando é que vamos continuar a ver o que temos de melhor a arder? Quantos mais portugueses terão que sofrer com estas situações? Quantos mais terão que perder o que construiram com esforço?
E para quando penas pesadas para os incendiários?
De ano para ano, fazem-se estudos, relatórios e promessas mas parece que continuamos a não aprender nada com o passado.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem andado pelos concelhos afectados pelos incêndios do passado domingo. Tem visto os estragos nas habitações e nas indústrias e tem-se encontrado com os familiares das vítimas mortais. Marcelo tem estado presente e tem dado o consolo possível dadas as circunstâncias. Ontem ouvi-lhe uma exortação que tem toda a lógica. Dizia ele que achava que seria útil irem delegações de deputados a estes locais. Não só os deputados eleitos por aqueles círculos mas deputados de todas as regiões para terem uma "exacta noção da situação".
Acho que tem toda a razão mas não é só agora e naqueles lugares que os deputados deviam ir. E não só eles mas também os ministros e os secretários de estado. Afinal, são eles que aprovam ou não as leis e as medidas que vão influenciar as nossas vidas. A maioria não faz ideia do que é o país que fica fora dos centros urbanos. Não fazem ideia do que é o país real, muito para além do país que imaginam entre as paredes da Assembleia.
Excelente ideia, Sr. Presidente. Agora é só uma questão de aceitarem o repto lançado.
Perante o cenário surreal que temos visto nos últimos dias/meses, nem sei o que pensar. Eu e a maioria dos portugueses. Ontem, quando recebi a notificação do Sapo24 sobre o "achado" do material de Tancos na Chamusca, reparei num pormenor estranho. Sou só eu que acho que há uma estranha coincidência entre os fogos e o roubo de Tancos?
Se não, reparem na cronologia:
17 de Junho - Tragédia de Pedrógão Grande, 64 mortos
29 de Junho - É conhecida a notícia do desaparecimento de material de guerra em Tancos.
15 de Outubro - Nova tragédia com cerca de 500 fogos num só dia, 44 mortos
18 de Outubro - A Polícia Judiciária Militar encontra a maioria do material roubado após uma denúncia anônima na Chamusca. A pouco mais de 20 km do sítio de onde desapareceram.
Eu não sou de teorias de conspiração mas lá que é estranho...
É impressão minha ou o Presidente da República deu um grande abanão ao Governo no seu discurso proferido em Oliveira do Hospital?! E também sacudiu os partidos que apoiam o Governo no Parlamento?! O que será que acontecerá agora na relação, que era quase de entendimento perfeito, entre o PR e o PM? Não deveria ser só Marcelo Rebelo de Sousa a ficar com estas mais de 100 mortes a pesar na consciência. Toda a cadeia de comandos no combate aos fogos deveria ter peso na consciência por, mais uma vez, não conseguir executar a sua missão de protecção às populações. Não sei como são capazes de deitar a cabeça na almofada. Eu não seria capaz de pregar olho.
Quando escrevi este post a 18 de Junho, estava longe de imaginar que em pleno Outubro estaria, outra vez, chocada com mais uma tragédia. No domingo passado foram registados cerca de 523 incêndios. 523, dá para acreditar?! Houve incêndios em quase todos os distritos a norte do Tejo. Já se registaram 38 mortos (incluindo um bebé com 1 mês de idade), 63 feridos e há, ainda, 7 desaparecidos. Quatro meses depois e, na semana em que se conheceu o relatório sobre Pedrógão Grande, a história parece repetir-se. Os contornos foram diferentes mas a tragédia foi idêntica. Durante o dia de domingo continuaram a haver estradas e auto-estradas abertas quando já deviam ter sido encerradas e até os comboios continuaram a circular com o fogo muito perto como provam os vídeos que foram aparecendo nas redes sociais. Mais uma vez, o Estado falhou numa das suas principais tarefas, proteger as populações.
Mas a falha não foi só aí. O Estado falhou, também, na protecção do património nacional. O Pinhal do Rei, também conhecido como Pinhal de Leiria perdeu cerca de 80% da sua área. O Pinhal do Rei começou a ser plantado há mais de 700 anos. Leram bem? 700 anos. Foi de lá que saiu a madeira para construir as naus utilizadas nos Descobrimentos. Nós, portugueses, não soubemos honrar a herança que nos foi legada.
O que é preocupante é que as autoridades nacionais e europeias afirmam que estas situações se vão repetir. E então o que fazemos? Ficamos de braços cruzados?
P.S - Hoje passam, precisamente, 4 meses sobre a tragédia de Pedrógão Grande.
As imagens dos fogos são incontornáveis. Não dá para fugir delas já que estão por todo o lado. Todos os anos estas imagens se repetem e me impressionam e emocionam. Pobres pessoas que perdem tudo o que construíram ao longo da vida. Algumas perdem mesmo a vida. Este ano tem doído mais do que nunca. Para além da tragédia do mês passado, os fogos desta semana tocam-me de maneira especial. Foi por poucas horas que não tive contacto directo com este inferno. Custa muito perceber que as paisagens verdejantes e maravilhosas, que conheci há poucos dias, estão completamente destruídas, pintadas de negro e cinza. Será mesmo inevitável ver o país a arder todos os anos?!
Ao que parece a situação já começa a ficar controlada. Espero mesmo que assim seja.
Hoje faz precisamente 1 mês que o país se horririzou com a tragédia provocada pelo fogo na região centro. A solidariedade que se gerou foi impressionante e primordial para ajudar a reconstruir casas e empresas. No entanto não podemos descansar a nossa consciência apenas com donativos monetários, bilhetes para concertos solitários ou enviando roupa velha para os locais atingidos. O sector do turismo que escapou ao incêndio está a ser duramente atingido. As reservas feitas anteriormente ao incêndio estão a ser canceladas e não estão a ser feitas novas reservas. A Região de Turismo do Centro já garantiu que a maioria dos equipamentos turísticos estão a funcionar. Estranhamente a maioria das reservas canceladas são de portugueses. Vamos mostrar que a solidariedade continua. O verdadeiro desafio é continuar a visitar o centro do país.
Maranhos na Sertã
Praia das Rocas, Castanheira de Pera
Hotel da Montanha, Pedrógão Pequeno
Piodão
Praia Fluvial da Peneda, Góis
Praia das Canaveias perto de Góis
Quintinha do Carvalhal, Góis
Cascata da Fraga da Pena, Benfeita
Praia Fluvial de Côja, Arganil
Eu vou fazer a minha parte. No próximo fim de semana vou até ao Concelho de Proença-a-Nova.
Ontem à noite decorreu este grandioso concerto solidário. Pela primeira vez, todas as estações de televisão, todas as rádios, 25 artistas e muitos técnicos juntaram-se para levar a cabo um espectáculo de mais de 4 horas. O concerto organizou-se em pouco mais de 1 semana. O Meo Arena esgotou. Acho admirável que se conseguisse juntar 25 artistas num único palco. Por uma noite esqueceram-se as rivalidades e a concorrência por uma causa. Infelizmente aquilo que desencadeou todo este movimento foi um dos acontecimentos mais negros e tristes da nossa história. Mas os portugueses provaram que não é só o futebol que move multidões. A solidariedade também pode mover multidões como se viu não só neste evento mas também nos donativos que chegaram aos concelhos afectados desde o dia 17 de Junho.
Com os bilhetes vendidos às 14 000 pessoas que assistiram ao espectáculo, os bilhetes solidários (que não davam direito a assistir ao espectáculo) e com os telefonemas conseguiu-se angariar 978 000€. É mesmo impressionante.
No entanto, as populações afectadas vão precisar de muito mais, infelizmente. As corporações de bombeiros de todo o país vão precisar sempre de ajuda, agora na época dos incêndios mas durante todo o ano. Por isso lanço o desafio: em vez de publicar imagens de agradecimento aos bombeiros, procurem os bombeiros da vossa área de residência e façam-se sócios. Vão ver que custa muito pouco.
E que a magia da música dê uma nova esperança aquelas populações que já sofreram tanto.
As imagens que nos chegam dos vários fogos do país, principalmente da Madeira, são simultaneamente impressionantes e assustadoras. Embora estas imagens sejam frequentes em anos anteriores, deve ser inédito um incêndio atingir o centro de uma cidade da dimensão da cidade do Funchal. Nunca estive numa situação semelhante. Não consigo imaginar o desespero daquelas pessoas. Já passei por um incêndio, há alguns anos, no meu local de trabalho e, apesar de não ter sido muito grave, foi bastante assustador. Não se compara com as situações enfrentadas pelos mais de 1000 deslocados na Madeira ou pelos habitantes das povoações no Norte do país que já foram evacuados. É verdade que as condições atmosféricas têm sido propícias a estes acontecimentos mas os incêndios vão-se repetindo ano após ano. A prevenção continua a falhar. Os proprietários não limpam devidamente os terrenos e ninguém fiscaliza nem penaliza quem não cumpre esta obrigação legal. As próprias autarquias farão a sua parte?! As pessoas que cumprem, e limpam os seus terrenos, podem ser prejudicadas pelo vizinho do lado que nada fez.
O primeiro-ministro veio dizer que a reforma das florestas vai avançar o quanto antes. Como sempre, "casa roubada, trancas à porta." Já vai ser tarde para quem já perdeu tudo o que tinha.
Pr enquanto há a lamentar três mortos na Madeira. Há 2 feridos. Felizmente ainda não morreu nenhum bombeiro como aconteceu no passado. Possivelmente, estarão melhor preparados, quer em material quer em formação. Só que muitos devem estar perto da exaustão, esperemos que continue tudo a correr bem a estes homens e mulheres que tudo fazem para combater este flagelo. O meu obrigada a todos os bombeiros do país.