Eu sei que já passaram mais de 24 horas desde que se soube os resultados eleitorais das eleições legislativas mas este foi o tempo que levei a reagir a tudo o que se passou.
Há muito tempo que não se vivia uma noite eleitoral tão emocionante. Os resultados foram surpreendentes se tivermos em linha de conta as sondagens que povoaram os órgãos de comunicação nos últimos dias.
Nenhuma projecção previu a maioria absoluta conquistada pelo PS. Aliás, tudo indicava que o PSD vinha num percurso de crescimento ao longo das 2 semanas de campanha a ponto de o líder, Rui Rio, ter dito que António Costa tinha que perder com dignidade.
Embora se esperasse que a CDU e o Bloco de Esquerda perdessem deputados, não se esperava tão grande descalabro já que as ditas sondagens colocavam a CDU, o BE, a Iniciativa Liberal e o Chega em disputa pelo 3o lugar. Afinal, o Chega conquistou o 3o lugar conseguindo um grupo parlamentar de 12 deputados. Em relação ao PAN, ao CDS e ao Livre, as sondagens não andaram longe da realidade.
O que me deixou muito triste foi o facto de a CDU ter perdido 2 deputados que são elogiados por todos os quadrantes políticos. Refiro-me a António Filipe, pelo distrito de Santarém, e a João Oliveira, pelo distrito de Évora, que não foram eleitos.
A grande ascensão do Chega deixou-me extremamente preocupada embora, devido à maioria absoluta do PS, isso não signifique grande influência na governação nos próximos 4 anos. Provavelmente o medo de que o PSD tivesse que contar com o Chega para governar pode ter empurrado os eleitores para o voto no PS. Esperemos que o facto de o Chega ter este grupo parlamentar contribua para que as pessoas que optaram por este sentido de voto percebam que este partido faz muito barulho mas tem poucas ideias para o país. No entanto, não me deixa nada sossegada saber que existem quase 400 mil portugueses que optaram pelo voto neste partido.
O aumento de deputados da Iniciativa Liberal também nos deve inquietar. Se se privatizasse tudo aquilo que a IL pretendia, será que a grande maioria dos portugueses teriam uma vida melhor?! Ou isso só traria vantagens para alguns?
Veremos o que é que António Costa faz com a carta branca que lhe puseram nas mãos. Acho que nem ele estava a contar com ela.
Resta-me festejar o facto de se ter registado uma maior participação já que a abstenção desceu.
E, já agora, deixo uma pergunta no ar:
- As empresas de sondagens servem para quê? Serão uma forma encapotada de campanha eleitoral? É que, pensando bem, os resultados influenciam directamente o comportamento dos eleitores, ou mobilizando-os para votar ou aumentando a abstenção consoante as projecções que forem sendo apresentadas.
P.S - O meu voto foi um dos que foi para o lixo já que o partido em que votei não conseguiu eleger nenhum deputado pelo meu distrito.
As eleições do último domingo continuam a dar que falar. A entrada de 3 novos, e pequenos, partidos na Assembleia da República parece ter causado grande surpresa na Comunicação Social. Não sei porquê já que penso que os meios de Comunicação Social contribuiram muito para a eleição de Joacine Katar Moreira (Livre), André Ventura (CHEGA!) e João Cotrim Figueiredo (Iniciativa Liberal). Digo isto na medida em que houve muito mais cobertura televisiva aos pequenos partidos do que era habitual.
Dizia eu que os meios de Comunicação Social ficou tão surpreendida que, nos últimos dias, até foram descobrir aonde é que estes partidos tinham tido maior percentagem de votos.
Por exemplo, foi no concelho do Alvito, no Alentejo, que o CHEGA! teve maior percentagem de votos e a TVI foi até lá. Entrevistaram várias pessoas mas o que mais me incomodou foi um senhor que disse:
"Votei no Chega! por duas particularidades: uma é porque o André Ventura é do Benfica, essa é a primeira, e a segunda é porque ele é contra os ciganos, e eu ganho uma miséria e os ciganos é um disparate”, sublinhou José Valério, da mesma terra alentejana."
O que me choca não é ele ter votado no CHEGA! por causa dos ciganos, o que me choca é ele ter votado neste partido porque o seu líder é do Benfica.
Mas as preferências clubísticas são lá motivo para se decidir o sentido de voto? Mas está tudo louco? Eu também sou do mas nunca votaria no André Ventura. Aliás, até me sinto envergonhada por ser do mesmo clube deste personagem .
Este será o aspecto da Assembleia da República nos próximos 4 anos
O Parlamento está mais colorido, mais diversificado, mais plural. Mesmo que tenhamos que aceitar a entrada de um partido de extrema-direita como o Chega com o deputado André Ventura. É a democracia a actuar.
Ainda não vi nada sobre isso mas a minha percepção é que haverá mais mulheres no hemiciclo. Não tive tempo de procurar números concretos mas acredito que não devo andar longe da verdade.
Três dos partidos mais tradicionais perderam deputados, o PSD, o CDS e a CDU. Poderá ser sinal de que as pessoas não se revêem nos seus discursos. Talvez fosse melhor renovarem as suas ideias sobre o país.
O PAN saiu reforçado o que pode ser problemático já que é um partido um pouco fundamentalista nalguns aspectos.
A abstenção continua a ser elevada mas, desta vez, votaram mais eleitores devido à maior facilidade no voto antecipado e no recenseamento automático dos portugueses que vivem no estrangeiro.
Hoje haverá portugueses que não estarão satisfeitos com os resultados e que continuarão a reclamar nas redes sociais. Será que todos esses expressaram a sua opinião através do voto?!
Extremamente grata por todos aqueles que lutaram para que todos tivessemos, hoje, a possibilidade de votar e ter, assim, uma palavra a dizer sobre o futuro de nosso país.
Já entrámos na última semana de campanha eleitoral para as Legislativas de 2019. Saem sondagens todos os dias o que não me parece uma coisa boa. "Afinal, se já está tudo decidido para que é que vou votar?" pensarão os eleitores com menos vontade de irem até às urnas. Mas não é verdade. Só no domingo é que tudo estará decidido e todos os votos contam. Eu percebo que a imagem que os nossos políticos têm dado nos últimos dias não ajuda a que as pessoas confiem neles.
A campanha do PS vai ficar irremediavelmente marcada pelo caso Tancos, infelizmente. Mas também pelas incoerências de Rui Rio que tão depressa diz que não se pode julgar em praça pública como acaba ele próprio por julgar.
Mas há muitas outras opções para além dos grandes partidos ou dos partidos que já tem assento parlamentar. Há pequenos partidos que também poderão ter uma palavra a dizer na futura constituição do parlamento. Porque o que se escolhe não é o futuro Primeiro-Ministro mas sim os deputados que estarão no parlamento português nos próximos 4 anos.
Por isso vamos aproveitar esta última semana para investigar quem se candidata, em cada partido, no distrito onde votamos. E, para tentar perceber qual é o programa de cada partido para a próxima legislatura. Ou pelo menos, uma versão resumida porque só o PAN tem mais de 1000 medidas no programa .
Melhor frase da campanha: "Não me estique o dedinho" António Costa para Assunção Cristas no debate a 6 na RTP1.
Ontem vi o programa "Gente que não sabe estar". Ricardo Araújo Pereira dá a cara pelo programa mas conta com uma excelente equipa de argumentistas o que contribuí para um programa divertido mesmo falando sobre política. Ontem foi entrevistada pelo RAP, Joacine Katar Moreira, cabeça de lista por Lisboa do partido Livre. Este é um pequeno partido que não tem, ainda, assento parlamentar. Joacine é uma investigadora na área da História. Ou seja, é uma intelectual, uma cabeça pensante. Joacine tem todas as características para ser olhada de lado na política, é mulher, é negra e gagueja... muito. Na verdade é uma pessoa muito inteligente o que foi notório na entrevista com o RAP. E, se há coisa que precisamos, é de pessoas inteligentes na política. A frase com que Joacine começou é o melhor exemplo disso. RAP abordou o seu problema de gaguez e a resposta da historiadora foi
"Eu gaguejo quando falo mas não gaguejo quando penso. O que, efectivamente, é um risco enorme na assembleia são os indivíduos que estão lá e gaguejam quando pensam."
Depois de uma série de debates mornos, o debate entre António Costa e Rui Rio foi bastante aceso e animado. A maioria dos comentadores consideraram que Rui Rio esteve melhor no debate. Na verdade, o líder do PSD tinha que se esforçar mais já que tem andado sempre atrás de Costa nas sondagens para além da oposição interna que tem enfrentado. António Costa não me pareceu tão combativo. Será que ele pensa que isto já está ganho e que não tem que se esforçar? Vamos ver se o debate tem algum impacto nas próximas sondagens.
Mas o que é importante é que, no dia 6 de Outubro, os portugueses levantem os glúteos do sofá e vão votar. Seja num destes partidos, seja em qualquer outro porque o que se escolhe nas eleições legislativas é a constituição do Parlamento. O nosso voto é preponderante para determinar se o partido vencedor terá maioria absoluta (sempre perigoso, no meu entender), maioria relativa ou se, não dominando a maioria parlamentar, terá que fazer acordos com outros partidos para governar. A democracia dá-nos oportunidade de escolha. Sim, a abstenção também é uma escolha mas é uma opção que põe as decisões nas mãos dos outros. Vais deixar que decidam por ti?!
Dirigi-me à escola onde funcionam as mesas de voto da minha freguesia pelas 11h. O trânsito estava caótico. Muitos eleitores também, como eu, se dirigiam às urnas. Quando cheguei à minha mesa de voto havia fila. Nunca tal me tinha acontecido. Só consegui votar 15 minutos depois. Todas as mesas próximas da minha tinham várias pessoas à espera. Fiquei muito feliz por ver tanta gente por ali. É bom sinal. Tenho sempre esperança que a abstenção diminua. Eu faço a minha parte, tento convencer as pessoas que me são próximas a irem votar. Nem sempre consigo. Tenho dúvidas que outro método eleitoral, como ovoto electrónico, resolvesse o problema. Quem tiver mesmo vontade de votar, faz tudo para cumprir o seu dever. Ainda têm tempo, faltam 3h. Aqui, a sul do Tejo, a meteorologia parece estar a ajudar.
Faltam 2 horas para terminar a campanha eleitoral. Nos últimos anos, os portugueses estão cada vez mais desencantados com a política e os seus actores. Cada eleição que se realiza em Portugal, há sempre uma nítida vencedora, a abstenção. Eu percebo o desencanto, as pessoas sentem-se enganadas pelos políticos, seja qual for a sua cor. Só não percebo como é que as pessoas podem desperdiçar a única hipótese que têm de intervenção no futuro de todos. O nosso voto pode parece uma insignificância mas, para a maioria de nós, é a única coisa que podemos fazer para ajudar a construir um país melhor, o país que sonhamos. Nos 23 anos que levo como eleitora (19 eleições, 3 referendos, 1 eleição intercalar para a Assembleia de Freguesia) só falhei 2 vezes; uma vez estava com febre e não conseguia mesmo sair de casa, a outra vez não fui votar pelo mesmo motivo que maioria dos absentencionistas, simplesmente não me apeteceu. Se for comparar com as pessoas da minha geração e das gerações mais novas, até acho que a minha perfomance como eleitora até é muito boa. Não fico bem com a minha consciência se não for votar. Se deixarmos de usufruir dos nossos direitos, quem garante que não os vamos perder?! Possivelmente esta minha consciencialização de que votar é determinante para o meu futuro, nasceu na minha infância. Nessa altura, o domingo de eleições era um dia diferente. O meu pai saía muito cedo e chegava muito tarde porque era, sempre, elemento das mesas de voto. Depois do almoço era a altura preferida da minha mãe para ir votar e eu ia sempre com ela. A minha mãe vota sempre na mesa n° 1 porque o meu pai foi das primeiras pessoas a recensear-se lá na terra e fez uma grande campanha de recenceamento na nossa rua. Eu achava muita piada por ir às eleições. Quando o dever da minha mãe estava cumprido, dávamos um passeio pela vila que tinha que passar pela mesa onde o meu pai estava para lhe dar um beijinho. Domingo de eleições era, para mim, domingo de festa. O exemplo dos meus pais incutiu-me, de tal maneira, este sentido de dever que, às vezes, me leva a fazer uns quantos quilómetros para não faltar à festa das eleições.
Dia 5 é dia de eleições. Não te esqueças de ir votar. Portugal espera o teu voto.