Padrão ao chão
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Já não é a primeira vez que este assunto vem à baila. Até já o mencionei aqui. Voltou a surgir uma polémica que envolve derrubar monumentos. Desta feita, o Padrão dos Descobrimentos. O deputado socialista Ascenso Simões escreveu um artigo de opinião onde designa o monumento que existe em Belém de mamarracho e sugere-se que seja derrubado porque, tal como os florões da Praça do Império, diz ele que:
"não têm qualquer sentido no tempo de hoje por não serem elemento arquitetónico relevante, por não caberem na construção de uma cidade que se quer inovadora e aberta a todas as sociedades e origens"
Alega o deputado que, como o monumento foi construído durante o Estado Novo, prova que o "salazarismo não morreu".
Ora vamos lá a ver. Se desaparecerem todas os monumentos/provas da existência do Estado Novo, da Guerra Colonial, dos Descobrimentos e consequente erros que os portugueses terão cometido ou do papel de Portugal na escravatura, qual será a consequência? Alguém acredita que se a simbologia do colonialismo desaparecer, o racismo desaparecerá por magia? O fascismo e a extrema-direita vão desaparecer se se apagar o Estado Novo da nossa História?
Não será melhor manter toda esta simbologia e contextualizá-la? Não adianta querer apagar a História. Só podemos alterar o futuro. Temos o poder de construir um futuro melhor mas nunca teremos o poder de apagar o passado. E nem acho que se deva fazê-lo. Já repeti isto muitas vezes, é preciso conhecer o passado, perceber aquilo que se poderia ter feito diferente para que os erros da humanidade, seja a deste retângulo ou do resto do mundo não se voltem a repetir.
E até nem desgosto do Padrão dos Descobrimentos.
E já pensaram o que seria se, depois da Revolução dos Cravos, em vez de se ter mudado o nome de Ponte Salazar para Ponte 25 de Abril, alguém se tivesse lembrado de a derrubar? Afinal, também é um símbolo do salazarismo.
P.S. - Espero que o senhor deputado Ascenso Simões tenha falado de derrubar o Padrão dos Descobrimentos em sentido figurado.