Tal como é habitual nesta altura do ano, estou de férias. No tempo pré- pandemia, férias significava viagens para outras paragens. Não entro num avião desde Dezembro de 2019. Confesso que tenho saudades mas é importante encontrar outras formas de ser feliz. Felizmente, tenho tido oportunidade de utilizar uma pequena e encantadora casinha no Algarve, na zona de Castro Marim, nas férias. Ou seja, nos últimos tempos, este período tem sido uma oportunidade para namorar, ler, fazer caminhadas, aproveitar a pequena piscina e, sobretudo, descansar. E tudo isto sabe muito bem.
A água costuma ser um dos elementos presentes na paisagem daquela zona. O mar fica a cerca de 30 km da casa mas há o Rio Guadiana, ribeiras, pequenas praias fluviais, e a Barragem de Odeleite, uma das que abastece o sotavento algarvio de água potável. Este ano foi muito preocupante ver como estes cursos e reservatórios de água estavam, na sua maioria, com muito pouca água. É impossível não temer pelo futuro.
Embora tenhamos passado grande parte do tempo na aldeia onde estávamos alojados, fomos tomar café à beira do Rio Guadiana e fomos também passear a Monte Gordo que estava repleto de pessoas. Não é o meu lugar preferido mas descobri uma simpática geladaria gerida por italianos, Mi Ami Gelato Italiano Artigianale.
No dia de aniversário do A. fomos a Espanha, à praia de Matalacañas, no Parque Nacional de Doñana. Quando chegámos dava para estar à vontade mas, a partir de certa altura, quase não há espaço para nos mexermos. No entanto, a água é quentinha e é giro observar os hábitos balneares dos espanhóis. Já lá tinhamos ido mais vezes mas só este ano é que reparei que, na praia, em vez de se venderem bolas-de-berlim, como deste lado da fronteira, vendem-se camarões e cerveja . De tal maneira que até comemos camarões como entrada ao almoço.
Estes dias foram muito bem passados mas já terminaram. Agora vamos aproveitar uns dias na casa da aldeia da família do A.. A horta precisa de atenção e tenho que dar uns retoques na pintura porque, há uns meses, houve um pequeno incidente durante umas obras na casa dos vizinhos durante o qual se danificou uma das barras que pintámos no ano passado.
Os que empunharam a pá do forno contra os invasores espanhóis
Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota
Ou os que conceberam a regra do quadrado como melhor defesa contra um exército mais numeroso
E ainda os que deram novos mundos ao mundo a bordo das caravelas
Alguns dos nossos heróis jogaram futebol
Eusébio no jogo da vitória contra a Coreia no Mundial de 1966
Mas foram heróis improváveis
Éder e o golo da vitória sobre a França
Portugal, Campeão Europeu de Futebol em 2016
Nas últimas semanas, no Giro d' Italia, forjaram-se 2 novos heróis, vestidos de licra e a pedalar. Etapa a etapa chamaram a atenção do país para o ciclismo. Como eu ouvi num dos blocos noticiosos, Portugal sempre foi um país apreciador de ciclismo mas essa paixão estava adormecida. A prestação destes novos heróis despertou essa paixão e pôs o país a falar deste desporto.
João Almeida
Este jovem de 22 anos levou a camisola rosa durante 13 etapas, um feito inédito para um português. Só foi derrotado pela etapa rainha do Giro d' Italia, a subida ao Stelvio, uma montanha de 2758 m. Terminou a prova com um honroso 4o lugar. Encheu a sua terra, À-dos-Francos, e o país de orgulho.
Ruben Guerreiro
Ruben Guerreiro ganhou a nona etapa e acabou o Giro com a camisola azul, símbolo da melhor classificação da montanha. Foi a primeira vez que um ciclista português alcançou este feito numa grande Volta (Itália, França ou Espanha).
Estes 2 jovens escreveram uma página dourada do desporto português e provaram que Portugal é muito mais do que futebol. É provável que voltemos a ouvir falar deles.
A minha profissão dá-me muito prazer mas há sempre momentos bons, inspiradores mas também há situações que nos deixam de coração apertado.
Ontem atendi um senhor relativamente novo, na casa dos 30/40 anos. A receita tinha medicamentos relacionados com colesterol elevado, hipertensão e anticoagulantes (para prevenção de AVC e enfartes).
Processei a receita com os medicamentos genéricos que tinha disponíveis os quais apresentavam um preço médio. Quando lhe disse o valor, o utente disse-me que não tinha dinheiro suficiente porque tinha ido pedir ajuda à Segurança Social e eles tinham-lhe dado o valor correspondente ao preço que aparecia na receita.
Muitas vezes o valor que aparece na receita como sendo o valor máximo a pagar diz respeito a genéricos que estão esgotados ou muito difíceis de arranjar.
Fiz várias tentativas dentro do stock que tinha disponível mas não conseguia arranjar uma solução. Acabei por ter que pesquisar nos armazenistas e lá consegui uma solução.
Mas não foi o trabalho e o tempo dispendido que me incomodou. Foi o olhar daquele homem por cima da máscara. Tão triste, tão humilde. Fiquei tão incomodada por ele se ter humilhado ao ponto de me ter dado a informação quanto à proveniência do dinheiro. Que historia de vida estará por trás daquele olhar?
É tão aflitivo perceber que as pessoas não têm dinheiro para o que é essencial. E isto ainda é só o princípio do período de crise económica que nos espera. Quantos de nós, portugueses, estarão já no limiar da pobreza?
A música que trago hoje já tem quase 10 anos mas ganhou uma nova vida e um novo significado. Já a tinha ouvido num anúncio e tinha-a achado bonita. Só na semana passada é que percebi que era dos UHF e que não tinha sido feita de propósito para a situação actual
No Inverno de 2012, fiz uma viagem "Vá para fora, cá dentro". O A. tem uma amiga que tem uma casa na zona da Serra da Estrela e nós fomos até à Beira Interior. Foi muito agradável já percorremos alguns dos recantos mais bonitos do interior do país. A imagem que publico hoje foi captada nesses dias mas eu não tenho bem a certeza da sua localização. Tenho ideia que esta Árvore de Natal estava em Belmonte mas não tenho a certeza absoluta.
Desde há 5 anos que festejo o meu aniversário com uma viagem em modo "vá para fora cá dentro". Foi assim que descobri a zona de centro de Portugal, essa zona tristemente conhecida pela tragédia do incêndio de 17 de Junho de 2017 e pelas suspeitas de corrupção na reconstrução das casas destruídas. No fim-de-semana que passou voltei a essa zona. Desta feita passei pelo concelho de Proença-a-Nova, por Oleiros e acabei a almoçar na aldeia de Mosteiro, concelho de Pedrógão Grande. Como já disse aqui e aqui, a verdadeira solidariedade para com estas populações é visitá-las, passar lá bons momentos, em suma, fazer circular a economia.
As temperaturas não estavam convidativas a um mergulho nas frias frescas águas das praias fluviais mas vimos bonitas paisagens e descansámos. Infelizmente os sinais dos incêndios ainda são visíveis mas ainda há encostas de um verde impossível de reproduzir.
No sábado estivemos na Praia Fluvial da Fróia e na Praia Fluvial do Alvito da Beira, ambas no Concelho de Proença-a-Nova. Almoçamos em Oleiros e depois fomos até ao Alojamento Turístico de São Torcato Moradal. Como o nome indica, localiza-se na aldeia de São Torcato na Serra do Moradal, concelho de Oleiros.
Depois de descansámos um pouco e aproveitámos a piscina. Não sei de onde vinha mas a zona da piscina tinha um agradável aroma a fruta madura.
No domingo, depois de um agradável pequeno-almoço, de um passeio pela aldeia de São Torcato e depois de conversarmos com a actual proprietária do alojamento, fomos à procura da Cascata da Fraga da Água d' Alta. Foi uma aventura porque a cascata não está muito bem assinalada. Tem uma placa na estrada mas depois não tem mais indicações. Chega-se a 2 caminhos possíveis, um para a direita e outro para a esquerda. Escolhemos, precisamente, o caminho errado e foi um sarilho para a encontrar. Mas valeu a pena
Estava a chegar a hora de regressarmos à realidade. Ainda era preciso almoçar. Eu gostava de ter ido almoçar ao Restaurante Lago Verde na Barragem do Cabril, em Pedrógão Grande. Quando chegámos, estava a abarrotar o que foi uma grande desilusão . Acabámos por voltar a uma aldeia onde já tínhamos ido em 2014, Mosteiro e comemos um belo cozido à portuguesa muito bem regado. O dia estava cinzento e o cozido à portuguesa soube mesmo bem. É claro que tivemos que ir "dormir a sesta" para a Praia Fluvial de Mosteiro. Afinal não há mal nenhum em voltar a um sítio onde já fomos felizes...
Por acaso, a imagem com mais "gostos" da semana foi a publicação que se refere ao meu aniversário mas como já é antiga, resolvi dar aqui destaque a outra foto.
Praia Fluvial da Fróia
Esta imagem foi captada ontem na primeira paragem da minha viagem de aniversário, uma "tradição" que iniciei, por iniciativa do A., no ano em que entrei nos "entas". A Praia Fluvial da Fróia fica próxima da vila de Sobreira Formosa, no Concelho de Proença-a-Nova. O espaço é muito bonito mas não experimentei a frescura da água .
De tempos a tempos, o prédio Coutinho em Viana do Castelo aparece nos noticiários.
A história deste edifício começou nos anos 70 e é conhecido por prédio Coutinho porque foi construído por Fernando Coutinho que na altura era emigrante no Zaire. Ao que parece a construção respeitou a volumetria estabelecida pelo concurso público mas nunca foi consensual. O que se compreende pela observação da imagem. O edifício é, sem dúvida, um mamarracho e que não se enquadra no centro histórico da cidade. Está para ser demolido desde o início deste século. A Câmara Municipal de Viana do Castelo pretende requalificar a zona e construir o novo Mercado Municipal da cidade. Em 2005 foi publicado em Diário da República , "a declaração de utilidade pública da expropriação do prédio." Nunca houve acordo entre os proprietários, o Governo e a autarquia sobre a expropriação. Os proprietários têm tentado impedir a demolição através de providências cautelares.
Actualmente, a situação está a chegar a um duro impasse. O prédio Coutinho já chegou a ter 300 moradores mas só restam 11. A maioria dos moradores aceitaram os acordos propostos embora haja fracções que tenham sido adquiridas através de processos litigiosos.
As 11 pessoas que continuam no prédio por não aceitarem as indemnizações propostas e não quererem ficarem sem as suas casas. A entidade que detém a propriedade legal do edifício, a VianaPólis, mandou cortar a água, a luz e o gás. Mandou colocar grades e seguranças à porta de modo a que ninguém possa entrar no prédio. As pessoas que restam serão todas idosas. Os familiares não podem ir vê-las nem podem fazer entrar comida ou outros bens no prédio. O filho de um dos moradores tentou fazer chegar comida ao pai através de 1 saco e de 1 corda.
Será lícito fazer isto com as pessoas?! Pode-se tratar assim pessoas, maioritariamente, idosas num estado de direito?
A situação destas pessoas choca-me muito. Compreendo que o prédio nunca deveria ter sido construído mas não sei se é justo tirar as casas às pessoas sem lhes dar o justo valor.
Temo que isto tudo ainda vá dar origem a uma tragédia.
A Madonna, que agora também é um bocadinho nossa, acaba de lançar o seu novo álbum. Segundo a artista, a sua estadia em Portugal serviu-lhe de inspiração. Como já disse no outro blogue, eu não dou por nada mas a diva lá saberá. Por isso hoje a música que vos trago é do seu novíssimo álbum, Madame X. Estejam atentos ao vídeo já que, aqui sim, se podem reconhecer imagens de Portugal. E já agora, estejam atentos à letra também. A mensagem é poderosa.