A minha relação com Fátima
Nos últimos dias é impossível fugir do tema "Centenário das Aparições de Fátima". Nunca estive em Fátima em dias de grandes peregrinações nem nunca fui até lá a pé. No entanto, o Santuário de Fátima teve um papel fundamental na minha vida. No início dos anos 90, fui convidada a participar num encontro nacional de jovens em Fátima. A dor pela perda do meu pai estava ainda muito fresca e eu era uma jovem revoltada. Nesses dias, em Fátima e rodeada de jovens da minha idade, descobri a existência de Deus e essa descoberta transformou a minha vida. Muitos dos momentos felizes (e também alguns momentos tristes) que vivi durante cerca de 17 anos derivaram das emoções que senti nesses instantes. A partir daí aderi à fé católica juntando-me ao Grupo de Jovens da minha paróquia e começando a participar na Eucaristia. Foi assim que comecei a aceitar a morte do meu pai e foram essas vivências que me tornaram na pessoa que sou hoje.
Depois desse encontro nacional, voltei várias vezes a Fátima quer no âmbito dos encontros de jovens quer, mais velha, em encontros de grupos bíblicos. Depois do deslumbramento inicial com o Santuário, comecei a sentir-me incomodada com alguns pormenores. O comércio, o exagero das velas que se lançam para o tocheiro, as multidões que se juntam por vezes, tudo isso faz demasiado ruído e interfere no ambiente de recolhimento que se deveria viver naquele lugar. A memória mais grata que tenho é de uma vez em que, com algumas amigas, fui à noite à Capelinha. Penso que foi na Primavera e tenho a certeza que estava frio mas foi quando me senti mais próxima de Deus e de Maria.
Nunca poderei ter a certeza científica de que Deus existe, de que Maria existe e que apareceu a três crianças na Cova da Iria. Só posso dizer que, para mim, aquele lugar é especial e que já senti a presença de Deus na minha vida. E ainda sinto mesmo depois de me ter afastado da Igreja.