O sarampo está de volta
Esta recente epidemia de sarampo em Portugal deixa-me triste e revoltada. Triste porque Portugal tem sido apontado como um dos países com melhor cobertura vacinal da Europa. Aliás a doença foi considerada erradicada em Portugal no ano passado. Pensava, na minha boa fé, que esta moda de não vacinar as crianças ainda não tinha chegado cá. Sempre achei que os pais portugueses eram mais inteligentes. Até já tinha abordado este tema a propósito dos EUA. Revoltada porque, tendo em conta que há uma vacina eficaz e segura disponível há tantos anos, não há justificação para estarmos a viver esta situação. Felizmente não são muitos casos mas um deles é muito grave. Uma jovem de 16 anos que foi transferida para o Hospital Dona Estefânia apresenta o caso mais complicado.
O sarampo é muito contagioso e pode, em último caso, levar à morte. Ao contrário, a vacina não apresenta risco apreciável. Sinceramente, tendo em conta que há cobertura vacinal de 95%, quantas crianças tiveram problemas de saúde devidos à vacinação? Não me venham com as teorias da conspiração de que tudo isto é inventado pela indústria farmacêutica! Nem com a “alegada” relação entre o autismo e a vacinação. Se houvesse alguma relação quantas crianças autistas haveria em Portugal?! Tenho muito respeito pelo sofrimento das famílias que têm uma criança autista mas haverão outras razões. Alguém, no seu juízo perfeito, quer voltar ao tempo em que não haviam vacinas nem antibióticos? Em que a mortalidade infantil era elevadíssima?
Não sou grande fã de Francisco George, director geral de saúde, mas, desta vez, concordo inteiramente quando ele diz que se deve reflectir sobre o que é que se sobrepõe, o direito de os pais recusarem a vacinação ou o dever de salvaguardar a saúde dos seus filhos (e das outras crianças com que aqueles contactam). Será que há coragem política para tornar a vacinação obrigatória?! Para mim, a liberdade dos pais termina onde começa a liberdade dos filhos.