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O Voo da Garça

Sonhos, desejos, opiniões, instantes da vida diária...

O Voo da Garça

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01
Jul19

Diário da Gratidão #180

Charneca em flor

Hoje o meu sogro fazia anos. Infelizmente já não está entre nós. Sinto muito a sua falta. Quando ele era vivo e tinha saúde, eu era uma princesa. Ele nunca me deixava ajudar. Tinha brio em fazer tudo sozinho. Era viúvo e foi aprendendo a cuidar da casa sozinho. Sinto falta das nossas conversas sobre o Benfica e sobre outras coisas que nem falava com o filho. Havia uma grande empatia entre nós desde o primeiro momento em que nos conhecemos.  Não sei se era isso que ele sentia mas gosto de acreditar que me via como a filha que nunca teve. Tenho muitas saudades dele mas sou imensamente grata por ele ter feito parte da minha vida. 

17
Jan19

Para a minha avó Maria

Charneca em flor

Olá avó 

De todos os dias que podias escolher para nos deixares, escolheste o dia 17 de Janeiro. Há 10 anos partiste no dia de aniversário da tua filha, a minha mãe. Libertá-la da dor de te ver sofrer foi o presente que encontraste. Eu comprando, acredita, avó, eu compreendo mas tenho tantas saudades tuas. Sei que assim é a lei da vida mas sempre tive a secreta esperança de que fosses eterna. Todos os abraços, beijos, gargalhadas ou lágrimas que partilhámos, ao longo de quase 35 anos, estão guardados no meu coração. Tive a imensa responsabilidade de ser a tua única neta apesar de teres tido 3 filhos. Espero ter correspondido às tuas expectativas. Tu foste a melhor avó do mundo. Afinal, foste a única que conheci . Os últimos meses da tua vida foram muito duros mas eu preferia ter continuado a cuidar de ti só para poder ver outra vez os teus maravilhosos olhos azuis. 

Tenho tanta pena de não ter aproveitado melhor os momentos que passámos juntas. Podias ter-me ensinado os teus segredos, a sopa de cação, as filhozes, as azevias, o bolo de mel. Achei sempre que havia tempo mas um dia o tempo chega ao fim.

Vela por mim aí no céu. Espero que tenhas encontrado o teu genro, que amavas como um filho. Imagino-vos juntos a olharem por mim.

Beijinhos

A tua neta preferida .

 

09
Out18

Olá, Pai

Charneca em flor

FB_IMG_1538944603540.jpg

Hoje faz 30 anos que partiste. Lembro-me com nitidez de todos os pormenores daquele momento em que recebi a notícia que mudou a minha adolescência e a minha vida. Tinhas partido para sempre e contigo levaste parte do meu coração. O vazio e a dor, esses ficaram para sempre. A tua morte foi a bitola pela qual medi todas as dores destes 30 anos. Nenhuma foi mais intensa que a dor de te ter perdido. Podem ter andado muito perto mas nenhum dos meus momentos negros foi mais intenso do que aquele em que percebi que tu nunca mais ias voltar. Durante muito tempo, deitada na minha cama, julguei ouvir-te a subir a escada e a abrir a porta da nossa casa. É sempre cedo para perder o pai ou a mãe mas perder-te com 14 anos... foi duro demais.

No entanto, tu estiveste sempre comigo, pai. Em todos os momentos, alegres ou tristes, senti a tua presença, festejando comigo as minhas conquistas e consolando-me nas minhas derrotas.

Às vezes penso: E se tu não tivesses morrido? Se estivesses só a dormir e acordasses agora passados todos estes anos? Será que terias orgulho em mim? No caminho que percorri? Na mulher em que me tornei? Sabes, Pai, sei que muitas das minhas escolhas não foram as que tu sonhaste para mim mas eu tinha que encontrar o meu lugar no mundo. E encontrei. Gosto muito do que faço e sou feliz na profissão que escolhi. Sei, que muitas vezes, faço a diferença na vida das pessoas e isso é que importa.

Olha, Pai, quero que saibas que nunca te esqueci mas, apesar das muitas saudades, tenho tentado ser feliz como sei que tu gostarias que fosse. Com altos e baixos, posso dizer que tenho conseguido. Quando te perdi, caí no fundo e, durante a maior parte da minha adolescência, fui uma jovem revoltada e pensei: "porque é que isto me aconteceu?". Felizmente encontrei pessoas no meu caminho que me ajudaram a ultrapassar essa revolta. Nessa fraqueza, encontrei as forças que precisava. Por mais que a vida se complique, é muito difícil derrubar-me porque eu aprendi a reerguer-me, aconteça o que acontecer. 

Nesse longínquo dia 9 de Outubro de 1988 pensei que o meu sorriso se tinha apagado para sempre mas um dia voltei a sorrir. Hoje a dor transformou-se e já sou capaz de me sentir feliz pelos bons momentos que tive o privilégio de viver contigo. No entanto, a ausência continua a pesar toneladas.

Espero que aí no céu haja boa cobertura de wifi para tu poderes ler esta minha carta. Aguardo a resposta na volta do correio.

Tenho muitas, muitas, muitas saudades.

Beijinhos

A tua filha que nunca deixou de te amar.

25
Abr18

25 de Abril, sempre

Charneca em flor

O SapoBlogs propõe, neste dia, posts sobre o 25 de Abril. Há 2 anos escrevi este post dedicado ao meu pai em que lembrava como este dia era celebrado enquanto ele foi vivo. Nos últimos anos já não participo em desfiles mas, sempre que possível, assisto aos concertos que algumas autarquias oferecem na véspera e que entram pela "madrugada que eu esperava". A data continua a não passar em branco.

Militares-com-cravos-encarnados.jpg

 

Gosto de ouvir a minha mãe contar os pormenores daquela manhã em que Portugal acordou para a democracia. Como o meu pai saiu para trabalhar e não o deixaram porque tinha que passar por uma das estradas por onde passaram os tanques a caminho de Lisboa. Como a minha mãe ficou nervosa e sobressaltada e passou grande parte do dia à janela para ver se via alguma coisa. Ou como o meu pai não parou em casa já que andava pelas ruas da nossa terra a perceber o que se passava e depois a festejar, imagino. 

Não vivi nada disso, estava na barriga da minha mãe e nasci 2 meses e meio depois, mas posso vivê-lo na minha imagem.

Não me lembro mas não me esqueço dos valores da liberdade que aprendi com o meu pai. 

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