O bullying incendiou as redes sociais
Outra vez
Desde há 2 dias que as redes sociais e os órgãos de comunicação social divulgam um video onde se percebe uma situação de bullying.
Um grupo de adolescentes regressa a casa a pé junto a uma estrada com algum movimento. A cena começa com uma adolescente a dar um murro no ombro de um rapaz. No início até parece uma brincadeira só que o jovem agredido começa a tentar afastar-se do grupo. A miúda, instigada pelo grupo começa a andar mais depressa para o apanhar. Os miúdos atravessam a estrada, uma primeira vez, sem incidentes e a cena continua. Ouve-se alguém dizer: "ele está a chorar". Uma única pessoa diz: "parem com isso". O miúdo, quando está a ser alcançado, foge para a estrada e é atropelado.
Pelo que se sabe, o adolescente está a recuperar. Aos pais só disse que a culpa tinha sido dele porque tinha atravessado sem olhar. Só quando o vídeo surgiu é que se percebeu o que se tinha passado já que, pelo que percebi, os outros miúdos desapareceram do local rapidamente.
O caso está a ser investigado e os pais já apresentaram queixa em tribunal. Como é habitual, as redes sociais incendiaram-se com comentários de ódio e violência contra a agressora e respectivos pais.
Bullying sempre existiu embora não se classificasse assim. Eu própria o sofri na pele. O que não havia era a partilha, quase imediata, destas cenas. Por um lado, ainda bem que estas situações vêm a público. É uma forma de acordar as consciências. Toda a sociedade, pais, professores, autoridades, governo e pessoas em geral, deveriam reflectir sobre que mundo estamos a construir. O que é que leva a que os jovens tenham necessidade de utilizar a violência como forma de afirmação? Já não estamos nos anos 80 quando eu, a "nerd" da turma, era agredida, gozada e humilhada por uma colega mais velha. Nesse tempo, éramos instigados a aprender a defendermo-nos. Comigo isso não resultou muito porque foram poucas as vezes em que consegui reagir à estupidez da minha colega.
Todos os jovens intervenientes deveriam ser analisados a nível psicológico e deveriam ter apoio para se chegar à raiz do problema. Serão os videojogos, os filmes, as séries, os youtubers? Será falta de acompanhamento familiar ou no ambiente escolar? E porque há jovens que são tão inseguros que não conseguem enfrentar os outros seja de que fôr?
Para além dos comentários de ódio que já li, também há quem desvalorize e diga que foi uma brincadeira entre miúdos que podia ter acabado muito mal. Para mim, nem a miúda é um monstro nem se trata, apenas, de uma brincadeira. Este caso, bem como outros idênticos, tem que ser valorizado e analisado pelo que é, violência gratuita. Alguma coisa tem que ser feita. Os pais e as escolas terão que trabalhar em conjunto para prevenir a escalada de violência que as interacções entre os adolescentes podem atingir.