Primeiro que tudo, tenho que declarar que sou, sempre fui e sempre serei adepta do Sport Lisboa e Benfica . Até costumo dizer, em tom de brincadeira, "muda-se de marido mas não se muda de clube". Posto isto queria dizer que as imagens que vimos ontem, na Academia de Alcochete, são incompreensíveis e inexplicáveis. Nada justifica aquele tipo de violência, muito menos o 3° lugar no Campeonato. Aquela situação seria sempre condenável fosse em clube fosse. Ter acontecido no eterno rival do meu clube não torna o acto mais aceitável.
Tudo isto deveria servir para reflectirmos todos, adeptos, jogadores, treinadores, árbitros, dirigentes, jornalistas e comentadores. Será que o ódio e a violência no futebol não é, tantas vezes, alimentado pelos intervenientes?! Já não se trata de um desporto. Às vezes até parece que o futebol se transformou numa seita. O que foi aquele ataque senão um acto de terrorismo?! A que extremo chegámos? Que mundo estamos a construir? Quem é o pai ou a mãe que leva os filhos a um jogo de futebol nestas circunstâncias?
Mais um dia negro do futebol português que se junta ao Very Light e ao atropelamento do adepto italiano junto ao Estádio da Luz.
"Não tenho medo", este é o lema de uma marcha contra o terrorismo que decorreu, esta tarde, no centro de Barcelona. A manifestação ocorreu muito perto do local dos recentes atentados. E eu dei por mim a pensar se isso é mesmo verdade. Ou seja, será que eu não tenho mesmo medo? Desde o atentado em Paris em Novembro de 2015 que sempre disse que não podemos deixar o nosso estilo de vida porque isso seria uma vitória para estes radicais. Mas os atentados foram-se repetindo, quase sempre em sítios icónicos das várias cidades europeias atingidas. E estão cada vez mais perto. Será que não é altura de começar a ter medo?!
Não vou fazer um post sobre o incidente/atentado em Londres. Infelizmente, nos países do Médio Oriente, há atentados todos os dias e muito mais graves. Ontem, ao ver as notícias, apercebi-me que, em todos os atentados, há sempre quem tenha o discernimento de pegar no telemóvel e começar a filmar. Em Nice ainda se compreende porque podia haver quem estive a filmar as celebrações do 14 de Julho. Agora nos outros casos faz-me muita confusão. Alguém que não tenta ajudar os feridos nem tenta fugir para se salvar mas começa a filmar. Fico a pensar qual seria a minha reacção se me visse numa situação daquelas. Quase de certeza que não começava a filmar. Acho, até, que nem saberia ligar a câmara do telemóvel.
Eu, olhando o que resta do Muro de Berlim,Dezembro de 2009
Ontem, depois de um esgotante dia de trabalho farmacêutico, ainda me deparo com a notícia do "incidente" no Mercado de Natal de Berlim. Ainda não se tem a certeza se foi mesmo um atentado mas tudo parece indicar nesse sentido. Eu sei que há muitos mais atentados no Médio Oriente do que na Europa mas é impossível não nos sentirmos directamente atingidos quando acontece algo assim num país da UE. Não conheço este Mercado de Natal mas conheço outros em várias cidades da Europa uma vez que costumo fazer viagens entre o Natal e o Ano Novo e muitos mercados mantêm-se em funcionamento depois do Natal. Ainda no ano passado, jantei num mercado deste tipo em Glasgow. Já passeei por muitos mercados, são sítios bonitos, pitorescos, divertidos, com muitas pessoas felizes principalmente crianças. São locais que eu gosto sempre de espreitar. E por mais que eu ache que não devemos deixar vencer pelo medo, e numa altura em que me preparo para mais uma viagem, não deixo de ficar um pouco apreensiva. Penso: "Será que um dia ainda me vou ver metida num incidente destes?!".
Como sempre, estas situações atingem o nosso estilo de vida porque acontecem em sítios festivos, sítios onde nos divertimos, aeroportos onde estamos para uma viagem de lazer ou de trabalho.
E, no meio disto tudo, pessoas de carne, osso e sangue como nós continuam a morrer na Síria ou no Mediterrâneo.
Pelas últimas notícias que vi o atentado, idêntico ao de Bruxelas, já tinha feito 28 mortes confirmadas (algumas fontes já falam em 50 mortos). Mais uma vez, a intenção dos terroristas foi ferir o estilo de vida ocidental, as viagens, o turismo, a livre circulação. O aeroporto de Istambul é considerado um dos mais seguros que existem mas mesmo assim sofreu um atentado. É quase impossível não ficar assustada uma vez que faço algumas viagens de avião. Cada vez mais iremos olhar com desconfiança à nossa volta. Torna-se cada vez mais difícil resistir ao medo e ao terror que estas "pessoas" querem provocar. Ao mesmo tempo chegam-nos relatos de atitudes violentas e xenófobas contra estrangeiros na Grã-Bretanha pós-referendo. Sempre queria ver o que seria de países como a Grã-Bretanha ou a Suíça, que referendou as leis da emigração, se expulsassem todos os imigrantes que lá residem. Na Grã-Bretanha seria o colapso dos serviços de saúde, por exemplo, uma vez que o seu funcionamento depende, em grande parte, do trabalho dos imigrantes. A pergunta que se impõe é: chegou o fim dos tempos? Há alturas em que me parece que já se ouvem as trombetas do Apocalipse. Que mundo este?!