Eu até nem costumo ser uma pessoa muito pessimista. Aliás, nesta situação do coronavírus, acreditei durante muito tempo que nunca chegaríamos a ponto em que estamos. Pensei que isto era uma doença que não chegaria à Europa ou ao resto do mundo da maneira que chegou.
No entanto, estou muito preocupada com o fim do Estado de Emergência e com o início do desconfinamento. Obviamente que a economia não pode estar parada mais tempo mas sinto, pelo que ouço das pessoas, que os portugueses estão convencidos que, a partir de 2a feira, a vida volta ao normal. Não volta. Interiorizem que os cuidados são para manter senão podemos viver uma situação verdadeiramente dramática.
Outra coisa que me tem irritado é esta ideia de que a humanidade vai ficar melhor depois desta experiência surreal. Lamento. Também não vai acontecer. Já se nota o egoísmo vir ao de cima. Reparem bem naquilo que se vai passando à vossa volta.
É uma pena. Eu queria muito que todos nós saíssemos disto melhores pessoas .
Actualmente, a farmácia onde trabalho funciona com 2 turnos. A ideia é salvaguardar o funcionamento da farmácia no caso de algum dos elementos ser contagiado pelo coronavírus. Também tem a grande vantagem de permitir que tenhamos mais algumas horas de descanso. E que falta que faz o descanso. Acontece que eu estou fartinha das pessoas que entram na farmácia. Mas mesmo farta.
Com tanta informação, é impressionante como as pessoas continuam a não se saber comportar perante a situação que vivemos. Senão vejamos:
Continuam a tossir para as mãos
Não respeitam as distâncias, apesar das marcações no chão
Apesar de os expositores estarem "bloqueados" com fitas vermelhas e brancas, continuam a mexer nos produtos expostos
Encostam-se aos balcões obrigando-me a gastar álcool e mais álcool para higienizar a superfície
Pousam telemóveis e carteiras nos balcões o que me leva a gastar mais álcool
Os idosos vão quase todos os dias à farmácia para comprar 1 qualquer caixinha quando deveriam ir só uma vez por semana (ou pedir a alguém) e comprar tudo de uma vez
Querem por querem comprar máscaras - especialmente depois da conferência de imprensa de ontem - mas depois não as sabem usar e passam o tempo a mexer na dita
Não há paciência que aguente.
Há dias em que é muito difícil acreditar que "vai ficar tudo bem".
Mas depois descansa-se, lê-se, cozinha-se, faz-se bolos, ouve-se música e acumula-se energia - e paciência - para voltar ao trabalho.