Tragédia maior em Pedrogão Grande (II)
Igreja de Pedrogão Grande, 05 de Julho de 2014
É impossível não voltar a falar da tragédia que se abateu sobre Portugal no fim-de-semana que passou. É preciso analisar, reflectir, apurar responsabilidades. As pessoas que se viram cercadas de fogo fugiram por instinto de sobrevivência mas infelizmente fugiram em direcção à morte. Os relatos que se ouviram, as imagens dos carros carbonizados só me fizeram lembrar as pessoas que se atiraram das Torres Gémeas em chamas a 11 de Setembro de 2001.
As pessoas revoltam-se e culpam os bombeiros, a Protecção Civil, o Governo. É preciso perceber se se fez tudo o que era possível para que os sobreviventes possam encontrar paz e consolo nos seus corações.
E o que é que cada um de nós pode fazer para ajudar? Quantos de nós são sócios das corporações de bombeiros da nossa zona de residência?! A maioria dos bombeiros portugueses são voluntários. Repito, voluntários. Dão horas das suas vidas para estarem ao serviço dos outros. Arriscam a vida para salvarem outras vidas. Fazem o que podem com os meios e a formação que têm. Será que merecem ser tão criticados como são sempre nestas situações?! Se não foram a todas as aldeias acredito que foi por não terem conseguido, por não serem em número suficiente para chegar a todo o lado. Infelizmente a comunicação social tem mostrado inúmeras situações onde eles não chegaram a tempo. E que tal mostrarem também as situações em que eles conseguiram actuar?!
Uma das histórias tristes que apareceram nas redes sociais foi a de um menino de 4 anos que morreu com o tio na EN 236-1. Ao que parece os pais do menino estavam fora do país em lua-de-mel e deixaram o menino aos cuidados dos padrinhos. O que é que estes pais estarão a sentir? Não posso deixar de imaginar que se devem sentir culpados por terem ido de férias e deixado cá o filho. Pobres pais! Como é que se reage a um acontecimento destes?!
Ao ver as notícias ontem senti, várias vezes, as lágrimas correrem pela cara abaixo. São imagens e relatos que nunca esquecerei tal como não esqueci o incêndio do Chiado, a queda da ponte de Entre-os-Rios, o ataque às Torres Gémeas ou os incêndios da Madeira.