Volta, emigrante
No passado fim de semana, António Costa anunciou uma medida que o PS pretende inscrever no próximo Orçamento de Estado. Será oferecido, entre outros incentivos, um desconto de 50% no IRS para portugueses que tenham emigrado, contra a sua vontade, durante os anos da Troika e que pretendam voltar ao país. Todos nos lembramos de que o anterior Primeiro-Ministro, Passos Coelho, aconselhou os jovens portugueses a sairem da sua zona de conforto e também nos lembramos das imagens no aeroporto quando os jovens se despediam da família em lágrimas.
Ora, à primeira vista, parece uma bonita medida de incentivo ao regresso. Realmente, é uma pena que o país invista na formação dos jovens para depois serem outros países a usufruírem desse conhecimento. No entanto, acho discutível que seja uma medida justa. Consta que chegaram a emigrar 100 mil pessoas por ano. Será que todas elas emigraram por não terem alternativa? Ou emigraram porque o país era pequeno para as suas, legítimas, ambições? Ou porque quiseram "fugir" dos problemas que o país enfrentava? Até compreendo que se queira favorecer o regresso dos que partiram mas será justo para os que ficaram cá, a aguentar o barco, a pagar mais impostos, com ordenados congelados tantos anos?
É preciso reflectir e perceber se esta medida anunciada se justifica porque traz benefícios ao país ou se tem alguma remota relação com as eleições legislativas do próximo ano.